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Há vida 40 metros abaixo da superfície no Algar do Pena em Alcanede
Encontro de cientistas passou pela gruta cársica Algar do Pena em Alcanede

Há vida 40 metros abaixo da superfície no Algar do Pena em Alcanede

A gruta cársica Algar do Pena foi palco para um encontro internacional de biologia subterrânea que reuniu cientistas de todo o mundo e entidades locais em pleno Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros.

Descer ao coração da terra e perceber que ali, no meio de estalactites e estalagmites, onde não chega a luz do sol, também há vida, foi um dos objectivos do encontro internacional de biologia subterrânea que aconteceu a 22 de Agosto no Centro de Interpretação Subterrâneo da Gruta Algar do Pena (CISGAP), no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros (PNSAC).
Mais de uma centena de cientistas, oriundos de todo o mundo, assim como representantes das autarquias locais e do Instituto Nacional de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), desceram à maior sala subterrânea conhecida em Portugal, com 125.000 m3 de volume, e ouviram as explicações da investigadora Ana Sofia Reboleira, professora associada da Universidade de Copenhaga, no Museu de História Natural da Dinamarca, e responsável pela descoberta de mais de 45 novas espécies de fauna cavernícola em diversas grutas nacionais e internacionais, uma delas o escaravelho Trechos gamae descoberto em 2007 no Algar do Pena.
O encontro de cientistas em Alcanede decorreu no âmbito da 24.ª Conferência Internacional de Biologia Subterrânea, que aconteceu entre 20 e 24 de Agosto, em Aveiro, e que incluiu saídas de campo a algumas das mais emblemáticas grutas cársicas do país.

Um evento importante para a região
Além do entusiasmo dos cientistas e biólogos ali reunidos, a opinião de que se trata de um evento muito importante para a região é comum aos autarcas que marcaram presença. De acordo com Jorge Vala, presidente da Câmara de Porto de Mós, “todo o território do maciço calcário estremenho fica muito valorizado pelo facto de ter uma estrutura com esta dimensão”.
Hugo Santarém, vereador da Câmara de Alcanena, refere que “é muito importante que o nosso território, com muito por explorar, consiga atrair estes investigadores que depois trazem também o reconhecimento público”. Jorge Rodrigues, destaca que este ponto de interesse geológico está referenciado em todos os guias da Câmara de Santarém e no próprio site da autarquia. O vereador da Câmara de Santarém revelou que o município está, neste momento, em conjunto com um grupo de trabalho, a desenvolver um guia das rotas do cársico, para divulgar estes espaços.

Algar não é para turismo de massas
No ano passado a gruta foi visitada por cerca de 3.500 pessoas. De acordo com Rui Pombo, do ICNF, instituto que tutela o CISGAP, esta não é uma gruta comercial, o seu propósito não é o turismo de massas, mas sim o turismo sustentável, a conservação e a investigação e é nesse sentido que ela é gerida. As actividades que decorrem no espaço durante o ano são maioritariamente com agrupamentos de escolas e com grupos de investigadores mais ou menos organizados que visitam o espaço mediante uma marcação prévia.
A investigadora Ana Sofia Reboleira partilha da mesma opinião e acrescenta que só assim se consegue uma experiência mais personalizada, baseada numa informação correcta e com uma perspectiva de educação ambiental e de aprendizagem que é muito difícil de obter concentrada num só local, como acontece no Algar do Pena.

Envolver os alunos do Agrupamento de Alcanede

Zelar pela manutenção do espaço e pela alimentação dos animais cavernícolas que nele habitam foi tarefa do grupo de alunos do Clube de Ambiente da Escola Básica 2, 3 de Alcanede durante o ano lectivo de 2017/2018. Segundo Maria Helena Vieira, directora do Agrupamento de Escolas D. Afonso Henriques, para o ano lectivo que está prestes a iniciar vão estar envolvidas todas as escolas do Agrupamento. Os alunos da área de Pernes, por exemplo, vão tratar dos problemas da poluição da água, uma vez que estão mais próximos da realidade do rio Alviela. Já os alunos de Alcanede vão tratar dos problemas da serra e dos seres vivos da gruta. “Uma coisa é garantida, todos os alunos vão acabar por visitar a gruta”, refere a directora.

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