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Morte do advogado Álvaro Dias está a ser investigada por suspeita de simulação
Morte de advogado João Álvaro Dias, em 2016, está a ser investigada

Morte do advogado Álvaro Dias está a ser investigada por suspeita de simulação

O MIRANTE foi o primeiro a noticiar o atropelamento pelo próprio carro no dia de Natal de 2016. Pouco mais de um mês após ser condenado a cinco anos e meio de prisão efectiva o advogado foi passar o dia de Natal à sua casa em Santo Estêvão onde os factos suspeitos se passaram.

Numa crónica publicada na edição de 4 de Maio de 2018 da revista brasileira Veja, a que deu o título de “O caso do morto vivo”, José Paulo Cavalcanti Filho, escreve sobre a possibilidade do advogado português, Álvaro Dias, cuja morte ocorrida no dia de Natal de 2016 foi inicialmente noticiada em
O MIRANTE, ter “contratado um cadáver substituto” para evitar cumprir a pena de prisão a que fora condenado, estando a viver no Brasil. E logo na abertura usa a expressão “vivo longe do morto”.
O cronista inspirou-se na reportagem do jornalista português J. Plácido Júnior, sobre o mesmo caso, publicada na edição de 15 de Abril da revista Visão, com o título “O estranho thriller da morte de um advogado”, em que é lembrado que a suspeita de uma morte simulada continua a ser investigada e que já teve dois encerramentos e duas reaberturas das investigações.
J. Plácido Júnior lembra que o advogado tinha sido investigado por causa de um tribunal arbitral que fundara em Lisboa onde tinha sido montado um esquema fraudulento que ele descreve assim: “ao passarem as suas propriedades ou quotas para outra empresa, muitas vezes “fantasma”, empresários em dificuldades financeiras fugiam aos credores que os procuravam com acções de arresto. O património, porém, era vendido a terceiros e os lucros acabavam divididos entres as partes”.
Na sequência dessa investigação, num dos vários processos que o visavam, Álvaro Dias foi condenado, a 18 de Novembro de 2016, a cinco anos e meio de prisão efectiva, por falsificação de sentenças no “seu” tribunal arbitral. Ora acontece que, pouco mais de um mês depois, à hora do almoço do dia de Natal, o advogado seria dado como morto, vítima de um estranho acidente, em que foi atropelado e esmagado pelo seu próprio carro, na quinta onde se recolhia, na luxuosa Herdade da Mata do Duque, em Benavente.
O MIRANTE publicou a notícia do acidente a 26 de Dezembro na sua edição online. “O advogado João Álvaro Dias morreu no domingo, 25 de Dezembro, em Santo Estêvão, concelho de Benavente, vítima de um atropelamento pelo próprio carro. O acidente ocorreu perto das 13h00, num terreno na herdade Mata do Duque 2, propriedade do advogado. Ao que O MIRANTE apurou a viatura estava estacionada num terreno inclinado e começou a descair, tendo apanhado o advogado.
João Álvaro Dias, de 56 anos, natural de Coimbra, tentou imobilizar a viatura, um Rolls-Royce de 1972, mas, acabou por ficar entalado entre a porta do carro e uma árvore. Ao cair ao chão a roda da frente do carro passou-lhe por cima do corpo.”
Na notícia é ainda dito que o alerta foi dado pelas 13h10, pela esposa, que disse ter assistido ao acidente e acrescenta que no local estiveram os Bombeiros Voluntários de Benavente e uma equipa da Viatura Médica de Emergência e Reanimação, tendo sido declarada a morte e o corpo levado para a morgue do Hospital Vila Franca de Xira.
As suspeitas de que o morto não seria o advogado surgem mais tarde já depois do corpo ter sido cremado e partem de uma denúncia anónima que deu lugar a buscas durante as quais foram encontradas dezenas de documentos de identificação falsos no escritório do mesmo, em Lisboa. Depois disso é aberta a investigação que ainda não está concluída. A dúvida persiste. Terá sido usado outro cadáver para simular a morte? E como foi possível encontrar um parecido com o advogado como revelam as fotos feitas ao cadáver?
Segundo a revista Visão, foi um dos lesados pelas decisões do tribunal arbitral criado por Álvaro Dias, que era presidente de uma comissão de credores, que se constituiu assistente no processo, e que quem tem apontado falhas nas investigações. “A verdade é que duas procuradoras-adjuntas da secção de Benavente do DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) viram as suas decisões de arquivamento (a 18 de abril de 2017 e a 24 de janeiro de 2018) reprovadas por dois superiores. Ou seja: o processo que investiga a alegada simulação da morte de Álvaro Dias já regista dois encerramentos e duas reaberturas das averiguações”, escreve o autor da reportagem.

Morte do advogado Álvaro Dias está a ser investigada por suspeita de simulação

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