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A sorte de ser feito prisioneiro na batalha de La Lys
Homenagem realizaram-se no monumento ao combatente de Vila Franca de Xira

A sorte de ser feito prisioneiro na batalha de La Lys

Na batalha sangrenta de há cem anos, na 1ª Guerra Mundial, também participaram muitos ribatejanos. Um deles foi Henrique da Silva, vilafranquense que foi capturado pelos alemães. Uma bisneta recordou-o como um dos “sortudos” que sobreviveu à guerra das trincheiras.

No dia 9 de Abril de 1918, no vale da ribeira de La Lys, em França, o Corpo Expedicionário Português registou cerca de 7.500 baixas, entre mortos, feridos e capturados, naquele que é considerado como o maior desastre militar da história portuguesa depois da batalha de Alcácer-Quibir. Entre os capturados pelo inimigo estava Henrique da Silva, um militar de Vila Franca de Xira que tinha sido chamado para o exército para partir para a frente europeia da 1ª Guerra Mundial.
No dia quem se assinalou em Vila Franca de Xira o centenário dessa batalha, Sónia Marques contou a O MIRANTE que o bisavô pode ser considerado um “dos sortudos” da batalha, já que apesar de ter sido capturado pelos inimigos conseguiu regressar a Vila Franca de Xira em Janeiro de 1919 para casar e constituir família. “Ele acabou por morrer em 1967 de cancro que suspeitam que tenha sido gerado pelos gases utilizados pelos militares alemães nas trincheiras”, explicou.
Com 40 anos, Sónia nunca chegou a conhecer o bisavô, mas lembra-se de ouvir as tias contarem que regressou da guerra um homem mudado, mais reservado e sem a alegria que caracterizava o jovem que tinha partido rumo a França. “Sabemos que ele esteve um ano num campo de concentração alemão, mas sempre me disseram que ele nunca quis falar disso. Tudo o que sabemos deve-se a alguns registos escritos do exército”, concluiu.

“O momento mais singular e doloroso da nossa história militar”
Na cerimónia que se realizou no dia 9 de Abril no Largo 5 de Outubro, em Vila Franca de Xira, que assinalou também o Dia do Combatente, o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, descreveu essa batalha como “o momento mais singular e doloroso da nossa história militar”.
Perante uma plateia composta por antigos combatentes do Ultramar, o autarca considerou que essa foi mais uma “guerra estúpida e sem sentido” que vitimou milhares de portugueses nos campos de França que faziam parte do Corpo Expedicionário Português, utilizado naquilo que apelidou de “uma derrota táctica dos aliados”. “Não podemos deixar que estes acontecimentos sejam esquecidos pelos nossos jovens para que estes não voltem a acontecer”, afirmou.
Também presentes estiveram os membros do Núcleo de Vila Franca de Xira da Liga dos Combatentes, uma vez que esse dia marca também as comemorações do Dia do Combatente. Após ter depositado duas coroas de flores na base do monumento ao combatente, Armindo Silva, presidente desse núcleo, destacou o “sacrifício último” de todos aqueles que partiram para a Grande Guerra, que devem ser considerados como os “ex-líbris dos militares portugueses”. “Nós que estivemos na Guerra do Ultramar devemos ser os primeiros a entender os sacrifícios que estes homens passaram”, atirou.
Durante a cerimónia foram também atribuídas medalhas comemorativas das campanhas a José Silva, Gilberto Barata, Domingos Dias, José Lourenço, João Soares e Mirambolido Barros, seis ex-combatentes do concelho que serviram na Guerra do Ultramar, nas antigas províncias de Guiné e Moçambique, entre os anos de 1965 e 1974.

Sónia Marques
A sorte de ser feito prisioneiro na batalha de La Lys

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