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Irmãos João e Emídio Baptista dignificaram a actividade das sucatas com a RSA
João e Emídio ainda vão diariamente à empresa

Irmãos João e Emídio Baptista dignificaram a actividade das sucatas com a RSA

Galardão Carreira Empresarial

João Baptista de 83 anos e Emídio Baptista de 78 anos são administradores da RSA - Reciclagem de Sucatas Abrantina, SA, localizada na Zona Industrial de Abrantes e vão todos os dias à empresa que fundaram com aquele nome há 29 anos, participando de forma activa no seu funcionamento.
São dos primeiros a chegar e os últimos a sair. Passam ali mais tempo do que nas suas casas e todos sabem que, quando estão de regresso de férias, vão primeiro à empresa e só depois seguem para casa.
Apesar de já terem a trabalhar consigo filhos, e até netos, são eles os guardiões dos valores fundamentais em que assenta a RSA e que vêm dos anos cinquenta quando começaram a sua actividade profissional no ramo. Humildade, honestidade, dedicação, persistência, determinação e muito trabalho.
“Estes princípios foram-nos bem ensinados ao longo do nosso crescimento. Eles deram-nos bem testemunho disso”, comenta Delfina Baptista, filha de João Baptista e responsável pelo departamento Financeiro, que assiste à conversa com
O MIRANTE.
Oriundos de uma família de sete irmãos, cinco rapazes e duas raparigas, da aldeia de Vale das Casas, no concelho de Vila de Rei, João Baptista e Emídio Baptista começaram por dirigir a sucursal de Alferrarede da empresa que fundaram com os outros três irmãos (já falecidos), em Sacavém, com a designação de Baptista & Irmãos Ldª.
Na altura, as deslocações e recolhas de sucatas eram feitas de bicicleta e mais tarde num pequeno veículo de transporte. As cargas e descargas eram feitas à mão ou à forquilha e o material era cortado com machados e com marretas de doze quilos.
João Baptista e Emídio Baptista referem que nunca tiveram qualquer acidente pessoal grave apesar de nesse tempo não se usarem os equipamentos de protecção actuais. “Não havia luvas, botas, capacetes, auriculares, coletes reflectores, nem máquinas. Ainda bem que agora há isso tudo. Na altura era tudo manual, carregávamos e descarregávamos cargas de 350 quilos ou mais. Faziamos tudo à força de braços. Barras de doze metros com mais de vinte quilos cada uma. Era eu e mais quatro ou cinco homens. O meu irmão tratava das papeladas”, conta Emídio Baptista que era responsável pelo trabalho no terreno.
A sucursal que geriam ganhou autonomia e a RSA - Reciclagem de Sucatas Abrantina, já é formada com a ajuda da segunda geração da família. Os sucateiros da zona de Olho de Boi, como eram conhecidos, para além de consolidarem e ampliarem o negócio, criaram paralelamente uma empresa de transportes. No conjunto dão emprego a mais de setenta trabalhadores.
Especializada em sucatas metálicas, incluindo veículos em fim de vida, cabos eléctricos e armazenamento temporário de resíduo, a RSA - Reciclagem de Sucatas Abrantina é uma empresa moderna com certificações em termos de Qualidade e de Ambiente, que utiliza os mais avançados equipamentos e processos. No site rsa.com.pt é possível ter acesso detalhado a todas as informações sobre a empresa.
Na vasta zona laboral que ocupa, a empresa recebe sucatas que recicla, transforma e valoriza. Também participa em desmantelamentos. A maior parte da sua produção é destinada ao mercado nacional, com destaque para a siderurgia nacional e as fundições, embora também exporte, nomeadamente para Espanha.
A Reciclagem de Sucatas Abrantina facturou para cima de vinte e um milhões de euros em 2017 mas antes da crise, em 2008, a facturação chegou aos vinte e oito milhões. A empresa ultrapassou a quebra de actividade e os seus responsáveis orgulham-se de não terem dispensado um único trabalhador. A recuperação da economia e o crescimento da metalurgia estão a fazer com que a RSA volte a crescer.
Actualmente um dos maiores problemas da empresa de Abrantes é a contratação de pessoal. “É difícil encontrar pessoas e é ainda mais difícil encontrar as pessoas certas. Pessoas assíduas, pontuais e responsáveis” explica João Baptista.
O irmão Emídio dá exemplos. “Aqui há uns anos queríamos um trabalhador e apareciam dez. Hoje queremos dez e aparecem três. Fazem as entrevistas, vão à medicina no trabalho, assinam os contratos e não aparecem. Telefonam a dizer que lhes apareceu outra coisa ou que vão para o estrangeiro. Pelo que sei isto acontece em todo o lado”.
Valores certos são os membros da família que optam por trabalhar na empresa, com a curiosidade de, até agora, os elementos femininos só poderem trabalhar na área administrativa e financeira. Já lá estão os filhos que optaram por ali trabalhar e começam a chegar os netos. Um dos elementos da terceira geração de Baptistas é André, de 26 anos, neto de Emídio Baptista. O avô elogia-o e, a sorrir, diz esperar que ele “não se estrague”.

Irmãos João e Emídio Baptista dignificaram a actividade das sucatas com a RSA

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