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“Mentalidade do PCP de Vila Franca de Xira ainda não chegou a 1974”
Mário Cantiga continua a ser comunista mas agora sem ligação ao PCP

“Mentalidade do PCP de Vila Franca de Xira ainda não chegou a 1974”

Presidente da Junta de Freguesia de Alhandra demitiu-se do partido ao fim de 30 anos como militante. Mário Cantiga bateu com a porta ao Partido Comunista Português farto de este não o deixar pensar e falar pela sua própria cabeça. Garante que é presidente de todos os alhandrenses e enquanto a assembleia de freguesia deixar vai continuar à frente dos destinos da junta. Se houver boicote da CDU a resposta é clara: eleições antecipadas.

O presidente da Junta de Freguesia de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga, que se desfiliou do PCP, não se demite do cargo e promete continuar à frente da junta para defender os interesses da população. Diz que não está agarrado ao poder mas garante que, se a assembleia de freguesia e a bancada da CDU boicotarem a sua acção, bate com a porta e avança para eleições antecipadas.
Mário Cantiga, depois de 30 anos como militante do Partido Comunista Português (PCP), apresentou a sua demissão ao partido a 24 de Junho, depois de vários meses de alegadas pressões e por nem sempre estar alinhado com o pensamento centralizado do directório concelhio do PCP.

“O PCP não é dono da CDU”
Na sexta-feira, 12 de Outubro, o PCP oficializou a saída, retirando a confiança política ao autarca e dizendo que deixou de ser eleito da CDU. “O PCP tem toda a autoridade para dizer que deixei de pertencer ao PCP, contudo é mentira que eu deixe de ser eleito da CDU. O PCP não é dono da CDU, ela é uma coligação onde estão muitos independentes e eleitos de outros partidos. Gente que votou em nós e nunca foi daquela cor política. O PCP não tem qualquer tipo de autoridade moral para dizer que não sou eleito deles”, refere a O MIRANTE.
Mário Cantiga lamenta que o PCP de Vila Franca de Xira tenha uma linha de pensamento “que ainda não chegou a 1974” e diz que demitir-se do partido foi um favor que lhes fez porque era uma pessoa incómoda, apesar de ter sido graças a ele que a CDU reconquistou a junta de freguesia aos socialistas, já há dois mandatos.
A gota de água para a decisão do autarca prende-se com as recentes iniciativas do PCP em Alhandra contra o encerramento do balcão da Caixa Geral de Depósitos. O autarca quis unir todas as forças políticas em torno do assunto para dar mais peso ao protesto mas o PCP não gostou. A situação levou, entre outras consequências, à dissolução de uma comissão de utentes multipartidária que fora criada envolvendo todos os partidos. Mário Cantiga não se reviu nessa postura e decidiu bater com a porta.
“Vejo agora que a CDU não existe, não é mais do que um instrumento para ganhar eleições. E eu não estou cá nessa perspectiva, quero é servir as pessoas, de todos os partidos. O PCP queria que eu fosse a voz e o eco das palavras que eles queriam ditar e isso para mim não dá. Eu e as pessoas do meu executivo temos vontade própria e o nosso projecto”, refere.

À procura de entendimentos
Mário Cantiga vai agora procurar entendimentos com as diferentes forças políticas na assembleia de freguesia para continuar a tentar gerir a junta. Mas no futuro não descarta a possibilidade de encabeçar listas independentes. “As pessoas conhecem-me, sabem que sou uma pessoa que diz sempre o que pensa, sou a mesma pessoa que era. Não sou comunista à segunda e deixo de ser à terça-feira, continuo a ser comunista mas apenas já não pago quotas para o PCP”, explica.

Carta explica demissão

Na carta de demissão enviada ao PCP Mário Cantiga explica, em cinco páginas, os motivos da decisão, fazendo várias considerações sobre algum desencanto que foi sentindo naquele partido. Diz nunca ter concordado com a visão internacionalista defendida pelo PCP, que assenta no modelo ideológico da antiga União Soviética. Confessa nunca ter aceite bem o conceito de centralismo democrático “que de democrático só tem mesmo o nome e não é mais do que um modelo onde uma pequena cúpula decide o que a grande maioria dos militantes terá de cumprir”, refere.

“Mentalidade do PCP de Vila Franca de Xira ainda não chegou a 1974”

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