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População de São Romão não perdoa ao padre da paróquia
São Romão tem um padre (Alfredo Juvandes) que causa conflito e desunião entre a comunidade e a Igreja

População de São Romão não perdoa ao padre da paróquia

Sacerdote exigiu ao povo as chaves da capela centenária, que sempre foi zelada pela comunidade, e com isso abriu um litígio que parece estar para durar.

Duas dezenas de populares de São Romão e localidades vizinhas reuniram-se junto à ermida de São Romão, no domingo, 23 de Setembro, precisamente uma semana depois de, contra a sua vontade, terem entregue todas as chaves da capela ao pároco, Alfredo Juvandes, por exigência deste.
Alfredo Juvandes é pároco na localidade há oito anos e a comunidade critica-o por nunca ter ajudado a zelar pela capela com cerca de 500 anos e a necessitar de obras de requalificação. De acordo com os populares, a actividade do padre resume-se a uma missa mensal no primeiro domingo de cada mês. Estranham, por isso, a insistência de querer ficar com as chaves da capela.
A entrega das chaves foi solicitada, por diversas vezes, por Alfredo Juvandes, com o apoio do Patriarcado de Lisboa, alegando que é o pároco o responsável por aquele espaço. “Fez-nos um ultimato e chegou a ameaçar que arrombava a porta da igreja, se não lhe entregássemos as chaves”, diz a O MIRANTE Leonor Cabaço, 73 anos, que detinha a posse das chaves há várias décadas e cuidava da capela, com a ajuda de alguns elementos da família.
Leonor diz ter sido com revolta e tristeza que no domingo, 16 de Setembro, entregou as chaves ao padre. A porta e fechaduras tinham sido alteradas recentemente, depois de a capela ter sido assaltada em 2016. Daquele espaço foram furtados painéis de azulejos seiscentistas, avaliados em milhares de euros. Quem deu o alerta do assalto foi Leonor Cabaço e seus familiares. Os bens nunca foram recuperados. Ana Neto lembra, em crítica, que Alfredo Juvandes, só foi ao local três dias depois de o caso ter sido reportado às autoridades.
Aquele edifício religioso é o único património de interesse turístico e religioso do lugar de São Romão e nunca esteve sob alçada do Patriarcado. Noémia Lavareda recorda que nos tempos de criança andava a pé, de porta em porta, pelas localidades mais próximas a fazer peditórios para obras de restauro na ermida. “Nunca o Patriarcado fez obras nesta capela ou investiu dinheiro nela. Tudo o que se fez até hoje foi com dinheiro da população e donativos da junta de freguesia”, acrescenta Sandra Cabaço.
Mário Lopes, 56 anos, um dos zeladores da capela, diz-se “indignado pela forma como o padre se insurgiu à população para ficar com as chaves”. Na sua opinião, o padre até poderia ficar com uma das chaves, mas nunca com todas, impedindo o acesso à capela, que recebe com regularidade visitas de fiéis de outras paróquias e da população daquele lugar.
Na edição de 20 de Setembro, O MIRANTE
noticiou o encontro entre alguns populares e o pároco, para a entrega das chaves. Nesse dia, 16 de Setembro, os ânimos exaltaram-se levando a discussão acesa que, por pouco, não terminou em violência física entre um popular e um elemento do conselho económico da paróquia. O padre também ameaçou o jornalista de O MIRANTE.
Os populares questionam agora se o pároco vai rezar missa no primeiro domingo do mês de Outubro e dizem que muitos não irão estar presentes. Para Mário Lopes, o pároco deixou de “inspirar confiança e doutrina cristã”, tendo gerado conflito e causado desunião entre a comunidade e a Igreja.

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