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Novas tecnologias no Hospital de Santarém para serviço de saúde com menos deslocações
Ana Infante lidera o novo conselho de administração do HDS, em funções há cerca de seis meses

Novas tecnologias no Hospital de Santarém para serviço de saúde com menos deslocações

A nova administração do Hospital Distrital de Santarém, liderada por Ana Infante, em funções há cerca de seis meses, está a desenvolver vários projectos para colocar a unidade hospitalar na vanguarda da prestação de cuidados e na comunicação e interligação com utentes e outras unidades. Um dos projectos é a hospitalização domiciliária e está prevista a implementação da teleconsulta e de uma plataforma que vai facilitar a marcação de consultas. O hospital vai ainda ser pioneiro num programa nacional de interacção com os centros de saúde.

O Hospital Distrital de Santarém tem em marcha vários projectos que aumentem a prestação de cuidados aos cidadãos e ao mesmo tempo que evitem deslocações. Um desses projectos é a hospitalização domiciliária e tem de estar no terreno em Junho. A iniciativa envolve mais vinte hospitais, segundo explica a presidente do conselho de administração, Ana Infante, na primeira parte desta entrevista que foi publicada na edição anterior. A administradora garante que se está a desenvolver o processo para serem destacados seis enfermeiros para a equipa, que inclui médicos, e vai ser adquirida uma viatura. Com este projecto as pessoas evitam deslocações ao hospital, com a vantagem também para a sua recuperação de poderem estar no conforto do lar e receberem os cuidados de saúde.

Na linha da frente da ligação com centros de saúde
O hospital vai ser pioneiro ao nível de uma plataforma que se chama Sistema Integrado de Gestão do Acesso (SIGA SNS), que permite o livre acesso dos utentes ao Serviço Nacional de Saúde. O sistema funciona com o envolvimento dos médicos de família, que vão ajudar o doente a optarem pela melhor solução no seu caso para a primeira consulta da especialidade. O médico de família acede à plataforma e em conjunto com o doente agenda a consulta num hospital que tenha o menor tempo de espera.
Ana Infante evidencia que este projecto é importante na interligação entre hospitais e cuidados de saúde primários. “O hospital referencia para o centro de saúde do doente e vice-versa. O hospital referenciar para o centro de saúde não é novo, o que vai ser novo na nossa parte é o contrário”, realça a administradora, salientando que o projecto vai iniciar-se com o Centro de Saúde de Coruche.

Teleconsulta e comunicação digital
O recurso às novas tecnologias é outra aposta do novo conselho de administração, em funções há cerca de seis meses. E de que forma é que os novos meios vão ajudar as pessoas? “A nossa aposta para este ano é implementar a teleconsulta e a telemonitorização. Estamos a falar da motorização dos doentes com patologias mais crónicas, por exemplo, na área da insuficiência cardíaca e da pneumologia. Se esses doentes forem monitorizados em casa, deixam de vir ao hospital”, explica a administradora. Uma forma de reduzir o acesso às urgências, sobretudo de pessoas mais vulneráveis, que assim também evitam estar expostas a factores de risco.
Outra ideia a implementar é a comunicação entre o hospital e os doentes, com o recurso às tecnologias da informação e comunicação. O hospital pretende instalar quiosques digitais, que permitem agilizar as visitas de familiares e até marcar consultas. Além de se apostar na comunicação com o envio de mensagens para os telemóveis dos doentes a informarem e/ou confirmarem as datas das consultas ou tratamentos, por exemplo.

A consulta tudo em um
Estes novos sistemas juntam-se a um outro que já estava em funcionamento antes da entrada do novo conselho de administração e que se está a revelar um sucesso. Trata-se de “uma consulta de ambulatório de alta resolução, em que os doentes, principalmente os das freguesias mais afastadas, no mesmo dia fazem a consulta, o meio complementar de diagnóstico e até pequenas cirurgias”. Esta consulta para já funciona no âmbito do serviço de cirurgia geral, mas pretende-se alargá-la a outros serviços como a dermatologia. Este serviço, que também evita várias deslocações ao hospital, poupando-se tempo e recursos, recebeu um prémio de boas práticas na saúde.

Santarém é um grande desafio

Estava habituada à administração hospitalar na Grande Lisboa. O que pensou quando veio para Santarém?

É um desafio profissional. A vida é feita de mudança e temos que sair da nossa zona de conforto.

Deve estar a ser mais um teste às suas capacidades.

Os hospitais são sempre um desafio porque os problemas são muitos, mas a realização também é positiva. O balanço é muito positivo. Temos uma equipa do conselho de administração que não se conhecia, com saberes diferentes, mas que é coesa e está unida no objectivo de diferenciar o hospital, dando mais e melhores cuidados de saúde à população ribatejana.

É raro haver um conselho de administração em que as cinco pessoas nunca tinham falado antes.

Raríssimo. Podia correr muito mal. Ou podia correr muito bem, que é o que está a acontecer. Há personalidades diferentes, mas as nossas perspectivas diferentes complementam-se.

Já teve tempo para andar pela cidade?

Já conhecia a cidade, porque foi em Santarém que iniciei a minha actividade profissional num projecto do Centro Cultural Regional de Santarém de caracterização do distrito. Desde que cheguei ao hospital não tenho tido tempo para ir à cidade. Têm sido seis meses de trabalho muito intenso e estou muito absorvida.

Mas já deve ter passado pelo centro da cidade. Notou diferenças?

Estava habituada a um centro com pujança, activo e vivo e estranhei o que vi agora.

Trabalha quantas horas por dia?

Há dias que se trabalha muitas horas e há dias mais calmos. Nestes primeiros tempos é necessário muita dedicação, para percebermos a cultura institucional, os poderes e os problemas. Há situações que desconhecíamos. O médico e o enfermeiro que fazem parte do conselho de administração estavam cá, mas não estavam dentro dos problemas da gestão.

Porque é que foi escolhida para administrar um hospital que estava a viver vários problemas?

Foi alguém que reconheceu as nossas capacidades e que achou que era um desafio, eu achei que era um desafio.

Quem é Ana Infante?

Ana Marília Barata Infante nasceu a 13 de Março de 1962 em Lisboa. Licenciou-se em Sociologia pelo ISCTE em 1986 e foi com esse curso que começou o seu primeiro trabalho em Santarém, num projecto de caracterização do distrito de Santarém no Centro Cultural Regional de Santarém. Quando o projecto estava a chegar ao final, Ana Infante teve de pensar em alternativas de emprego e decidiu fazer uma pós-graduação em Administração Hospitalar, em 1990, na Escola Nacional de Saúde Pública. Desde essa altura que está ligada à administração hospitalar.
De 2007 a Julho de 2018 exerceu funções de administradora hospitalar de segunda classe no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. Antes, logo após o curso de administração hospitalar, exerceu funções do Instituto Português do Sangue (1990-1994), seguindo-se o Hospital Pulido Valente, Hospital de Santa Cruz e Centro Hospitalar de Cascais. Foi administradora delegada nos Hospitais Distritais do Fundão e da Covilhã. Fez parte da equipa que criou o Centro Hospitalar da Cova da Beira, tendo pertencido à comissão de acompanhamento deste centro hospitalar onde foi também vogal executiva. No seu percurso profissional conta-se ainda o cargo de vice-presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil, entre 2001 e 2003.

O hospital em números durante 2018

2.182,929 exames complementares e de diagnóstico; 144.300 consultas; 132.556 urgências; 9.067 cirurgias; 1.081 nascimentos na maternidade; 491 médicos; 600 enfermeiros; 133 assistentes técnicos; 1.857 funcionários no total; 49.291,081 euros, de custos com pessoal.

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