A Rua António Amaro dos Santos, em Aveiras de Cima, onde se concentra parte do comércio local e que permitia acesso directo ao Largo da República, passou a ser interdita ao trânsito no sentido poente-nascente. Os comerciantes queixam-se da perda de receitas e de a alteração ter afastado os clientes do núcleo urbano daquela localidade.
Na última sessão da Assembleia Municipal de Azambuja, um grupo de comerciantes referiu que a alteração ao trânsito lhes prejudica o negócio, porque fazendo-se apenas num sentido limita o acesso da população às ruas mais centrais da vila, onde se localiza a grande parte das lojas comerciais.
Olinda Ramalho, uma das comerciantes presentes, disse a O MIRANTE que “quando se trava o trânsito nas localidades, afasta-se automaticamente a população das lojas do comércio local, porque hoje é rara a pessoa que se desloca a pé para fazer compras”. Proprietária de uma pastelaria naquela vila, há uma década diz que “nunca sentiu tanto impacto na receita como agora”.
Também Rui Casto lamenta o resultado do novo regulamento de trânsito, que “altera a mobilidade dentro de Aveiras”, deixando de servir os interesses do comércio local. “Criamos o nosso próprio posto de trabalho e subsistimos em função dos nossos negócios, logo quando as coisas correm mal tem implicações directas na nossa vida”, disse na sessão de assembleia.
Ana Abreu, gerente de uma papelaria na Rua Amaro dos Santos, critica as mudanças que diz estarem a penalizar o seu negócio em 50 por cento. “Se antes já havia pouco estacionamento, agora com a nova sinalização nem é permitido os clientes pararem em frente à papelaria”, diz a O MIRANTE.
Recorde-se que o Novo Regulamento de Trânsito do Núcleo Urbano de Aveiras de Cima começou a ser posto em prática no final do ano passado, após ter sido aprovado em assembleia municipal em Abril de 2018.

Município diz que vai analisar queixas
A vereadora Sílvia Vitor (PS), presidente em exercício na última assembleia municipal, lembrou os comerciantes que a decisão de alteração à postura de trânsito “foi uma decisão tomada em conjunto”, tendo envolvido vereadores e deputados municipais, a junta de freguesia e a população local.
“Foi adjudicado o serviço a uma empresa certificada para o efeito que estudou o trânsito de forma pormenorizada e agendadas várias reuniões na junta de freguesia e duas reuniões com a comunidade”, tendo estado o documento 45 dias em discussão pública para que todos se pudessem pronunciar, referiu.
Após a contestação dos comerciantes, o vereador Silvino Lúcio (PS) disse que aquele “não é um documento fechado” e que o município “tem a capacidade de voltar a analisar e ver se fazem sentido novas alterações para beneficiar o comércio local”. O vereador António Matos (PS) disse que a autarquia está a “potenciar o estacionamento”, mostrando preocupação em ir ao encontro das necessidades dos comerciantes locais.