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Media regionais têm melhores perspectivas de futuro
J. M. Nobre Correia apresentou o seu livro “Média, Informação e Democracia” na redacção de O MIRANTE em Santarém

Media regionais têm melhores perspectivas de futuro

Professor J. M. Nobre Correia esteve na redacção de O MIRANTE para falar de jornalismo. No jornalismo local há uma maior exigência de rigor, pela proximidade entre fontes, assuntos e jornalistas, mas é preciso que os jornais mantenham a autonomia e ajam como contrapoder, considera o autor de “Média, Informação e Democracia”. Um equilíbrio difícil num meio que sofre de dificuldades financeiras permanentes.

“Os media regionais e locais têm potencialmente melhores perspectivas de futuro do que os nacionais”. Foi assim que J. M. Nobre Correia iniciou a conversa perante uma plateia de jornalistas na redacção de O MIRANTE onde apresentou na quarta-feira, 13 de Março, o livro “Média, Informação e Democracia”, da sua autoria.
Segundo o autor, o leitor interessa-se por aquilo que lhe é próximo e é aí que a resposta do jornalismo regional difere da do jornalismo nacional. “O jornalista local conhece as pessoas, conhece os sítios, a junta de freguesia ou os eleitos de uma assembleia municipal. Sabe que não pode falhar um nome, sabe que há uma maior exigência de rigor”, refere.
Nobre Correia considera a situação da imprensa nacional como trágica. Portugal é o país da União Europeia onde se vendem menos jornais e a introdução das novas tecnologias, como a Internet, não veio facilitar, provocando uma mudança de concepção no tratamento da informação que traz custos e investimentos acrescidos para os meios de informação. “A urgência em dar a notícia implica que haja mais jornalistas nas redacções e mais técnicos que dêem resposta às novas solicitações tecnológicas”. Todos estes factores conduzem a maiores gastos que têm que ser compensados com publicidade e com uma fonte de receitas diversificada.
“Não estou nada convencido que seja a melhor forma de jornalismo haver tantos jornais e rádios locais, porque isso significa uma limitação das receitas e do potencial de desenvolvimento assim como a dificuldade de manter uma redacção consistente”, diz o autor, acrescentando que os jornais têm que ter autonomia em relação aos poderes instituídos para poderem agir como contrapoder.
Para Nobre Correia os jornais impressos não tendem a desaparecer porque há muitos leitores que ainda preferem o papel. Há, isso sim, uma adaptação aos novos media que leva a um consumo diferente. “Algo que sempre aconteceu” lembra Nobre Correia, referindo que “sempre que um novo meio aparece não elimina o meio precedente mas leva a um consumo diferente”.
Foi o que aconteceu entre a rádio e a televisão. Cada meio ganhou o seu espaço e o seu público. Para resistir, o papel tem que se adaptar e oferecer aquilo que a rádio, a televisão e a Internet não dão: mais informação e, sobretudo, informação contextualizada porque jornalismo não é só o factual.
Questionado pelos jornalistas de
O MIRANTE sobre a precariedade muitas vezes associada à profissão, Nobre Correia responde que para se fazer um bom trabalho existem três condições essenciais: gostar do que se faz; trabalhar com pessoas de quem se gosta; e ser pago correctamente.
“Média, Informação e Democracia” é uma recolha de artigos inicialmente escritos em francês e publicados em diversos países europeus em revistas de carácter académico. Nesta obra Nobre Correia reflecte sobre a evolução tecnológica, económica e sociológica dos media na Europa e como são informados os cidadãos numa sociedade democrática onde, nos últimos anos, a desmonopolização dos media provocou uma proliferação da informação ao dispor de cada um.
J. M. Nobre Correia tem 72 anos, é natural do Fundão, e viveu mais de meio século em Bruxelas onde foi estudante, investigador, assistente e professor. Leccionou nas universidades de Bruxelas, Paris e Coimbra. Actualmente colabora com os jornais Público e Expresso.

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