Tribunal diz que houve complô no caso das agressões violentas em Alpiarça
Tentativa de proteger arguido não o livra de condenação em sete anos de prisão
O Tribunal de Santarém condenou a sete anos de prisão e a uma indemnização de 165 mil euros o suspeito das agressões violentas a José Dias em Agosto de 2015, à porta da sociedade filarmónica e junto aos bombeiros, em Alpiarça. O colectivo de juízes, na decisão, diz que houve uma tentativa para encobrir os factos e proteger André Grilo, a começar pelo facto de os bombeiros não terem chamado as autoridades e de o arguido ter familiares na corporação.
No acórdão refere-se que os bombeiros que acorreram ao local testemunharam que lhes tinha sido dito que os ferimentos de José Dias se tinham devido a uma queda e que foi por isso que não alertaram a GNR, que só soube do caso vários dias depois. “Aspectos que corroboram e intensificam a interpretação deste tribunal de que se gerou uma espécie de complot de encobrimento ao arguido”, refere a decisão. O colectivo sublinha ainda a postura do arguido em julgamento, que apresentou três versões diferentes para o seu comportamento que causou a queda da vítima ao chão.
O tribunal considerou que André Grilo foi o causador da situação, referindo que o próprio admitiu ter-se altercado verbalmente com José Dias e ter sido ele o causador da queda deste. No entanto, o arguido em julgamento negou que lhe tenha desferido pontapés na cabeça, causando lesões graves, deixando a insinuação que teria sido outra pessoa.
A decisão refere uma “extrema violência usada nas agressões” e diz que esta deixou a vítima incapacitada. “A sua vida ficou totalmente destruída, quer do ponto de vista pessoal, como familiar, pois perdeu para sempre a orientação espaço-temporal, a memória e a capacidade de se relacionar e interagir com a companheira, o filho e amigos de forma consciente e lúcida”, pode ler-se no acórdão.
Nas alegações finais do julgamento, o Ministério Público tinha pedido uma pena de prisão efectiva. A procuradora considerou que André Grilo iniciou a situação, ao desferir uma bofetada na vítima, que a atirou ao chão, e que apesar de este ter negado ser o autor dos pontapés na cabeça do arguido, estes não podiam ter caído do céu. O Ministério Público sustentou que por pouco as lesões na cabeça não mataram José Dias.