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“Há que criar iniciativas para trazer os turistas do Convento de Cristo à cidade”
Carlos Galinha diz que Tomar deve aproveitar turistas para desenvolver concelho

“Há que criar iniciativas para trazer os turistas do Convento de Cristo à cidade”

Carlos Galinha é presidente da Casa do Concelho de Tomar em Lisboa há cerca de um ano

A Casa do Concelho de Tomar em Lisboa comemora 75 anos no dia 4 de Março e estão a decorrer, em Tomar e em Lisboa, várias actividades culturais organizadas pela associação em parceria com o município de Tomar. A actual direcção tem apostado em jantares-temáticos que se realizam uma vez por mês na capital para dinamizar o espaço e divulgar produtores e artistas do concelho. Com um edifício próprio, construído por tomarenses no início do século passado, a Casa do Concelho tem sabido rentabilizar o espaço e vive do arrendamento do prédio de quatro andares.

Tomar celebra o seu dia a 1 de Março. Que presente ofereceria à cidade?

Ofereceria uma medalha porque é sempre uma data que todos os tomarenses deveriam recordar. Tomar foi a primeira vila do distrito de Santarém a ser elevada a cidade. É muito bonita, tem muita história e muito potencial que deve ser aproveitado.

Há 30 anos Tomar era considerada a segunda cidade com mais importância do distrito de Santarém mas perdeu preponderância nos últimos anos. A que é que se deveu essa diminuição de importância na região?

Devemos olhar para tudo como oportunidades e não como uma crise e baixar os braços. Temos jardins bonitos, o Convento de Cristo, um conjunto de igrejas e de espaços que poderíamos aproveitar como alavanca. O turismo começa a ser uma das fontes de rendimento do país e podíamos fazer a diferença.

Pode especificar?

Existem poucas unidades hoteleiras em Tomar. Poderíamos apostar nessa área para trazer mais turistas a Tomar e pernoitarem cá, o que iria mexer com outras áreas da economia local. Criar mais eventos culturais. Uma grande parte dos turistas visita o Convento de Cristo e vai embora. Temos que criar iniciativas que façam com que os turistas venham cá abaixo à cidade.

Como é que se pode fazer para cativar esses turistas a ficarem cá?

Não há fórmulas mágicas. Temos que experimentar. Se falharmos pelo menos tentamos. Vamos tentando e aprendendo com os erros. Poderíamos fomentar e organizar espectáculos de rua, com animação, através de colectividades ligadas à música e à dança. Temos algo que muito poucas cidades do país têm que é o comboio a entrar pela cidade. A estação fica no perímetro urbano. É quase como um metro de superfície. É um meio que pode ser aproveitado da melhor maneira.

O que é que faz falta a Tomar?

Faz falta é potencializar o que temos. Tomar tem muita coisa mas um dos seus ex-libris é o rio Nabão. Quase todas as cidades europeias do interior viram-se para o rio e nós podemos fazer o mesmo. Podemos potenciar o nosso rio Nabão. O rio deve ser um momento de união da cidade e todos ganharíamos com isso.

Entristece-o ver o degradado bairro do Flecheiro como bilhete postal de uma das entradas de Tomar?

Essa zona também poderia ser aproveitada para dinamizar o Nabão. Deveríamos olhar para ele e criar um projecto para alavancar o rio e a cidade. É o espaço ideal para virar a população para o Nabão. Deveria mexer-se nas duas margens do rio, mesmo sabendo que a margem de lá é privada, e aproveitar para criar esplanadas e espaços de lazer, à semelhança do que acontece nas principais cidades europeias. O rio pode ajudar ao crescimento da cidade, sobretudo ao nível turístico.

Há falta de investimento empresarial em Tomar?

Para atrair empresários tem que se oferecer regalias mas que não sejam prejudiciais ao município. Há que criar condições benéficas a ambos porque as empresas vão trazer empregos e isso é muito importante para quem cá vive.

A zona industrial de Tomar poderia ser melhor potenciada?

A zona industrial tem uma vantagem muito grande que é ter o comboio à porta. Tem saída também através da auto-estrada. Temos todos os meios ferroviários e rodoviários à porta e isso é uma grande mais-valia que deveria ser aproveitada. É uma pena que as grandes empresas e multinacionais não olhem para Tomar como um local para investir, porque não é pela falta de meios de mobilidade que não estão cá.

Jantares temáticos para dar a conhecer produtores e artistas de Tomar em Lisboa

Carlos Galinha é presidente da Casa do Concelho de Tomar em Lisboa há cerca de um ano. Foi vice-presidente e secretário em anteriores direcções mas esteve desligado dos órgãos sociais durante oito anos. Até que o anterior presidente o convidou para a sua lista no último mandato. Entretanto, foi desafiado para se candidatar à presidência da colectividade tendo aceitado o convite.
A actual direcção criou a iniciativa de realizar jantares temáticos todos os meses para os sócios e convidam sempre artistas e produtores do concelho para darem a conhecer os seus trabalhos. “Ajudamos a promover os pequenos produtores e pequenos artistas. Muitas vezes basta um pequeno empurrão para que se lancem nos seus mercados e é o que temos tentado fazer. Estes jantares têm sido um sucesso porque chamam novas pessoas, sobretudo jovens, de Tomar. Alguns nem sabiam que a Casa do Concelho de Tomar em Lisboa existia”, refere Carlos Galinha na entrevista a O MIRANTE, acrescentando que a Casa do Concelho de Tomar tem-se tornado um centro de arte e um espaço de cultura.
A Casa do Concelho de Tomar em Lisboa comemora 75 anos e para assinalar a data associou-se à Câmara de Tomar para organizarem um conjunto de iniciativas culturais que decorrem até 4 de Março. O espólio da Casa do Concelho está em exposição na Casa Vieira Magalhães; na sexta-feira, 2 de Março, o grupo de teatro Fatias de Cá sobe ao palco do Cine-Teatro Paraíso com um espectáculo de revista à portuguesa “Tomar em Revista”, que vai contar com a participação da Banda da Nabantina, a mais antiga colectividade do concelho.
No sábado, dia 3, destaque para o concerto de Lara Martins & Big Band Canto Firme. No dia 1 de Março, dia do município, será assinado um protocolo entre a Casa do Concelho e a Misericórdia de Tomar. “É muito importante manter esta relação de intercâmbio e entreajuda com instituições da cidade”, disse Carlos Galinha. As festividades terminam com um almoço comemorativo, no dia 4 de Março, no Convento de Cristo.
Carlos Galinha elogia o apoio do município de Tomar à Casa do Concelho em Lisboa e reforça que as actividades realizadas para assinalar os 75 anos da colectividade só foram possíveis com o apoio da Câmara de Tomar.
Uma casa com muita actividade
A Casa do Concelho de Tomar em Lisboa situa-se na Rua Flores de Lima, no bairro de Alvalade. O espaço está aberto todos os dias a partir das 18h30. Só fecha quinze dias em Agosto e nos feriados. Aos domingos à tarde há matinés dançantes. Durante a semana, a partir das 18h30, o espaço está cedido a várias escolas de danças de salão, escola de tango argentino e uma escola de sevilhanas. Num dos pisos existe um bar de apoio aos sócios, onde se pode jogar bilhar e outros jogos de máquinas. “É um espaço raro em Lisboa e é recomendado até pela Federação Portuguesa de Bilhar. Tudo isto dá um grande movimento à casa, o que é bom para divulgar o nome de Tomar em Lisboa”, sublinha o presidente.
Com cerca de seiscentos sócios activos, Carlos Galinha diz que nos últimos tempos têm conseguido trazer mais associados à Casa do Concelho, sobretudo sócios de Tomar, e também jovens que vivem na capital. “É nos jantares temáticos, que realizamos todos os meses, que conseguimos que as pessoas se aproximem desta casa. Os jantares são importantes desde que consigamos impor um ritmo e interesse. Felizmente temos conseguido manter essa dinâmica com cerca de uma centena de pessoas em cada jantar”, realça.

“Casa do Concelho é um elo de comunicação entre Tomar e Lisboa”

Numa altura em que várias casas do concelho fecham em Lisboa a Casa do Concelho de Tomar continua a funcionar. A que se deve isso?

O regionalismo tem sempre momentos de maior adesão por parte do público em geral e dos próprios associados. Há momentos em que as direcções também desanimam. Por isso é bom mudar de equipas mas não é fácil porque o associativismo tem um grande problema que é o desinteresse.

A que se deve esse desinteresse pelo associativismo?

Muitas das vezes não nos preocupamos com a continuação das colectividades. Estamos muito preocupados connosco próprios e com a nossa vida e desinteressamo-nos do movimento associativo porque achamos que há sempre quem faça esse trabalho. Uma grande parte das associações tem sócios mas os seus familiares já não o são e isso contribui para aumentar o desinteresse porque o elo aos associados vai se perdendo. Temos que tentar envolver o maior número de pessoas, dando-lhes valor e ouvindo-os.

Faz sentido manter a Casa do Concelho de Tomar em Lisboa aberta?

É um elo de comunicação entre Tomar e Lisboa. É um ponto de união e eu defendo que um espaço físico é sempre importante porque comunicar com as pessoas presencialmente tem outro significado. A Casa do Concelho de Tomar faria sentido até junto da comunidade tomarense no estrangeiro. Existir uma representação onde houvesse uma maior concentração de emigrantes como por exemplo na Suíça, onde existem muitos tomarenses. Seria um elo de proximidade e de representação do concelho de Tomar.

Como é que chamam os mais jovens à Casa do Concelho de Tomar?

É o mais difícil mas eles são o futuro da Casa e é nisso que estamos a apostar. Começamos com os jantares temáticos onde tem vindo muita gente jovem. Fizemos um desafio a alguns jovens de Tomar que estudam em Lisboa para tentarem, no início do próximo ano lectivo, fazer a recepção do caloiro na Casa do Concelho de Tomar. Não sabemos se vamos conseguir concretizar o projecto mas é com iniciativas destas que vamos desenvolvendo outras e envolvemos os jovens e isso é o mais importante.

Um tomarense de gema há muitos anos na capital

Carlos Galinha tem 51 anos, é de Tomar, onde cresceu até ir para a faculdade em Lisboa, onde vive há cerca de 30 anos. Trabalha na área da banca, é casado e tem dois filhos, que são sócios da Casa do Concelho de Tomar practicamente desde que nasceram. Sempre que pode aproveita os fins-de-semana para visitar a terra natal, onde vivem os pais e o irmão.

“Há que criar iniciativas para trazer os turistas do Convento de Cristo à cidade”

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