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Professor condenado por agredir e humilhar mulher durante dezasseis anos

Atirou garrafa de vinho à vítima no jantar de Natal e meteu alfinetes na cama para a ferir. Foram dezasseis anos de terror numa casa do Entroncamento, que começou logo após um ano de relação e um mês depois de a filha ter nascido. O agressor, condenado em pena suspensa, não se coibia de rebaixar e humilhar a mulher com conversas ordinárias, acusando-a de ter amantes.

No jantar de Natal de 1998 um professor residente no Entroncamento e que deu aulas numa instituição de ensino superior no distrito de Santarém, atirou uma garrafa de vinho contra a mulher, acusando-a de ter amantes, na presença dos pais de ambos, que abandonaram a festa. O casal vivia junto há um ano e tinha uma filha recém-nascida. Foi o início de cerca de dezasseis anos de violência doméstica, que transformaram a vida da mulher num inferno, sendo rebaixada constantemente e algumas vezes agredida.
A situação durou até 2014, quando chegou ao conhecimento da justiça, curiosamente por causa de uma queixa do agressor, actualmente com 53 anos, que agora foi condenado a quatro anos de prisão com pena suspensa por igual período, com a obrigação de não contactar com a vítima.
No ano de 2014, pouco tempo antes da separação, ano em que o agressor também tinha iniciado uma relação extra-conjugal, a situação estava completamente descontrolada, ao ponto de o professor ter colocado alfinetes no edredão da cama com o objectivo de ferir a mulher, que também é professora. O que não conseguiu porque esta apercebeu-se da situação. Também neste ano a vítima descobriu uma faca com trinta centímetros escondida no escritório da habitação e confrontou o marido. Este disse-lhe que esta ia servir para a matar e à filha desta de um anterior relacionamento e que vivia com o casal.
Segundo o acórdão do Tribunal de Santarém, ao longo do tempo de relacionamento, o professor chamava nomes à mulher, dizia-lhe que era uma burra e que não servia para nada, chegando mesmo a ter conversas obscenas a rebaixá-la à frente de outras pessoas, inclusivamente familiares. O ambiente conjugal era indecoroso de tal ordem que o homem, além de chamar-lhe demente, disse: “havias era de ter um cancro e rebentares”.

Desligou o aquecimento da casa
Pouco tempo após o nascimento da filha de ambos, segundo comprovou o colectivo de juízes, o professor desferiu um murro na face da mulher quando estavam dentro do carro à porta de casa. Além de outras agressões, incluindo pontapés nas pernas, o arguido tinha um comportamento vingativo, ao ponto de, a partir de 2010, desligar o aquecimento da casa durante o Inverno, escondendo os comandos de ligação do aparelho e proibindo a mulher e a enteada de o ligar, ameaçando-as que as agredia se o fizessem.
O tribunal entendeu que os comportamentos do professor, que passou a residir em Abrantes e tem um novo relacionamento há dois anos, tiveram o “propósito concretizado de humilhar, ofender a honra, o bom nome e a sensibilidade” da então companheira. Os juízes realçaram ainda que com estas situações estava a afectar o bem-estar da enteada e da filha, à altura menores de idade, e que a vítima passou a ter situações de depressão com acompanhamento clínico. Pelo que o condenaram também a pagar uma indemnização de três mil euros, divididos em quantias iguais pela ex-mulher, a filha desta e a filha do casal.

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