A Câmara de Vila Franca de Xira prometeu há seis meses mas ainda não apresentou uma solução para passar a tutelar a marina da União Desportiva Vilafranquense (UDV), clube que está a ser investigado por causa do desaparecimento de 220 mil euros. Esse dinheiro foi entregue pelo município ao clube como contribuição para as obras de construção da marina.
“A marina é imprescindível para a cidade e para os nossos planos de promoção turística mas não tem sido fácil encontrar uma forma de resolver o assunto, estamos a trabalhar numa solução que permita fechar esse problema”, explicou o presidente do município, Alberto Mesquita, na última semana, à margem da apresentação da nova imagem visual do concelho.
A UDV tem responsabilidades naquele problema e os novos dirigentes já o assumiram perante a câmara, garante o autarca. “E não temos ali só o problema da marina, temos também o problema da manutenção e nisso vamos apoiar. Existe hoje uma ligação forte entre a câmara e o clube para resolver aquele problema e estamos disponíveis para apresentar em breve uma proposta nesse sentido em reunião de câmara”, refere Alberto Mesquita.
O autarca falava ainda da ambição do município em vir a promover mais actividades náuticas e de recreio no Tejo, “mas para isso o rio tem de o permitir” e a marina tem de estar em funcionamento, notou. “O rio é um aspecto decisivo, abrange 23 quilómetros da nossa frente ribeirinha, precisamos de chamar a atenção do Estado para tratar o nosso rio. É um património que se exige preservado”, defende.
O autarca já tinha dito que é preciso saber “para onde foi o dinheiro” dado pela câmara ao clube e que é preciso que se vá “mais fundo” na avaliação da situação.
Em causa, recorde-se, está o pagamento em falta à empresa construtora da marina de Vila Franca de Xira. A obra deveria ter sido paga entre o UDV e a câmara, tendo o município entregue ao clube, em 2003, o cheque para pagar a sua parte. O problema é que esse dinheiro desapareceu e ninguém prestou contas sobre o assunto, obrigando a câmara, na prática, a vir pagar duas vezes a mesma obra.
O facto dos dois principais dirigentes do clube, à data, já terem morrido e não haver documentação que mostre o paradeiro do dinheiro, são alguns dos factores para complicar o apuramento da verdade. Mesquita já admitiu que a situação vai obrigar a câmara a pagar novamente a mesma obra e a apresentar uma proposta de apoio extraordinário para saldar a dívida com a empresa construtora da obra, justificando essa actuação com o “interesse público” da marina.