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Investigação diz que Rosa mandou matar Luís por motivos passionais e financeiros
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Investigação diz que Rosa mandou matar Luís por motivos passionais e financeiros

Amante de Rosa Grilo é suspeito de ser o autor do crime. Mulher de Luís Grilo e o amante estão em prisão preventiva, a aguardar julgamento, suspeitos de terem planeado e cometido o homicídio do triatleta de Cachoeiras.

Família e amigos estão revoltados e não poupam críticas a Rosa Grilo, viúva do triatleta assassinado nas Cachoeiras, Vila Franca de Xira, a 15 de Julho. A mulher é suspeita de ser coautora do homicídio, juntamente com António Joaquim com quem manteria uma relação extraconjugal.
O caso, que foi um quebra-cabeças para a Polícia Judiciária (PJ) durante dois meses, está a ganhar contornos mais definidos. Rosa Grilo, a viúva, e o seu amante, António Joaquim, estão em prisão preventiva a aguardar julgamento, indiciados pelos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida. A PJ avança com a teoria de que o crime teve motivações de natureza financeira e sentimental.
A família de Luís Grilo não esconde a revolta que sente em ter defendido e acreditado na inocência de Rosa Grilo. “Ponho as minhas mãos no fogo por ela”, chegou a dizer à comunicação social Júlia Grilo, irmã do triatleta, afirmando que não acreditava no envolvimento da cunhada no homicídio. Agora, o caso parece ter mudado de figura e há quem admita que o comportamento de Rosa Grilo levantou suspeitas na família do triatleta.
“Quando soube da detenção não fiquei surpreendido. Tive o pensamento, do qual até me cheguei a sentir culpado, de que [Rosa Grilo] poderia estar envolvida. É incrível como nunca conhecemos verdadeiramente as pessoas”, diz a O MIRANTE Ricardo Grilo, sobrinho de Luís Grilo. Confessa que sentiu algo que o fez desconfiar da tia e questiona como Rosa Grilo, a quem agora se refere como “essa senhora”, foi capaz de cometer o homicídio e “nem sequer ter pensado no menino”, o seu primo de 12 anos.
Ricardo Grilo chegou a viver “durante uns tempos” com os tios e diz, incrédulo, que nunca pensou que Rosa Grilo pudesse matar o marido. “Via um casal feliz, um clima harmonioso e de alegria, e sentia um enorme carinho por essa mulher”, diz
a O MIRANTE. Sobre a relação extraconjugal que Rosa Grilo manteria há vários anos com o alegado coautor do homicídio, o sobrinho garante que “na família nenhum elemento pensasse que isso fosse possível.”
Júlia Grilo admite em entrevista que viu António Joaquim, em casa do irmão, quando este ainda estava desaparecido, mas da primeira vez desvalorizou, pensando que pudesse ser um dos amigos do casal que andava empenhado em encontrar Luís Grilo. Na segunda vez que o encontrou na casa de Cachoeiras refere que já ficou “de pé atrás”, ainda assim não pensou que o oficial de justiça pudesse ser amante da cunhada.
Os amigos da Wikaboo, equipa à qual pertencia o triatleta, dizem que nunca viram António Joaquim, amante de Rosa Grilo. Mas de uma coisa não têm dúvidas: “Tenho a certeza absoluta que foi a Rosa que o matou. Embora me custe a crer. Não faz sentido nenhum”, diz a O MIRANTE um dos melhores amigos de Luís Grilo, da equipa Wikaboo. Revoltado com a mulher do amigo, pensa nos momentos que partilhou na presença da mesma. “Sentei a minha família à mesa com uma assassina”, atira.

O crime quase perfeito

No dia 15 de Julho de 2018, último dia de vida do triatleta, Rosa Grilo foi deixar o filho, de 12 anos, a casa dos avós paternos. Os vestígios de sangue encontrados no quarto do casal, pela Polícia Judiciária, apontam que Luís Grilo estaria deitado na cama no momento em que foi executado, com um tiro na cabeça, à queima-roupa, com uma almofada a abafar o som do disparo.
O corpo foi transportado na mala do carro, num percurso de 134 quilómetros, até uma estrada em terra batida, em Alcórrego, concelho de Avis. Depois foi ali abandonado, nu, de braços abertos e com um saco plástico na cabeça. Junto ao corpo, a PJ viria a encontrar um tapete.
No dia seguinte, 16 de Julho, ao final da tarde, Rosa Grilo comunicava às autoridades o desaparecimento do marido, contando que Luís Grilo tinha saído para um treino de bicicleta, mas que já deveria ter regressado a casa para ir levar o filho à natação.
No saco que cobria a cabeça do triatleta foram encontrados vestígios de ADN - de sangue, cabelos, saliva, ou suor - de Rosa Grilo. Nas buscas domiciliárias à casa nas Cachoeiras, a PJ encontrou, no quarto do casal, dois tapetes que fazem conjunto com aquele que serviu para embrulhar o corpo do triatleta até ao local onde foi abandonado.
A arma com que Luís Grilo foi morto estava registada em nome de António Joaquim, amante de Rosa Grilo e foi recuperada pela PJ na residência do próprio, em Alverca do Ribatejo.
Durante mês e meio, Rosa Grilo mostrou-se empenhada em encontrar o marido, desaparecido. Cartazes onde se lia “não vamos desistir, vamos encontrar-te” foram afixados pelo concelho de Vila Franca de Xira, com a ajuda da própria. Em entrevista dizia que Luís Grilo não tinha inimigos e que não acreditava na tese de o marido ter vida dupla. A carteira e o telemóvel do triatleta foram encontrados no concelho de Alenquer, como manobra de distracção para as autoridades.
O corpo de Luís Grilo foi encontrado a 24 de Agosto. A peça que faltava para ser dado como morto e Rosa Grilo conseguir aceder ao seguro de vida do marido, que em caso de morte lhe garantia uma quantia de cerca de 100 mil euros. Para além disso, a casa das Cachoeiras ficaria paga ao banco e herdaria a empresa de informática, sediada em Alverca.
Os amantes, Rosa Grilo e António Joaquim, decidiram que o melhor remédio para a sua relação seria matar Luís Grilo, já que pelo divórcio não haveria direito a seguros de vida, casa paga ou domínio total sobre a empresa. Agora, se Rosa Grilo for condenada pela morte do marido, a herança e seguro de vida passam para o filho de 12 anos.

Pai de Rosa Grilo sentiu-se mal nas imediações do tribunal

Américo Pina, pai de Rosa Grilo, alegada homicida do marido, Luís Grilo sentiu-se mal na sexta-feira, 28 de Setembro, depois de ver a filha entrar no Tribunal de Vila Franca de Xira. O homem já não via a filha desde a quarta-feira anterior, data em que foi detida pela Polícia Judiciária, e resolveu esperá-la à porta do tribunal, para lhe dar força. “Rosa, filha, o pai está aqui”, gritou Américo Pina.
Depois de perder de vista a filha, suspeita de ser coautora do crime, Américo Pina sentiu-se mal e foi auxiliado por dois elementos da PSP. Ficou a repousar num cabeleireiro junto à zona onde se encontrava, sempre de olhar atento às notícias que estavam a passar na televisão sobre o caso do homicídio do seu genro.
Nessa manhã, Américo Pina disse que estava incrédulo com toda a situação e que até ser provado o envolvimento da sua filha no homicídio acredita na sua inocência.

Filho menor está com tia paterna

Com o pai morto e a mãe no Estabelecimento Prisional de Tires em prisão preventiva, o filho de Luís e Rosa Grilo está ao cuidado de uma tia paterna e a receber apoio psicológico. “A família [Grilo] está empenhada e mais unida que nunca para minimizar, se é que isso seja possível, a dor de se ficar órfão aos 12 anos. A criança terá todo o amor, carinho e apoio”, diz a O MIRANTE Ricardo Grilo.

António Joaquim teve educação militar

O amante e suspeito de ser coautor do homicídio de Luís Grilo é natural da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira. António Félix Joaquim, de 42 anos, é o mais velho de três irmãos e foi educado num colégio militar, em Lisboa. O seu pai, já falecido, era reformado das Forças Armadas e lutou na guerra do Ultramar, onde perdeu uma perna. A mãe vive sozinha na Póvoa de Santa Iria.
Célia Monteiro, amiga da família, diz estar “incrédula e em choque” com o que ouve nas notícias. “Não posso acreditar que ele fizesse uma coisa destas. Ele não era capaz”, diz a O MIRANTE. A vizinha, que viu António Joaquim crescer, aponta Rosa Grilo como a cabecilha do assassinato do triatleta, mas crê que foi ele o autor do disparo, “porque sabia manusear armas, pela educação [militar] que teve”.
António Joaquim está divorciado há cerca de dois anos e tem dois filhos menores, que vivem na cidade de Braga com a mãe. Até ao julgamento, o oficial de justiça em Lisboa está em prisão preventiva, nas instalações prisionais anexas à Polícia Judiciária de Lisboa.

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