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Ir de madrugada para a porta do centro de saúde à espera de consulta
Jaime Pereira, Michele Alice e Francisco Cipriano

Ir de madrugada para a porta do centro de saúde à espera de consulta

Utentes de Castanheira do Ribatejo enfrentam o frio nocturno mas mesmo assim, por vezes, não conseguem ser atendidos.

A Extensão de Saúde de Castanheira do Ribatejo continua a ser aquela no concelho de Vila Franca de Xira em que os utentes têm de pernoitar à porta do edifício para conseguirem uma consulta. Nalguns casos, os utentes abandonam as instalações sem terem conseguido vaga.
“O cenário repete-se há vários anos. Chego por volta das 06h30, já com 20 pessoas à minha frente, e quando chega a minha vez para fazer marcação já não consigo vaga para esse dia”, conta a utente Michele Alice.
Na sexta-feira, 11 de Janeiro, cerca das 07h30, o cenário que a utente descreve a O MIRANTE confirma-se. Cerca de duas dezenas de pessoas aguardam na rua pela abertura de porta, às 08h00, numa manhã em que o termómetro anda perto dos zero graus.
Michele Alice, 39 anos, diz estar “há duas semanas a tentar marcar consulta” e nesse dia voltou para casa sem ter conseguido marcação. “Quando telefono para cá a resposta que me dão é para me dirigir aqui para ver se consigo uma vaga. Nunca consegui marcar por telefone”, salienta.
Francisco Cipriano, 53 anos, utente dessa Extensão de Saúde, refere que “é raro alguém atender o telefone”. Como alternativa desloca-se para o edifício de madrugada e quando chega “já está o caos instalado, com pessoas a dormir à porta”.
A residir há 13 anos em Castanheira do Ribatejo, Francisco Cipriano ficou há três sem médico de família. “Assim torna-se mais difícil conseguir consulta, porque só há quatro ou cinco vagas por médico. Venho às 07h00 e esto u desde segunda-feira para conseguir uma consulta e só hoje, sexta-feira é que consegui”.
“Resistência aos novos procedimentos”
Segundo a directora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo, Maria do Céu Canhão, “as orientações existem”, mas “há resistência aos novos procedimentos” de marcação, com as administrativas a sentirem “dificuldade em atender os telefones” enquanto têm marcações presenciais para fazer. Como alternativa, lembra que está em funcionamento o e-mail da unidade (atendimento.castanheira@csvfxira.min-saude.pt), através do qual os utentes podem pedir a marcação da sua consulta.
“Não há necessidade de os utentes irem para lá a essas horas. Os médicos têm vagas para atender o utente a partir das oito horas”, afirma Maria do Céu Canhão, lamentando que alguns utentes “utilizem as consultas destinadas ao atendimento por doença aguda para mostrar exames médicos”.
De acordo com a directora executiva, na Extensão de Saúde de Castanheira do Ribatejo, que é composta por uma Unidade de Saúde Familiar (USF) e por uma Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) exercem três médicos especialistas de Medicina Geral e Familiar, com 5.054 utentes. Por sua vez, a UCSP dá resposta a 3.074 utentes, sendo que 1.664 não têm médico de família atribuído. Para dar resposta a estes últimos, explica Maria do Céu Canhão, “o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Estuário do Tejo recorre à prestação de serviços médicos através de uma empresa”.

Monitores de chamada de utentes não funcionam

Nesta mesma Extensão de Saúde, o  painel de chamada que informa o utente que chegou a sua vez de ser atendido, não funciona há cerca de dois anos. Um dos utentes, Jaime Pereira já fez reclamação por escrito ao ACES, mas a situação continua por resolver.
Contactado por O MIRANTE, o ACES explica que foi efectuada “recentemente a mudança de software no sistema de informação, aguardando-se que sejam configurados os monitores de chamada para o novo software”.

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