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Falta de acessos é apenas um dos problemas da Quinta dos Anjos
Moradores da Quinta dos Anjos estão apreensivos com os vários problemas que estão por resolver

Falta de acessos é apenas um dos problemas da Quinta dos Anjos

Moradores sentem-se enganados e os anos vão passando sem que nada aconteça. Casas abandonadas, espaços exteriores sem manutenção e falta de acessos. Quem vive na Quinta dos Anjos, em Castanheira do Ribatejo, está gradualmente a perder a esperança de ver os seus problemas resolvidos. Bombeiros admitem dificuldades no socorro porque ambulâncias não chegam ao interior da urbanização.

Conformados, resignados e sem esperança. É assim que estão muitos moradores da Quinta dos Anjos, na Castanheira do Ribatejo, uma urbanização de sonho que se tornou num pesadelo. A maioria cansou-se de lutar e defender os seus interesses. É o resultado de uma década de apelos que sempre encontraram respostas vazias e soluções que não passaram de promessas.
Não há acessos – o único é feito por baixo de uma conduta da EPAL e os carros com altura superior a 2,70 metros não passam – o promotor faliu, a banca ficou dona do espaço e ignora quem ali vive e a câmara tem-se mostrado incapaz de resolver o assunto. O MIRANTE visitou a urbanização e falou com quatro moradores.
Há casas abandonadas que nunca ficaram completas e o interior foi saqueado. Tiveram de ser muradas porque estavam a ser ocupadas por toxicodependentes. O espaço desenhado para receber uma piscina transformou-se numa lagoa e os moradores tiveram de pagar do seu bolso para a tapar, mas depois o espaço transformou-se numa selva de mato, ervas e roedores. Os passeios estão por limpar. O lixo não é recolhido com frequência.
Abandono é a palavra mais ouvida. Osvaldo Silvestre vive na urbanização desde 2004. “Estamos aqui abandonados pela câmara e pela junta, não vemos qualquer intervenção na urbanização em tempo adequado e quando se faz alguma coisa é de forma reactiva, porque pedimos por e-mail. O que vai valendo são alguns moradores juntarem-se e meterem mãos à obra do seu bolso. Os acessos são um problema mas não são o único”, lamenta.

A ideia errada de ser zona de gente rica
Outro morador, Francisco Sanches, lembra que a urbanização sempre sofreu de um perigoso estigma na localidade. “Muita gente pensa que aqui só vive gente rica quando isso não é verdade. Basta ver a quantidade de casas que ficaram vazias quando a crise bateu. Muita gente está a vender as casas e a ir embora. Viver aqui já tem muito pouca coisa de bom. Isto não é um condomínio fechado, é aberto ao público, por isso merecia a mesma atenção que outros espaços públicos da Castanheira”, confessa.
Tal como o vizinho, Manuel Pereira, vive numa casa situada junto ao sítio onde deveria ter nascido uma piscina. O problema é que a falta de conclusão da obra ditou que nunca foram feitos os sumidouros de água, pelo que quando chove a água infiltra-se pelos terrenos e está a destruir as casas, fruto da própria configuração da urbanização, construída numa encosta.
“A escorrência das águas está a destruir-me a casa, há rachas por todo o lado. O muro de contenção de terras do parque não tem saídas de água, quando chove bastante a água fica lá dentro e infiltra-se pelas terras. Pelas costuras do betão chegam a sair jactos de água, é incrível. Essa água está a destruir o enrocamento das casas, tenho janelas fora de esquadria, portas que deixaram de fechar e algumas janelas que já não abrem”, lamenta Manuel Pereira.

Bombeiros admitem riscos e câmara procura alternativas

O comandante dos bombeiros da Castanheira, Mário Batista, admite a
O MIRANTE que podem existir riscos de segurança na urbanização, isto apesar de estarem sempre garantidos os melhores esforços para acudir às necessidades. “É uma zona que nos preocupa e ainda há pouco tempo tivemos lá uma ruptura de água. Felizmente não houve necessidade de passar uma ambulância mas se tivessemos de passar não conseguíamos, não temos meios para chegar rapidamente às vítimas. A Câmara de Vila Franca de Xira tem conhecimento há muitos anos daquela situação”, refere.
O responsável explica que em caso de incêndio os bombeiros usam caminhos florestais alternativos para chegar às habitações. “De Verão passamos bem mas de Inverno torna-se mais difícil devido às condições do piso. Temos um veículo urbano que passa debaixo do viaduto da EPAL mas o autotanque já não pode aceder directamente”, alerta.
O serviço de protecção civil municipal, contactado por O MIRANTE, explica que a urbanização foi construída há 15 anos e que as alternativas ao actual acesso não se concretizaram por incumprimento da empresa promotora da urbanização.
“Ao longo destes anos têm sido equacionadas alternativas de acessibilidade que não têm sido possíveis de desenvolver, devido à dificuldade em compatibilizar com as áreas de servidão das condutas da EPAL. Esta situação está identificada, estando a ser acompanhada pela câmara, que está a analisar duas propostas alternativas a este único acesso. Em momento oportuno serão objecto de um parecer por parte do serviço municipal de protecção civil e dos bombeiros”, explica o município.
Quanto ao acesso de viaturas de emergência, a câmara admite que a passagem actual “limita o seu uso em parte daquela urbanização” e que o combate a um eventual incêndio urbano “terá de ser efectuado com recurso a viaturas ligeiras de combate a incêndios, cujas dimensões permitem aceder a toda a urbanização”.

Falta de acessos é apenas um dos problemas da Quinta dos Anjos

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