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“Sou toureiro porque Deus me deu esse dom e essa coragem”
Painel juntou uma cavaleira, bandarilheiros e padres no club Azambujense

“Sou toureiro porque Deus me deu esse dom e essa coragem”

A Igreja Católica considera que “é imoral infligir sofrimento desnecessário aos animais”, abrindo espaço para contestar a tauromaquia. Por sua vez, as figuras do toureio são gente de fé e acreditam que o dom lhes foi atribuído por Deus. Artistas tauromáquicos e um padre debateram tauromaquia e religião em Azambuja.
A cavaleira tauromáquica Ana Rita, o ex-bandarilheiro Ernesto Ferreira, o bandarilheiro Duarte Justino e o padre da paróquia de Azambuja, Paulo Pires, juntaram-se na noite de sábado para falar de “Tauromaquia e Religião”. A sessão decorreu no Club Azambujense, em Azambuja, e o padre sentenciou: “É imoral infligir sofrimento desnecessário aos animais”. Mas, ressalvou, o sofrimento humano não pode ser comparado ao de um animal irracional, por isso a palavra que se deve ler no caso do toiro é dor e não sofrimento.
O padre Paulo Pires confessou que quando começa o mês de Maio “o bichinho pela tauromaquia começa a mexer” e diz que vê nas pessoas ligadas à tauromaquia gente de fé. “Acabamos todos por falar a mesma linguagem, onde a base comum é a fé. Também não podemos crer que Deus nos deu um dom e não podemos predispor dele”, afirma.
Os artistas da arena concordaram, dizendo que o facto de “estarem permanentemente entre a vida e a morte” os faz agarrar à fé para superar o medo. “Se não fosse Deus não teríamos essa força. Sou toureiro porque Deus me deu esse dom e essa coragem”, declarou o ex-bandarilheiro Ernesto Ferreira.

Fé e superstição
Superstição ou verdadeira fé, afinal o que carrega o íntimo de um artista tauromáquico? Ana Rita diz que a cor amarela lhe traz azar, carrega sempre um terço, é devota a pelo menos cinco santas e o seu tricórnio jamais pode ser colocado em cima da cama. Se algo falhar “está tudo estragado”, disse a cavaleira.
Por sua vez Duarte Justino entra sempre com o pé direito nas praças de toiros, calça sempre primeiro a bota direita, o mesmo para o resto das vestimentas e antes de iniciar uma cortesia faz sempre uma cruz de Cristo. Ernesto Ferreira, o mais experiente do painel, também não suporta a cor amarela, começa a vestir-se sempre pelo lado esquerdo e faz-se acompanhar de um conjunto de terços e outros objectos religiosos, aos quais chama de “família”.
Depois de ouvir os discursos, coube ao padre fazer a destrinça entre o que é superstição e verdadeira fé. “Tem a ver com a perspectiva com que nos colocamos diante de Deus”, disse, sobre os actos retratados pelos artistas, reforçando que “a Igreja é anti-superstição”.

“Sou toureiro porque Deus me deu esse dom e essa coragem”

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