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Vila Franca de Xira foi coutada de reis e porto de naus dos Descobrimentos
O cortejo régio é dos maiores do país e contou com cerca de 400 pessoas. David Fernandes (à direita) dá apoio à recriação histórica

Vila Franca de Xira foi coutada de reis e porto de naus dos Descobrimentos

Mercado Medieval promovido pelo CBEI - Centro de Bem-Estar Infantil de Vila Franca de Xira recria e evoca passado histórico da cidade de onde terá partido a armada de Bartolomeu Dias que dobrou o Cabo da Boa Esperança.

O tema do Mercado Medieval de Vila Franca de Xira, que se realizou de 31 de Maio a 3 de Junho, foi “No reinado de D. Fernando, o Formoso”, e, mais uma vez, recriou a época medieval com vestuário a rigor, tendas de mercadores, músicas e danças da época, saltimbancos, cortejo, artes de fogo e malabares. Gil Teixeira, presidente do CBEI - Centro de Bem-Estar Infantil de Vila Franca de Xira, entidade organizadora, frisa a importância da função pedagógica do evento que dá a conhecer um lado de Vila Franca de Xira por muitos desconhecido.
David Fernandes, técnico de cultura da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, que há já oito anos dá apoio à recriação histórica organizada pelo CBEI, conta que Vila Franca de Xira e Povos foram importantes portos de pessoas e mercadorias e que aí se construíram barcas pequenas e algumas naus, especialmente nos estaleiros de Povos.
O também mestre em História da Arte Medieval, conta ainda: “Em 1487, apesar da maior parte dos livros de História dizerem que a armada de Bartolomeu Dias partiu de Lisboa, não partiu daí. Nós sabemos que partiu daqui. Primeiro porque essa armada era uma armada secreta - por isso foi organizada uma segunda armada para encobrir aquela”. E menciona o diário do Cristóvão Colombo que diz que o navegador viu a armada partir dali. “O interessante é sabermos que Cristóvão Colombo esteve aqui e viu a partida da armada de Bartolomeu Dias (facto que foi corroborado pela documentação dos privilégios) e que o rio neste ponto tinha profundidade suficiente para ter caravelas e algumas naus que fizeram face à turbulência do Cabo das Tormentas, que depois acaba por se tornar Cabo da Boa Esperança”, diz.
David Fernandes dá outro exemplo do passado histórico da região: “Esta zona é privilegiada. Sobretudo nos reinados de D. Pedro e D. Fernando era a zona das caçadas. O facto de o rei pernoitar num determinado local implicava que todo o povo fizesse festa”. E explicou a O MIRANTE que em Vila Franca não há muitos vestígios físicos da época medieval por causa dos dois grandes terramotos de 1531 e 1755. “Basta percorrer as ruas de Vila Franca e perceber que não há quase uma casa anterior ao século XVIII”, diz, acrescentando que no entanto “há registos documentais”.

Mais de 400 figurantes dão corpo à iniciativa
O Mercado Medieval tem as particularidades de contar na sua organização com a colaboração de utentes, pais e trabalhadores do CBEI (apesar do apoio da Junta de Freguesia e Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e de outras entidades) e de ter, no Cortejo Régio, o maior desfile em número de figurantes do país. “Se pensarmos que temos, em termos numéricos, educadores, auxiliares, corpos gerentes da instituição, pais e crianças, estamos a falar de mais de 400 pessoas”, anuncia David Fernandes.
O Mercado Medieval realiza-se no centro histórico da cidade e esta oitava edição teve a novidade de se estender a outros pontos. Alberto Mesquita, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, mostrou-se satisfeito com este facto e acredita que, no futuro, o evento vai ter uma abrangência cada vez maior.
João Santos, presidente Junta de Freguesia de VFX, mostrou-se agradado com a pró-actividade de instituições de solidariedade social como o CBEI e crê que estas iniciativas levam a marca de Vila Franca mais longe, bem como dinamizam a economia local e fazem com que as pessoas convivam e confraternizem no espaço público.

Vila Franca de Xira foi coutada de reis e porto de naus dos Descobrimentos

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