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Celebrar cem anos a cantar ao piano
Cesaltina Piedade comemorou o seu centenário na companhia da família e amigos do lar em Castanheira do Ribatejo

Celebrar cem anos a cantar ao piano

Não há uma fórmula para se chegar aos 100 anos e continuar alegre, com a saúde nos eixos, rodeado de amigos e família. Se houvesse poderia ter sido descoberta por Cesaltina Piedade. Centenária desde 7 de Março celebrou em ambiente de festa, no lar onde reside, em Castanheira do Ribatejo.

Cesaltina Piedade nasceu a 7 de Março de 1919, em Alenquer, mas o trabalho levou-a para o Sobralinho (Vila Franca de Xira) onde casou, constituiu família e viveu até aos 90 anos. Chegou a frequentar um centro de dia e à noite retornava a casa. Durou pouco tempo. Escolheu ir para o Lar Evangélico de Betel, em Castanheira do Ribatejo. No sábado, 9 de Março, foi nessa casa, agora a sua, que a avó Cesaltina, como carinhosamente é chamada, celebrou o centésimo aniversário.
Aos cem a memória já não está tão fresca como queria, mas da infância lembra-se ao pormenor. De ir para a escola descalça com uma “malinha” de sarapilheira. De varrer a casa com uma vassoura de junco e ajudar a mãe a preparar açorda e caldo verde. Era o sol que lhe aquecia a água do banho, a dos ribeiros que corriam na aldeia do Paiol. O frio fazia-a tremer, mas não voltava a casa sem o banho tomado. “Era pobrezinha, mas muito asseadinha”, diz com convicção. O pai nunca soube quem foi, por isso tem o “nome curtinho”. Aos 11 anos foi servir para “uma casa de gente rica”, em Lisboa, e aos 16 foi mãe.
Namorados só teve um. Chamava-se Serafim Ramalhete e namoriscava-o às escondidas numa quinta onde ambos trabalhavam, em Alverca. “Um malandro que andava atrás de mim, mas eu gostava dele”, diz. Foi com Serafim Ramalhete, já falecido que casou. À história do casal junta-se um filho, uma neta, um bisneto e uma trineta.
Enquanto fala olha para a neta, Filomena Matos, para a ajudar a recordar. “A avó lembra-se quando íamos passear e cantava o caminho todo?”, pergunta a neta. “Lembro-me lá dos versos, já não sei nenhuns. Mas era muito brincalhona e gostava de dançar”, diz.
Filomena cantou-lhe ao ouvido, mas a avó Cesaltina não soltou uma nota. No momento da festa perante os seus convidados, os versos saltaram-lhe da memória. Cantou com vigor, acompanhada ao piano pelo bisneto Sérgio Matos. A trineta, de 9 anos, Íris Matos, mostrou de seguida os seus dotes ao piano.
Durante a festa, que durou toda a tarde, recordaram a alegria de viver da avó Cesaltina. Um poço de histórias, que de vez em quando brinda as técnicas e utentes do lar com o seu mau feitio. No último Natal teimou que não ia ao almoço oferecido pela junta de freguesia, mas chegado o dia foi a primeira a entrar para a carrinha. “Achavam mesmo que eu ia faltar?”, disse.

Café: a fonte da juventude

Cesaltina Piedade diz que se houvesse uma fonte da juventude, em vez de água jorrava café. “Há quem diga que faz mal, mas eu bebo muito, bebi toda a vida. Quando trabalhava na fábrica de lãs, no Sobralinho, levava uma garrafa térmica só com café puro”, diz. “E ainda hoje pede uma bica”, acrescenta a neta.

Celebrar cem anos a cantar ao piano

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