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Uma vendedora do Mercado de Pontével que vale por muitas
Maria Conceição Toscano é a única vendedora no mercado de Pontével

Uma vendedora do Mercado de Pontével que vale por muitas

Maria Conceição Toscano tem quase metade das bancas do espaço onde tem desde frutas a peixe

Maria Conceição Toscano, de 56 anos, é há dez anos a única e multifacetada vendedora do Mercado de Pontével, concelho do Cartaxo. É ela que vai adiando o fecho do espaço. Por falta de variedade Maria acaba por abarcar várias áreas, vendendo frutas, legumes e hortaliças e peixe, ocupando cinco bancas, quase metade das que existem no espaço. Há uns anos que o mercado perdeu vigor, com a mudança dos hábitos de consumo, mas a vendedora continua a resistir e a acreditar que este tipo de comércio não pode morrer.
No espaço em que o piso já está gasto pela utilização de muito tempo e as paredes pedem tinta, Maria, que reside na mesma freguesia, orgulha-se de ter forças para manter a tradição viva, dizendo que é uma que vale por muitas. A grande parte dos seus legumes são cultivados na sua horta, “só compro aquilo que não tiver na horta, por isso o que compro depende da estação do ano e do que a horta dá”. O peixe, diz a vendedora com satisfação, “é todos os dias fresquinho”. A vendedora recebe o pescado directamente no mercado através de um fornecedor de Peniche.
Maria Conceição Toscano já leva quatro décadas de experiência no mercado. Começou a trabalhar quando as leis ainda não sabiam muito bem o que era isso de trabalho infantil e aos 13 anos já estava atrás de uma banca no antigo mercado, que se localizava ao pé da igreja da vila. A peixeira do então mercado precisava de alguém que ajudasse com o negócio, devido à sua idade avançada e Maria viu nisso uma oportunidade de aprender um ofício. “Quando ela se reformou acabei por ficar com a sua banca”, recorda. Também os pais de Maria da Conceição vendiam no antigo mercado, onde tinham uma banca de frutas e legume. “Primeiro agarrei o negócio do peixe e há nove anos decidi continuar também com o negócio dos meus pais e juntei os dois”, conta a vendedora, com um sorriso no rosto.
Em 42 anos de actividade, Maria da Conceição tem no mercado municipal a sua segunda casa. “Esta é uma ocupação que me vejo a fazer até ao fim dos meus dias e não troco isto por nada”, garante, dizendo que é neste trabalho que se sente feliz. Há cerca de cinco anos, esta vendedora tentou conciliar esta ocupação com uma outra, trabalhando de manhã na sua banca de peixe, frutas e legumes e à tarde numa grande superfície. Mas esta foi apenas uma breve experiência. “Não quis ficar no supermercado, pois os horários eram rotativos e assim não podia vender no mercado”, conta Maria da Conceição.
Esta vendedora dedica os seus dias a este espaço entre as 7h00 as 12h30, folgando apenas ao domingo e à segunda-feira. Explica que grande parte dos seus clientes são pessoas de idade, sendo raro ver pessoas mais novas na praça, uma vez que estas tendem a preferir as grandes superfícies. “Por dia recebo aqui poucas pessoas jovens. Ao sábado é que vêm mais algumas”, salienta. A vendedora apenas lamenta o estado em que o espaço se encontra. “Os antigos vendedores já eram pessoas de idade e quando morreram ninguém quis vir para os seus lugares”. A única coisa que pede é que não se esqueçam do mercado e que não faltem clientes, esperando que se possa criar melhores condições no espaço.

Uma vendedora do Mercado de Pontével que vale por muitas

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