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Vai ser demolida a casa que era uma ilha de problemas num triângulo de estradas
Maria José Reis e Armando Reis afirmam que local é perigoso

Vai ser demolida a casa que era uma ilha de problemas num triângulo de estradas

Câmara de Ourém conseguiu chegar a acordo com o dono por 25 mil euros

Em Moita Redonda há um caso bicudo, há sete décadas, de uma casa rodeada de estradas e que tem proporcionado alguns acidentes rodoviários. Esta ilha de tijolo e cimento, que no início foi uma barraca, está num triângulo da estrada do Colégio de S. Miguel, que se divide em duas e entroncam na Estrada da Moita. Há muitos anos que a Câmara de Ourém tenta demoli-la para acabar com a falta de visibilidade dos condutores. Finalmente o município conseguiu chegar a acordo para adquirir o imóvel devoluto que, reza a história local, pertenceu a um sapateiro que escapou anos a fio ao perigo do local e acabou por morrer atropelado a uns quilómetros de Fátima, na Nacional 1.
A primeira construção no local foi uma barraca de madeira. O responsável pelo que seria um berbicacho potenciado pelo aumento do número de carros foi Joaquim Barreirinho, um sapateiro de Moita Redonda, em Fátima, que passou a exercer o ofício no local. Mas em 1945 o trânsito que por estas bandas passava era de umas poucas carroças puxadas por mulas e algumas bicicletas. O sapateiro mudou de negócio e foi abrir um restaurante em Fátima.
A barraca, que tinha sido construída clandestinamente, foi comprada por uma sociedade de um sapateiro, Joaquim Passinha, e um barbeiro, Manuel da Coxa, que fizeram uma casa em alvenaria. Esta nova construção tinha a particularidade de ter duas portas de entrada, uma para a barbearia e outra para a oficina de sapateiro. “As pessoas da terra costumavam juntar-se no espaço para conversarem”, conta Maria José Reis, que mora a poucos metros. Com a morte de Manuel da Coxa e de Passinha, este último atropelado, o imóvel esteve sem uso, até António Marto investir as suas poupanças de anos como emigrante na América na compra do espaço, em 1999. O emigrante conta a O MIRANTE que pensou estar a adquirir um pedaço de história, mas reconhece que esta memória de sete décadas não está bem localizada nos tempos modernos.
Os condutores queixam-se que a casa retira a visibilidade e que isso dificulta a fluidez do trânsito, especialmente nas horas de ponta. O local é considerado perigoso, o que é comprovado pelos acidentes frequentes. Armando Reis, que vive na zona, confirma que não há semana em que não se registe pelo menos um acidente, por causa do que considera um “mamarracho” que “tem de ser demolido rapidamente. “O pior é à hora de ponta, quando os estudantes entram e saem das aulas do Colégio de São Miguel. Antigamente não havia tantos carros, agora quase toda a gente tem uma viatura para se deslocar”, conclui Maria José Reis.
A Câmara de Ourém chegou a acordo com António Marto, depois de várias tentativas. O município vai pagar 25 mil euros a prestações durante três anos. Com o imóvel na sua posse o município avança para a sua demolição.

Vai ser demolida a casa que era uma ilha de problemas num triângulo de estradas

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