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“Azambuja não é uma freguesia fácil”
Inês Louro está no segundo mandato à frente da junta de Azambuja sem maioria absoluta

“Azambuja não é uma freguesia fácil”

Inês Louro é a única mulher presidente de junta no concelho. Presidente da Junta de Freguesia de Azambuja diz que já é tempo de a oposição parar de criticar sem fundamento a falta de limpeza urbana e afirma que há ruas que, por mais que se limpe, estão sempre sujas, devido à falta de civismo. Inês Louro ferve em pouca água e é conhecida como a “festivaleira”, alcunha a que diz já estar habituada.

Contratar mais recursos humanos para a Junta de Freguesia de Azambuja é uma medida considerada urgente no segundo mandato de Inês Louro (PS) à frente dessa autarquia, que continua sem meios para dar resposta eficiente às competências que lhe estão atribuídas, designadamente no que toca à limpeza urbana. A presidente de junta precaveu-se e tem orçamentada verba para em 2019 contratar, pelo menos, mais dois funcionários. Mas também passou a ser presidente a tempo inteiro.
Inês trocou o escritório de advocacia pela junta de freguesia e diz a O MIRANTE que a decisão está relacionada, em parte, com a falta de recursos humanos da autarquia, o “maior problema que a Junta de Azambuja enfrenta”. “Tive de tomar as rédeas, embora soubesse que me estava a prejudicar profissionalmente”. A decisão já lhe valeu duras críticas da oposição social-democrata, que a acusa de receber um ordenado de presidente a tempo inteiro, mas deixar a freguesia ao abandono.
É entre papelada, atendimento e o trabalho de rua que Inês Louro se divide. Gosta de estar onde é precisa e não se importa de ser pau para toda a obra, ajudando no que pode e acompanhando o trabalho diário dos funcionários. “Nas duas primeiras horas recolhemos os monos por toda a freguesia. Uma competência que é da responsabilidade da câmara, mas que decidimos assegurar, porque sempre que havia monos por recolher era à junta que apontavam o dedo, injustamente”, conta.
“Azambuja não é uma freguesia fácil. Temos 11 mil habitantes, num concelho com 22 mil, divididos pelas restantes seis freguesias já unificadas. É aqui que se localizam os serviços e o comércio”, refere. E com mais pessoas a circular, mais lixo se acumula pelas ruas. Uma situação que deixa Inês Louro de nervos à flor da pele. “Cada pessoa tem de ser mais responsável, há ruas da freguesia que por mais que se limpe estão uma vergonha”, diz.
A sensibilização da população para essas questões é um trabalho projectado pelo executivo para 2019. A acção ainda está em estudo, mas Inês Louro adianta que vai envolver os alunos de primeiro ciclo em trabalhos manuais que depois serão afixados pela freguesia. Mais funcionários nas ruas a cuidar da limpeza urbana, em parceria com a Câmara de Azambuja - responsável pela recolha de resíduos urbanos - também é meta traçada.

Silvino Lúcio daria melhor presidente
Inês Louro gosta de políticos com garra e por esse motivo preferia ver o actual vereador Silvino Lúcio (PS) no lugar do presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa (PS). “Houve uma divisão na comissão politica do PS e a minha opção recaiu sobre o Silvino Lúcio. Vejo-o como uma pessoa absolutamente apaixonada pelo concelho e um puro militante do PS, que está lá para as grandes decisões e para resolver as pequenas coisas”, justifica.
Por outro lado, diz, “o Luís de Sousa apanhou um primeiro mandato difícil de reequilíbrio das contas e conseguiu. Tem sangue novo na vereação e um orçamento que prova que Azambuja está no caminho certo”. Quanto ao orçamento acordado entre a câmara e a junta, Inês Louro diz que “nunca nenhum autarca tem o orçamento que deseja”, mas nota que o presidente da câmara “não tem tendência para Azambuja”, tentando dividir as verbas e obras por todo o concelho.

A junta é serviço de proximidade

“Uma junta de freguesia serve para tudo e não serve para nada. Quando as pessoas precisam de ajuda para alguma coisa recorrem à junta, o que por um lado denota alguma proximidade. Mas as competências próprias resumem-se a atestados e registo de canídeos”, critica a presidente, que espera que com as alterações legislativas sobre as transferências de competências, as juntas acumulem mais poder de acção e decisão.

Uma advogada fã do ténis de mesa

“Sou denominada como presidente festivaleira e não me importo com isso”, afirma Inês Louro. Diz-se orgulhosa por ter conseguido recuperar a procissão de Nossa Senhora da Assunção nas festas da freguesia e ter trazido mais populares às largadas de touros, alterando a sua localização para o centro da vila.
Inês Louro tem 45 anos e estreou-se na política aos 16 como militante da Juventude Socialista.
Assumiu o primeiro cargo político em 2009, enquanto presidente da Assembleia de Freguesia de Azambuja, e está no segundo mandato como presidente da junta, sempre sem maioria absoluta. Advogada de profissão foi nascer a Vila Franca de Xira, mas sempre viveu em Azambuja. Mãe de uma menina de 12 anos e de um rapaz de 14, optou por colocá-los no ensino particular, num colégio em Lisboa. Não gostam que a mãe seja presidente de junta porque sempre que saem com ela à rua surge uma abordagem de algum freguês.
Inês Louro integra o secretariado do departamento federativo das mulheres socialistas de Lisboa. É apaixonada por ténis de mesa e presidente da assembleia geral da Federação de Ténis de Mesa. Diz que não é de mau feitio gratuito e que o que a tira do sério são as pessoas que chegam atrasadas aos compromissos. Gosta de viajar e tirar ideias dos locais por onde passa para a sua freguesia.

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