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Cluster aeronáutico de Alverca precisa de sair do papel e captar negócios

Cluster aeronáutico de Alverca precisa de sair do papel e captar negócios

Marco Tulio Pellegrini é o novo presidente da OGMA em ano de centenário

A OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal é uma das seis empresas do mundo da aviação a completar 100 anos de vida. Uma data especial que será assinalada ao longo do ano com diversas iniciativas. O MIRANTE conversou com o novo presidente da empresa para conhecer os seus objectivos de gestão e o que está reservado para os mais de 1.700 trabalhadores da empresa.

O tão falado cluster aeronáutico de Alverca não pode ser apenas uma ideia: precisa de sair do papel e capturar novos negócios que impulsionem a economia regional e nacional. A ideia é defendida pelo novo presidente da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal. Marco Tulio Pellegrini é o novo presidente da companhia desde Abril de 2017 e avisa que o cluster só é importante se o sector aeroespacial continuar a crescer. E nisso, garante, Alverca tem um papel importante.
“O cluster só existe se o sector crescer. Precisa de deixar de ser uma conversa bonita e materializar-se em negócios. É um processo contínuo, o Estado tem de fazer a sua parte, preparando formação e infraestruturas e as entidades privadas ocuparem o seu espaço. Todos os ingredientes estão disponíveis, só temos de aproveitar”, defende a O MIRANTE.
O gestor da empresa garante que a actividade da OGMA “recuperou desde a privatização” mas assegura que ela pode ocupar um lugar mais importante do que aquele que tem hoje. Marco Pellegrini assume como bandeira a luta pela captação de mais negócios na OGMA, incluindo a exclusividade de manutenção de, entre outros aviões, o novo KC-390 da Embraer.
“É fundamental para a OGMA ser competitiva e ganhar esses negócios. Isso traz trabalho para Alverca e obriga a um desenvolvimento contínuo e sustentado da mão de obra especializada. Não apenas na nossa formação interna como também a nível exterior, precisamos que haja uma aposta na formação de técnicos especializados”, refere.
O gestor diz que Alverca precisa de “aproveitar as oportunidades” que lhe são dadas pelo negócio da OGMA, como a permanência no concelho de pilotos e técnicos de outros países. A formação de trabalhadores especializados é a sua maior preocupação. “Actualmente temos resposta mas se precisarmos de crescer vamos precisar de mais técnicos e não podemos ver o nosso crescimento limitado por falta de recursos humanos”, nota.

Um projecto de continuidade
Marco Pellegrini assegura que a sua gestão será de continuidade. “A empresa está a completar 100 anos e está bastante boa, saudável e sólida. Temos planos de crescimento, queremos ocupar mais espaços, melhorar a nossa competitividade, prestar um serviço mais diferenciado e aumentar a satisfação dos nossos clientes. Só assim se assegura o futuro”, defende.
O presidente da OGMA entende que a relação entre a Embraer e o Estado tem caminhado “de forma bastante positiva”, sendo um “casamento perfeito”. Nota que a OGMA é hoje um símbolo nacional que tem o reconhecimento público da comunidade. “Mas temos de continuar a desenvolver e captar mais negócios e riqueza para a sociedade local”, refere.

Aumentos só para quem merece

Questionado sobre se haverá aumentos este ano na empresa, algo reclamado pelos sindicatos no último ano, o líder da OGMA é evasivo, apontando para um programa de remunerações já existente, baseado na meritocracia. “Premiamos a performance e o desempenho. As pessoas têm os seus objectivos, do presidente ao funcionário. Os sindicatos nivelam todos por igual. Não direi que isso é um mau princípio, mas é importante cada um ser avaliado pela sua entrega. As pessoas que mais se esforçam e buscam o seu desenvolvimento são quem tem a remuneração mais diferenciada. Os menos profissionais, com um grau de absentismo maior e certos comportamentos prejudiciais à empresa têm outro rendimento. A compensação tem de estar associada ao desempenho individual”, explica.
Marco Pellegrini garante que os trabalhadores são “o pilar fundamental” da empresa e assegura que serão sempre a sua primeira prioridade. “São os funcionários que elevam a competência de uma empresa. Sem eles não existe nada. Não é uma máquina que fabrica ou repara. São as pessoas que entregam, processam, fazem. Não existe nada mais importante que as equipas de trabalho. Até nas fábricas muito mecanizadas existem pessoas. As melhores experiências de clientes são associadas a melhores prestações de serviços”, explica.

Boa relação com a câmara municipal

Marco Pellegrini já se reuniu com o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita e garante que há um bom relacionamento institucional entre as duas entidades. “Temos uma relação bastante boa, positiva, já tivemos oportunidade de falar da utilização da pista para outras aplicações. No fim de contas o que importa para a sociedade é o emprego e a geração de riqueza. Não conheço nenhum modelo social que não colha o benefício directo do emprego gerado. Para isso o desenvolvimento e a formação de mão de obra qualificada são fundamentais”, refere.

Um gestor que não gosta de perder um negócio

Marco Tulio Pellegrini tem 59 anos e fez a maior parte do seu percurso no Brasil. Está em Portugal desde Abril e vive com a mulher em Sacavém. A filha estudou design e vive em Milão. Marco começou como engenheiro de projectos e manufactura na indústria automobilística, tendo depois passado para o ramo aeroespacial, onde está há 30 anos. Passou por uma companhia aérea brasileira e pela americana Douglas, até entrar na Embraer. Era responsável pela aviação executiva da empresa brasileira até ser desafiado para comandar a OGMA.
Perder um negócio tira-o do sério. Nos tempos livres gosta de estar com a família, praticar desporto e beber um bom vinho português. Confessa-se encantado com o modo de vida português, a sua gastronomia, locais históricos e simpatia dos portugueses. “Já tinha estado em Alverca algumas vezes para ajudar outros presidentes mas nunca pensei que viria viver para cá”, confessa. O risco faz parte do negócio mas isso não o assusta.

Cluster aeronáutico de Alverca precisa de sair do papel e captar negócios

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