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Agricultores do norte do Vale do Tejo adaptam-se à falta de chuva
Agricultores enfrentam o terceiro ano com baixa pluviosidade

Agricultores do norte do Vale do Tejo adaptam-se à falta de chuva

Pluviosidade “preocupantemente” baixa contrariada com a adopção de sistemas mais eficientes de rega e variedades de culturas que exigem menos água.

Os produtores do norte do Vale do Tejo estão a adoptar sistemas mais eficientes de rega e variedades de culturas de ciclo mais curto para enfrentar a escassez de água num ano em que a pluviosidade está “preocupantemente” abaixo da média.
Mário Antunes, vice-presidente da Agrotejo - União Agrícola do Norte do Vale do Tejo, disse à Lusa que a zona, que se estende de Abrantes a Almeirim, tem uma média anual de 800 milímetros (ml) de pluviosidade e este ano está com 200 ml, situação já de si preocupante, mas a que acresce o facto de 2017 e 2016 terem ficado igualmente abaixo dessa média (500 e 600 ml, respectivamente).
“Se compararmos os dados dos últimos 10 anos com o que tem acontecido nos últimos dois, três anos, estamos claramente num período de decréscimo da pluviosidade anual, [o que] nos deixa apreensivos relativamente aos recursos hídricos subterrâneos disponíveis para o sector agrícola”, declarou.
Mário Antunes afirmou que, às medidas que os agricultores da região estão a adoptar desde há quatro anos, de monitorização dos sistemas de rega e medição dos níveis de humidade para uso da água estritamente necessária, com acompanhamento da Agrotejo e da Agromais, é necessário juntar outras, nomeadamente ao nível da retenção de água.
“Temos aqui ao lado o Tejo, o maior rio que passa por Portugal, e não temos um único reservatório de água para situações como esta”, disse o engenheiro de produção, para quem é preciso “pensar rapidamente em novas barragens”, nomeadamente na concretização da já projectada para o Ocreza.

Salinização também preocupa
Para o dirigente da Agrotejo, além do armazenamento de água é preciso “controlar a cunha salina, que tende cada vez mais a entrar para o interior”, provocando a salinização dos solos. “Há um conjunto de medidas estruturantes que é possível fazer para resolver um problema que é deste ano, mas que pode ser dos seguintes”, advertiu.
Além da adesão ao sistema de monitorização e aconselhamento de rega, que permitiu, nos últimos quatro anos, uma redução de 15% nos consumos de água, os agricultores da região estão a “adaptar as culturas e as variedades utilizadas a ciclos ligeiramente mais curtos, com necessidades de água inferiores”, para tornar viáveis as explorações agrícolas e continuar “a produzir produtos importantes para o mercado”.
Abrangendo uma área de cerca de 100.000 hectares, 10.000 dos quais de regadio (beneficiando da proximidade do Tejo), 99% da produção da região direcciona-se ao mercado, com grande relevância para o milho (é a principal produtora a nível nacional) e as hortícolas.
Mário Antunes afirmou que nos 30.000 hectares que se situam no bairro - dependentes do recurso a águas subterrâneas e mais destinados aos cereais, como o trigo e a cevada - este ano muitos agricultores optaram por não instalar culturas e que na zona de charneca, vocacionada para a floresta e a pastagem, se registou a morte de muitas árvores, como sobreiros e pinheiros.
Da zona de regadio, muito mecanizada e produtiva, mas muito dependente da existência de água, sai muito do milho que se destina à alimentação animal e humana, e também o único para pipocas que é produzido em Portugal, além dos hortícolas, parte dos quais para as agro-indústrias instaladas na região.

Agricultores do norte do Vale do Tejo adaptam-se à falta de chuva

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