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Castigar quem não emigrou baixando o IRS apenas a quem o fez

Moro em Tomar e tenho um filho emigrante que tem actualmente 40 anos. Está desde 2011 na Noruega e sente-se lá muito bem. Para dizer a verdade, nem gosto de me referir a ele como emigrante porque nós, com muita pena de alguns saudosos muros, cortinas de ferro e muralhas, temos cidadania portuguesa e europeia e a Noruega também fica na Europa. Agora que o primeiro-ministro pretende promover o regresso dos emigrantes que saíram do país entre 2011 e 2015 oferecendo um “desconto fiscal” de 50% no IRS, perguntei-lhe se ponderava regressar e ele limitou-se a rir. Claro que não regressa, pelo menos por causa desse incentivo. Como engenheiro informático está realizado profissionalmente, está bem integrado e ganha bem apesar de também pagar muito de impostos.
Pessoalmente acho que a ideia avançada não é séria e acho interessante não abranger, sabe-se lá porquê, quem emigrou após 2015, ou seja, após este Governo ter entrado em funções. Depois não percebo esta coisa de acharmos que quem sai para o estrangeiro, sai sempre por imperiosas necessidades económicas e não para se valorizar, tanto pessoalmente como profissionalmente. A mobilidade dos cidadãos é positiva. É uma das vantagens de estarmos na União Europeia.
Quem partiu, porque quis partir, repito, não pode ser incentivado a regressar com a promessa de ser discriminado positivamente em relação a quem ficou. Esta coisa de termos políticos que fazem com que muitos jovens saiam por serem incapazes de promover o mérito em vez da mediocridade e que ainda por cima castigam quem optou por ficar, tem um cheirinho ao bafiento Portugal que eu sempre conheci e sempre detestei.
Tenho 67 anos. Este Estado continua a cheirar-me a ranço e a chulé. Os ares do 25 de Abril trouxeram-nos liberdade, progresso e melhorias a muitos níveis, algumas das quais extraordinárias mas não arejaram as mentalidades de certa gente. Já não somos a choldra de que falava um dos personagens do Eça de Queirós mas continuamos a ser uma paróquia onde a herança da choldra perdura porque, moral e socialmente ainda não chegámos ao século XXI...se calhar nem ao século XX.
Franquelim das Dores Moleiro

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