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O cancro é para pegar de caras
Fátima Nunes, Lurdes Assunção e Porfírio Silva, da Liga dos Amigos do Hospital Vila Franca de Xira

O cancro é para pegar de caras

No domingo, 27 de Maio, decorreu mais uma caminhada “Amor do Peito” em Vila Franca de Xira. Uma iniciativa de apoio às vítimas de cancro da mama criada por uma sobrevivente à doença, Lurdes Assunção, que é um exemplo de vitalidade e resiliência.

A Liga dos Amigos do Hospital de Vila Franca de Xira organiza, há já doze anos, a caminhada “Amor do Peito” que tem como objectivo angariar fundos para apoiar as vítimas de cancro da mama na aquisição de próteses mamárias, capilares, soutiens adaptados e medicamentos. A primeira caminhada foi uma iniciativa de Lurdes Assunção, ex-coordenadora e fundadora do voluntariado da Liga, uma sobrevivente à doença que não podia faltar à mais recente edição, que decorreu no domingo, 27 de Maio, partindo como habitualmente do quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira e terminando no Parque Urbano do Cevadeiro.
Lurdes Assunção também foi vítima da doença há 34 anos quando detectou um nódulo no peito. “Nessa altura já se dizia para a pessoa fazer a apalpação e foi o que eu fiz e detectei. Detectei o nódulo em Fevereiro, fui para o IPO [Instituto Português de Oncologia] e no dia 4 de Agosto fui operada”, lembra.
A voluntária nota que houve uma grande evolução nos tratamentos de cancro da mama. “Não há dúvidas que a medicina evoluiu muito e cada vez há mais cura e os cancros são atacados… quando a pessoa detecta e vai logo ao médico! O médico sozinho não consegue fazer tudo. Se o doente não ajudar está tramado”, sublinha.

“Há maridos que deixam as companheiras por serem mastectomizadas”
Os vários tratamentos desta doença afectam a condição de saúde física, psicológica e social da mulher e, muitas vezes, as partes psicológica e social são as mais difíceis de enfrentar. “Tive sempre o apoio dos meus familiares e isso é muito importante para quem seja mastectomizada. O que hoje se vê muito é pessoas que ficam mais frustradas com o abandono dos maridos do que com a própria mastectomia”, conta a também voluntária na Liga Portuguesa Contra o Cancro. “Há maridos que deixam as companheiras por serem mastectomizadas”, afirma.
Lurdes Assunção acompanha vários casos no Hospital Vila Franca de Xira: “Dou a minha experiência e aconselho as pessoas a não fazerem certas coisas que podem ter consequências desagradáveis, como inchar o braço se pegarem em pesos... As pessoas que são mais idosas aceitam. As novas, às vezes, ficam um tanto ou quanto revoltadas. Eu costumo dizer: «somos de Vila Franca, temos que fazer uma pega de caras à doença». Temos de ser nós a vencê-la e não ela a vencer-nos”.
Os casos que a Liga apoia são-lhe indicados pelo Serviço Social do Hospital que faz a triagem das necessidades dos doentes e contacta a associação. Além do apoio aos doentes oncológicos a Liga tem várias valências, entre as quais o apoio aos serviços de consulta, ajuda ao serviço de almoços na enfermaria, serviço de cabeleireiro às pessoas que estão internadas e apoio aos doentes da Psiquiatria, onde vão “às vezes só para ouvir” porque são pessoas que estão mais confinadas a um espaço e precisam também deste acompanhamento, explica Fátima Nunes, actual coordenadora do voluntariado.

Estreia molhada, iniciativa abençoada

Porfírio Silva, presidente da Liga dos Amigos do Hospital Vila Franca de Xira, recorda os primórdios da iniciativa solidária Amor do Peito: “A primeira caminhada apenas se realizou do Largo da Câmara até aqui [Parque Urbano de VFX] sob uma chuva torrencial, molhadinhos até aos ossos, mas como se costuma dizer «casamento molhado, casamento abençoado»; «caminhada molhada, caminhada abençoada»… Nunca mais choveu”.

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