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Iniludível Manuel Serra d’Aire

Ando preocupado com o alheamento das CPCJ em relação ao Carnaval, elas que são sempre tão zelosas na defesa das crianças. Não percebo como deixaram passar mais um Entrudo sem actuarem nos desfiles das escolas onde os putos são obrigados a rapar frio a troco de umas bolachas e de um sumo, para diversão dos adultos que assim têm pretexto para se baldarem ao serviço. Eu olho para aquelas crianças e só me apetece envolvê-las em mantas polares e dar-lhes ponche quente... Aliás, devia ser obrigatória a presença de cães São Bernardo a acompanhar os cortejos, para o que desse e viesse. Não só nesses desfiles mas também nos corsos que se fazem por aí, em que nunca consigo chegar à conclusão se as dançarinas estão a sambar ou se estão apenas a tiritar de frio.
Há instituições que não mexem na sua essência apesar do mundo mudar muito de 15 em 15 dias, como diria um certo parodiante com aspirações a filósofo. Assim de repente lembro-me da Igreja Católica e do PCP, entidades agarradas a princípios fundadores e basilares de que não abdicam, embora de vez em quando tenham um rasgo de abertura, como, no caso da Igreja, o de ter acabado com os churrascos humanos. Um acto que, aliás, hoje seria demasiado perigoso e irresponsável, não fosse o barbecue de hereges propagar-se ao matagal mais próximo e arranjar-se assim mais um incêndio florestal.
Mas já não percebo que a mesma Igreja Católica venha agora aconselhar os católicos recasados (eu diria que será uma boa parte da população portuguesa) a optarem pela abstinência sexual e por uma vida em continência. Não me incluo nesse público-alvo mas se fosse comigo diria ao senhor cardeal-patriarca de Lisboa que continências forçadas só na tropa, quando a mancebagem era obrigada a assentar praça e não havia mulheres nas casernas.
Por outro lado, num país onde há cada vez menos nascimentos, recomendar a abstinência sexual parece-me que não favorece a expansão demográfica, pois nem todos têm a capacidade de conceber sem pecado. E se não nascerem crianças daqui a uns anos também não vai haver padres. Por isso, se eu fosse o cardeal incentivava o rebanho a procriar como coelhos, para voltarmos a ter os seminários cheios e as Forças Armadas com muita carne para canhão.
Ilustre Manel no teu último email falaste na febre das ciclovias, que já anda por aí há alguns anos e está a ganhar novo fôlego nalguns locais. E ainda bem! Em Santarém, por exemplo, até há um troço junto à PSP que merecia estar no Guiness Book, pois tem uns singelos 100 metros que ilustram a boa vontade que o autarca da altura, o sr. engenheiro Rui Barreiro, tinha em pôr a malta toda a pedalar. Depois juntou-se ao pelotão o seu sucessor na Câmara de Santarém, o escritor e comentador Moita Flores, mais as suas bicicletas de partilha gratuita que por lá continuam encostadas, à espera de um rabinho caridoso que lhes dê uso, pois é mais raro ver uma bicicleta numa ciclovia em Santarém do que um judeu ortodoxo em Meca. Venham pois mais ciclovias. Pode ser que um dia venham também os ciclistas.
Um bacalhau congelado do
Serafim das Neves

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