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Arrancar com um negócio sem ter escritório, mobiliário ou equipamentos
João Lopes, Filipe Romão e Nuno Gomes (da esquerda para a direita)

Arrancar com um negócio sem ter escritório, mobiliário ou equipamentos

Apoio das Startups é fundamental mas há quem fale em “terrorismo fiscal”

A propósito do Dia do Empresário, que se assinala a 25 de Novembro, O MIRANTE ouviu alguns dos jovens investidores que se instalaram nas incubadoras de ideias de negócios, designadas “Startups”, de Santarém e Torres Novas. Todos elogiam o apoio que recebem e falam de alídvio burocrático mas queixam-se dos impostos e há mesmo quem fale em “terrorismo fiscal” que não leva em conta as dificuldades de quem está a arrancar.

A Startup é um bom local para procurar incentivos

A NUT de João Lopes, não está fisicamente no espaço da Startup, mas foi aqui que o encontrámos e onde nos contou como o projecto inicial “Os Foragidos” foi muito bem recebido pela Startup.
Formado em design gráfico e fotografia, João Lopes explica que a NUT - Os Foragidos nasceu da junção de três indivíduos na área da comunicação: ele próprio, João Pouseiro e Diogo Grilo.
Verificaram que existia uma lacuna em termos de comunicação na região do Médio Tejo. Faltava a parte de criação de conteúdos para o turismo. A ideia subjacente a Os Foragidos era a criação de uma série para a web sobre turismo de natureza que começaria na região e poderia progredir para todo o país. Contudo, e apesar da excelente recepção por parte dos mentores da Startup, alguns conflitos internos acabaram com o projecto Os Foragidos.
Manteve-se o projecto associado NUT, uma agência de comunicação, que conseguiu retirar mais-valias da Startup como a participação em vários workshops e a possibilidade de concorrer a programas de financiamento comunitário. João Lopes revela que foi atribuído à NUT recentemente um fundo para a aquisição de material na área do vídeo e da fotografia. “A NUT tem crescido e precisa de mais recursos humanos”, diz o empresário revelando que até ao final do ano a empresa irá fundir-se com a Reactiva, de Ourém, passando a chamar-se também Reactiva e trazendo para Torres Novas um conceito de Coworking que ainda não existe no concelho.
João Lopes, de 31 anos, conta-nos que é difícil ser empresário, sobretudo pela carga fiscal e pela burocracia associada. Contudo refere que existem incentivos, “mas é necessário saber procurá-los e a Startup é um bom local para isso”.

Uma ligação virtual à incubadora da Startup de Torres Novas

Filipe Romão integrou a StartUp de Torres Novas com a AppyFans, uma plataforma de marketing móvel que permite às marcas de grande consumo chegar aos seus clientes ou “fãs” através do comércio local.
Desenvolve carimbos virtuais e notificações para telemóvel que possibilitam às lojas, que são suas clientes, obter informação sobre os consumidores. “É o utilizador que tem o comando remoto na mão, é ele que decide a informação que quer ou não quer receber”, explica Filipe Romão. “Um vegetariano não vai receber notificações de um restaurante de carne”, garante, reforçando que toda a informação é personalizada.
A AppyFans começou um pouco antes da Startup de Torres Novas ser criada mas ao tomar conhecimento da criação daquela estrutura, decidiu associar-se, embora em incubação virtual, uma vez que não tem escritório nas instalações da Startup, mas sim no edifício Galinha, também em Torres Nova. Foi a Startup que o ajudou no primeiro teste (que reunia cerca de 10 lojas locais), na divulgação e nos contactos com empresas e com Startups de outras regiões. O empresário refere que estão agora a começar a receber as primeiras receitas.
Com três trabalhadores a tempo inteiro e um colaborador externo, explica que manter uma empresa é um esforço diário. “Considero-me um empresário, para o bem e para o mal”, enfatiza Filipe Romão, de 41 anos, realçando que os negócios não são lineares e lembrando também que seria importante aligeirar a carga fiscal.

“Estar numa Startup não me livra do pagamento de impostos”

Nuno Gomes, engenheiro de computadores, criou a Appnuma, Lda uma empresa de tecnologias de informação desenvolvimento e comercialização de software. Recebe-nos no seu escritório na Startup de Torres Novas (espaço criado para apoio ao desenvolvimento de ideias de negócio).
“Este local é despojado de objectos mas é confortável e tem tudo o que preciso”, diz Nuno referindo-se ao computador, peça essencial no seu trabalho. “Os arquivos estão armazenados na cloud (nuvem) e não há necessidade de espaço físico”, explica.
O empresário de Torres Novas trabalhou em Aveiro e em Lisboa antes de regressar às origens, no Verão de 2016. Pouco tempo depois nascia a Startup de Torres Novas que “por uma feliz coincidência” permitiu à Appnuma, para além de usufruir da infraestrutura, usufruir também do contacto com mentores mais experientes.
Nuno Gomes verificou que existiam muitas lacunas nos sistemas de gestão de conteúdos, gestão online e segurança das aplicações e criou a Appnuma com o objectivo de resolver essas falhas. A Appnuma desenvolve projectos como lojas online, gestão inteligente de energia em edifícios ou controlo de produtividade (em aplicações para a agricultura, por exemplo).
Com uma carteira de cerca de 20 clientes, Nuno Gomes explica que o objectivo é angariar mais clientes e aumentar a facturação, criar novos postos de trabalho e contribuir para a economia local. Confessa que é complicado começar mas que com o tempo e trabalho tudo se consegue.
“Quem nunca teve experiência de gestão tem que ter a cabeça bem assente, porque o facto de ser uma Startup não atenua, por exemplo, os impostos”, alerta o empresário de 36 anos. “É preciso ter uma mentalidade positiva e capacidade de resiliência porque ser empresário é uma luta constante”, sublinha.

É difícil ter sucesso

Paulo Madeira, responsável pela Solinet - Soluções Informáticas, Lda, empresa de desenvolvimento de software e assistência técnica na área dos sistemas e das redes informáticas, diz que a burocracia já não é o que era. “Hoje em dia já não há tantos entraves burocráticos à criação de empresas. O mais difícil é encontrar os caminhos para ter sucesso, nomeadamente no sector da informática”, refere.
Instadada na Startup de Santarém, a Solinet de Paulo Madeira existe há 18 anos e, neste momento, emprega 4 funcionários. “A competitividade é muita e ter um produto distinto para apresentar ao cliente... ter uma ideia nova, é que é o grande desafio”.
Neste momento, para encontrar solução para reforçar a sua competitividade, a Solinet está num período de “introspecção”. “Estar sediado numa incubadora de empresas é isto mesmo”, diz entre risos, “puseram-nos o bichinho da inovação e nós estamos a trabalhar nisso. Nesta área, como em qualquer área de negócio, parar é morrer”.

Começar a vender foi o mais difícil

Carlos Firmino conseguiu ver o seu sonho tornar-se realidade. O jovem de 39 anos, licenciado em Relações Internacionais e apaixonado pelo património cultural da região de Santarém, criou a ETC - Empresa de Turismo Cultural e iniciou, recentemente, a sua actividade.
Desenvolver a actividade de turismo cultural de Santarém era o seu objectivo, através de visitas temáticas à cidade. Sem fazer qualquer estudo de mercado, lançou-se na aventura de associar a história ao turismo e, há 6 meses, pediu ajuda à Startup.
“Só agora consegui passar à parte prática do projecto que era a venda do produto. Comecei a ter os primeiros contactos e consegui fazer a minha primeira visita guiada”, conta o jovem empresário.
Sediar-se na incubadora de empresas foi para este empresário uma grande alavanca. “Descobri o que o espaço tinha para oferecer. Além de poder sediar a empresa, a Startup dá-me acompanhamento ao nível da gestão do projecto”.

As empresas não vêem o marketing como um investimento mas como um custo

Foi a primeira empresa a instalar-se na Startup de Santarém em Março de 2016. A Crivosoft nasceu, começou a dar os primeiros passos e hoje conta com uma boa carteira de clientes, muito graças ao apoio da Nersant.
O empreendedor Vítor Lima conta porque decidiu apostar na criação da própria empresa. “Na altura pareceu-me muito interessante ir ao encontro daquilo que são as minhas competências e a minha experiência profissional e a criação do próprio emprego”, refere, acrescentando que não se arrepende. “Olho para trás e continuo a pensar que fez todo o sentido eu dar o salto para o empreendedorismo”.
A Crivosoft é uma empresa que se dedica ao marketing digital, uma área que dá algumas dores de cabeça aos empresários. Isto porque, explica, a maior dificuldade que sentiu no arranque da sua empresa é a mesma que sente actualmente. “As empresas não vêem o marketing como um investimento mas como um custo”. Neste sentido o empresário tem tentado lutar contra as “mentalidades fechadas”, sobretudo nas pequenas empresas.
Para Vítor Lima não é difícil ser-se empresário em Portugal. “O País já foi muito mais burocrático. Hoje em dia está melhor”, assinala. Neste momento dá emprego a três pessoas e não pensa sair do espaço da Startup Santarém. “Tenho aqui tudo o que preciso. O espaço é óptimo. E as relações de próximidade que temos com a Nersant são uma mais valia para atrair clientes”, sublinha.

Dono da Ribatec diz que a carga de impostos a pagar é “terrorismo”

Miguel Pereira é um jovem empresário mas com muita experiência ao nível da área da automação industrial, engenharia e projecto mecânico. Criou a Ribatec em 2015 e desde Janeiro deste ano que se instalou na Startup de Santarém. Trabalhava a partir de casa e com a expansão da carteira de clientes viu necessidade de deslocar os serviços para um local mais formal.
Para este jovem empresário, o principal obstáculo que teve que contornar no início da actividade foi a carga de impostos, nomeadamente o Imposto de Valor Acrescentado (IVA). “É puro terrorismo o que se passa no nosso País, em termos de impostos, para quem quer abrir actividade”, recorda Miguel Pereira. “Com a inexperiência e com a falta de capital inicial é muito complicado e cometem-se muitos erros”, justifica.
Neste momento ainda trabalha sozinho mas os clientes têm reparado nos serviços que oferece. “Em termos de visibilidade estar sedeado na Nersant e ter um site na internet, foram os grandes potenciadores da expansão”, conclui.

Arrancar com um negócio sem ter escritório, mobiliário ou equipamentos

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