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Caminheiros que morreram em Alcanhões ingeriram planta tóxica
Ricardo Marques e Filipe Namora - foto DR

Caminheiros que morreram em Alcanhões ingeriram planta tóxica

Autópsia revela que causa da morte dos dois amigos de Santarém foi terem comido Oenanthe Crocata

Os dois amigos que morreram há um ano quando estavam a fazer uma caminhada, na zona de Alcanhões, Santarém, ingeriram uma planta com substâncias tóxicas. Esta foi a causa da morte determinada pelo Instituto de Medicina Legal na sequência da autópsia e dos exames aos cadáveres. Segundo o relatório da autópsia no âmbito da investigação do Ministério Público, através do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Santarém, a causa da morte foi a ingestão da planta Oenanthe Crocata, que pode ser letal, como aconteceu neste caso ocorrido a 6 de Maio de Maio de 2017.
Segundo o médico legista que analisou os dois cadáveres a ingestão da planta, também conhecida comumente por embude, nabo do diabo ou salsa-dos-rios, “e em particular das suas raízes pode provocar intoxicação grave devido à presença de Oenanthotoxin”. Refere o relatório junto ao processo de investigação, ao qual O MIRANTE teve acesso, “na ausência de tratamento médico adequado” este tóxico “pode ser letal”. Para o médico legista a causa da morte foi tida como violenta por intoxicação aguda do composto presente na planta.
Nas análises feitas aos corpos de Ricardo Marques, 35 anos, sargento da Força Aérea, e de Filipe Namora, 43 anos, ambos residentes em Santarém, não se detectou a presença de drogas nem de pesticidas. Inicialmente chegou a supor-se que os caminheiros teriam comido algo com químicos usados na agricultura, o que a autópsia vem agora afastar por completo. A Oenanthe Crocata pertence à família Apiaceae e é “uma das espécies mais tóxicas da flora europeia”, segundo consta da tese de mestrado de Rute Costa Vidal do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto.
Segundo a mesma investigação académica a semelhança desta planta com outras que são comestíveis “leva a que muitas vezes seja ingerida equivocamente, provocando convulsões e eventualmente morte, em animais e humanos. No site da Clínica Veterinária de Santo Onofre está relatado o caso da morte de três vacas no concelho de Elvas, em Setembro de 2017, por ingestão da planta. No mesmo artigo dá-se conta de um caso de oito crianças que comeram tubérculos da planta, tendo falecido cinco e as restantes três sobreviveram “após violentas convulsões”.
Na altura em que ocorreu o acidente, o comandante dos Bombeiros de Pernes, José Viegas disse a O MIRANTE que as duas vítimas pediram auxílio pelo 112, relatando ao telefone que “ambos tinham comido umas plantas” e que se estavam “a sentir mal, com sintomas de indisposição, convulsões e desorientação”. Segundo a investigação da Polícia Judiciária, as duas vítimas apresentavam sinais de terem espumado sangue pela boca.
Os bombeiros tiveram dificuldades em encontrar as vítimas, que se encontravam deitadas num caminho, devido ao facto de as indicações dadas serem vagas. As equipas de socorro demoraram cerca de uma hora até encontrarem os caminheiros, já cadáveres, num caminho rural que acompanha a conduta da linha de água da EPAL, que liga a nascente do Alviela a Lisboa.

Caminheiros que morreram em Alcanhões ingeriram planta tóxica

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