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Falta de água é o principal problema do rio Tejo
Foto O MIRANTE - Rio Tejo precisa cumprir a sua função ecológica

Falta de água é o principal problema do rio Tejo

Cientista disse, no II Seminário Transfronteiriço sobre o Desenvolvimento das Comunidades Ribeirinhas do Tejo, que se tem desviado a água para outros usos e tem-se esquecido que o rio precisa de cumprir a sua função ecológica.

O principal problema do rio Tejo está relacionado com a falta de água, afirmou em Vila Velha de Ródão, Bernardo Quintella, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE). “O principal problema do rio Tejo está relacionado com a falta de água. É um facto que as alterações climáticas explicam uma parte da água que acaba por não chegar a Portugal mas também não podemos esquecer o resto: as inúmeras captações para uso doméstico, uso industrial, os próprios transvases que acontecem no troço superior do rio Tejo”, afirmou o cientista.
Bernardo Quintella, que se deslocou a Vila Velha de Ródão para participar no II Seminário Transfronteiriço sobre o Desenvolvimento das Comunidades Ribeirinhas do rio Tejo, reforçou a ideia de que se tem desviado a água do Tejo para outros usos e tem-se esquecido que o rio precisa de cumprir a sua função ecológica.
“Parece que estamos mais preocupados em perceber se temos a água para produzir electricidade e para regar os nossos campos agrícolas, que são coisas essenciais, mas também devemos estar preocupados se temos água suficiente para os peixes migradores subirem o rio para se reproduzirem”, frisou.
Bernardo Quintella disse ainda que a presença de todas as entidades e associações em Vila Velha de Ródão é para evitar a “morte” do rio. “Estamos aqui para que isso não aconteça. Achamos que ainda é possível inverter as coisas. Sabemos como é que é possível resolver alguns desses problemas”, afirmou.
O cientista realçou a necessidade de se saber o que se passa com o rio Tejo. “É preciso monitorizar. é preciso dizer exactamente qual é a quantidade de água que é precisa, não só para abastecimento público, industrial e para produzir energia, mas também para que a lampreia marinha continue a migrar ao longo do rio, para que seja possível pescar algumas das espécies que existem. E isso é possível saber”, concluiu.
Durante a sua intervenção o cientista fez um ponto da situação do rio e disse que, em sua opinião, Espanha está a cumprir os acordos com Portugal sobre o Tejo. “Talvez o acordo tenha sido mal negociado, não só ao nível da quantidade [água], mas também da forma como ela chega [a Portugal]”, afirmou.

Confraria Ibérica do Tejo diz que política de transvases “não é aceitável”

A Confraria Ibérica do Tejo (CIT) defendeu na sexta-feira, 12 de Janeiro, que a políticas de transvases no rio Tejo “não é aceitável” e que os problemas que afectam o rio devem ser encarados como um problema europeu.
“Há necessidade de rever algo que não está bem, por exemplo a política dos transvases, que não é aceitável. O Tejo tal e qual como está nos dois países [Portugal e Espanha] necessita de uma intervenção que vai além das intervenções governamentais ibéricas, porque o Tejo é um rio europeu. Este problema deve ser encarado como um problema europeu”, afirmou João Serrano.
Este responsável da CIT falava à margem do II Seminário Transfronteiriço sobre Desenvolvimento das Comunidades Ribeirinhas do Rio Tejo que decorreu em Vila Velha de Ródão. Apesar dos problemas que afectam o rio, João Serrano mostrou-se optimista mas defendeu que o Tejo necessita de acompanhamento e de atenção para que sejam encontradas formas de, em conjunto, resolver os problemas que o afectam.
“O que está a acontecer hoje aqui em Vila Velha de Ródão revela a vontade de fazer em parceria. Estamos disponíveis para ajudar e colaborar. Temos recolhidas 41 propostas de investimento para três áreas, economia, ambiente e cultura e todas elas são complementares. Estão cá as entidades que podem olhar para estas propostas e dizer que vale a pena”, frisou João Serrano.
O responsável da CIT, entidade organizadora do seminário, explicou ainda que vão apresentar uma carta de intenções para recuperar o rio Tejo, sendo que o documento será levado à Assembleia da República, ao Presidente da República e ao Governo. Vai ser também entregue na embaixada de Espanha em Portugal e ao presidente do Governo espanhol, bem como ao Parlamento Europeu e ao presidente da Comissão Europeia.

Falta de água é o principal problema do rio Tejo

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