Arrancaram na última semana as obras de demolição do velho armazém construído ilegalmente no início dos anos 90 às portas de Alverca, na Verdelha de Baixo, concelho de Vila Franca de Xira. É o concluir de um imbróglio jurídico que se arrastava há décadas e que muito transtorno causou aos moradores da zona, que chegaram a fazer manifestações de protesto e até a lançar abaixo-assinados contra a obra.
O espaço nunca foi utilizado e era palco de tráfico de droga. Para marcar a importância do momento, o presidente do município, Alberto Mesquita (PS), e o vice-presidente, António Oliveira, estiveram presentes no arranque da demolição, que está orçada em 70.800 euros e decorre até ao final deste ano.
A demolição do velho armazém tem como objectivo principal a preservação e valorização do dois obeliscos de pedra ali existentes, classificados como imóveis de interesse público e foram construídos em 1782 por iniciativa da rainha D. Maria I, como marcas cenográficas destinadas a assinalar o termo do território da capital.
A sua construção antecede, em seis anos, os doze marcos de légua que existiram na antiga estrada real que ligava Lisboa a Santarém, onde apenas um – situado em Castanheira do Ribatejo – ainda se encontra no seu lugar original. Os restantes encontram-se destruídos ou foram relocalizados e preservados noutros locais das diferentes freguesias.
Os dois padrões passam a ficar salvaguardados no centro de um espaço unicamente pedonal, passando a estrada a ocupar o local onde hoje está a ser demolido o armazém, melhorando ao mesmo tempo a entrada para a Verdelha de Baixo.
A demolição cria condições para a concretização da obra mais vasta de requalificação da Estrada Nacional 10, que está a decorrer entre Alverca e a Póvoa de Santa Iria e que visam transformar aquela estrada numa avenida urbana, com um corredor pedonal e ciclável entre as duas faixas.
A compra do velho armazém, recorde-se, foi aprovada por unanimidade em Maio em reunião de câmara por 325 mil euros. O município encontra-se também a negociar outra pequena faixa de terreno, ao lado de onde está a empresa Alliance Healthcare, que espera também conseguir trazer à sua posse para completar a requalificação.
“Vamos implementar uma ideia com muitos anos, que é a de preservar aqueles padrões da antiga estrada real, são um património fantástico e agora chegou a altura de os preservar”, explicou na altura o autarca.