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O bisavô radical que salta de pára-quedas aos 83 anos
A bisneta Madalena foi a razão do salto do tenente-coronel Estevam Gaspar

O bisavô radical que salta de pára-quedas aos 83 anos

Estevam Rosa Gaspar, natural do concelho de Abrantes, conta com mais de 2300 saltos no currículo. Tenente-coronel pára-quedista aposentado voltou a entrar num avião e a lançar-se no vazio, cinco anos depois de ter anunciado que não saltava mais. E teve uma admiradora especial: a bisneta que nunca o tinha visto “voar”.

O sorriso rasgado de Madalena a ver o seu bisavô, Estevam Rosa Gaspar, no ar, enternecem qualquer um. Afinal, é a primeira vez que o vê a “voar” com um pára-quedas cor-de-rosa, a sua cor favorita.
“Já tinha colocado a minha paixão de lado, mas as saudades de repetir e o querer mostrar à minha bisneta um salto meu encorajou-me e levou-me a ‘voar’ novamente passado cinco anos. Ela é a principal responsável”, conta o tenente-coronel pára-quedista na reforma, após o seu momento mágico na manhã de domingo, 23 de Setembro.
Com 83 anos, 8 meses e 8 dias, este foi o salto número 2319 de Estevam. Um salto tranquilo de cinco mil pés, cerca de 1500 metros acima do solo, que terminou no Barquinha Parque, em Vila Nova da Barquinha, onde aguardavam filhos, netos, a bisneta e muitos amigos.
A aventura começou no aeródromo militar de Tancos. Estevam equipou-se a rigor, vestindo um fato verde e colocando umas luvas com as quais já fez muitos saltos. Foi já lá em cima que o reformado abriu o pára-quedas dez segundos depois de saltar do avião e esteve a “voar” cinco minutos até chegar a cem metros do chão. Concentrado na manga que indicava a direcção do vento, que na altura era fraco, manobrou o pára-quedas, preparou a aterragem e foi recebido com aplausos e a sua bisneta a correr para o seu colo.
Estevam Gaspar aproveitou a Taça de Portugal de Pára-quedismo na modalidade de precisão de aterragem, para realizar mais um salto. Natural de Martinchel, concelho de Abrantes, revela que nunca pensou seguir a carreira militar, até porque estava bem empregado numa empresa de construção de barragens. Mas gostou tanto do pára-quedismo que nunca mais o largou, tendo realizado o seu primeiro salto de pára-quedas em 1958.
“É um gozo muito grande estar lá em cima. Sentimos como se estivéssemos a voar que nem um passarinho. Além da vista maravilhosa que podemos apreciar”, conta num discurso emocionado. Reformado desde 1989 e a viver no Entroncamento, confessa que o seu espírito jovem advém de uma vida dedicada ao exercício físico e alimentação regrada.

Para o ano há mais
Participou em competições de pára-quedismo internacionais no Brasil, Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Suécia, Rodésia, Angola e Moçambique. Os 2318 saltos que fez foram de avião, helicóptero e balão cativo. Desses saltos, 19 foram nocturnos e 4 foram para a água.
Estevam Gaspar já pensa no próximo salto. Será no próximo ano e na mesma altura desde que se sinta em condições físicas e mentais para o fazer. “Anunciei que seria o meu último salto há cinco anos, mas, apesar da idade, é muito difícil parar. Quem consegue dizer que ‘não’ a um salto destes?”, questiona.

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