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Ciclovias roubam estacionamento a moradores da Póvoa de Santa Iria

Ciclovias roubam estacionamento a moradores da Póvoa de Santa Iria

Petição reclama declaração da nulidade do acto que levou à criação das ciclovias. Se já havia pouco sítio na Póvoa de Santa Iria onde estacionar o carro, desde que a Câmara de Vila Franca de Xira construiu ciclovias o problema está ainda pior, criticam os moradores. Petição já vai com mais de 400 assinaturas.

Todos os dias as dificuldades repetem-se para quem vive nas avenidas Vicente Afonso Valente, Ernest Solvay e na Rua Américo Costa, na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira: não há lugar onde estacionar o carro. Em particular depois de jantar. A falta de lugares é gritante e toda a gente estaciona como pode: em cima dos passeios, em segunda fila, nos canteiros de flores, a bloquear garagens e, ultimamente, até em cima das ciclovias recentemente criadas pela câmara, situação que tem levado a que muitos moradores acabem multados pelas autoridades.
Quem vive na zona diz que o projecto municipal, que dotou a cidade de modernas vias de circulação exclusiva para bicicletas, veio acabar com mais de 250 lugares de estacionamento. A câmara diz que não porque os lugares nunca estiveram delineados ou marcados como tal. Mas eram áreas livres que os condutores aproveitavam para estacionar.
Para piorar o cenário, o silo automóvel que ali foi construído não é solução porque as garagens são para vender e não para uso público, estando a ser vendidas por preços que rondam os 790 euros por metro quadrado. Valor que nem todos podem pagar.
A onda de protesto em torno das ciclovias – que os moradores dizem que ninguém usa – está a crescer e já existe uma petição a circular, assinada à data de fecho desta edição por mais de 400 pessoas, onde se pede que seja declarada a nulidade do acto de criação das ciclovias.
Amândio Videira, que tem um quiosque junto ao silo automóvel, diz que desde que as ciclovias foram construídas o negócio ficou prejudicado. “Vendo jornais, revistas e jogos da Santa Casa, mais de metade dos meus clientes passava aqui de carro, encostava um minuto, fazia a sua compra e seguia. Agora isso não está a ser possível porque tem a ciclovia. Eu pergunto o que vai ser feito do meu negócio? E como eu estão outras pessoas. Não fomos ouvidos e o que queremos é que isto seja rectificado”, critica.
Outro morador, José Gama, vive na Póvoa há 31 anos e também contesta a medida. “Colocar uma ciclovia para o uso de meia dúzia de ciclistas prejudicando grandemente a população residente é no mínimo desconfortável. Quero deixar o meu protesto porque os lugares de estacionamento foram-nos retirados e o estacionamento na Póvoa é um problema”, critica.
Uma das mentoras da petição, Paula Fonseca, requer a nulidade do acto e explica a O MIRANTE que a ciclovia foi efectivamente desenhada em locais que eram utilizados como estacionamento mas que não estavam demarcados. “A questão que aqui se deve colocar é por que razão estes lugares não estavam demarcados já que a avenida tem largura superior a muitas ruas da Póvoa que já têm lugares demarcados”, refere.

“Ciclovias não foram feitas por capricho”
Na última reunião pública de câmara vários moradores foram questionar o presidente do executivo, Alberto Mesquita, sobre o assunto. O autarca garante que as ciclovias “não foram feitas por capricho ou para aborrecer” os moradores. “Reconheço a falta de estacionamento desde que aquela urbanização foi construída na década de 90. Na altura o número de carros por família era bem menor do que aquilo que é hoje. Também é verdade que muita gente tem garagem e não a usa enquanto tal. Não conseguiremos nunca ter um estacionamento para cada morador, a menos que comecemos a pôr parquímetros para obrigar a uma rotatividade de lugares”, explica.
O autarca explica que a zona tem falta de terrenos e os poucos que existem para fazer novas bolsas de estacionamento praticamente não existem. Por isso, admite, algumas zonas verdes terão de ser sacrificadas para que os automobilistas possam ter onde deixar o carro.
“Pretendemos vir a criar mais bolsas de estacionamento. Onde, não sei. Já em tempos tentámos criar estacionamento numa zona do Casal da Serra à custa de zonas verdes e houve um levantamento de moradores que não aceitaram. Temos de encontrar uma solução de equilíbrio”, explica. O autarca prometeu agendar uma reunião no local com os moradores.

Ciclovias roubam estacionamento a moradores da Póvoa de Santa Iria

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