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Footkart é uma escola de futebol que trabalha como um clube profissional
Vasco Carvalho preside ao Footkart há seis anos e no próximo mês é candidato a mais um mandato

Footkart é uma escola de futebol que trabalha como um clube profissional

Clube de Almeirim concentra-se na formação de jovens numa dinâmica de envolvimento dos pais e da cidade. O Footkart nasceu timidamente há catorze anos num espaço do Kartódromo de Almeirim e adoptou parte do nome de quem lhe deu guarida no início. A garra dos dirigentes e a vontade de se afirmar como uma escola de futebol diferente projectaram o clube para aquilo que é hoje, com um crescimento de prestígio e de número de jogadores a cada ano que passa.

Vasco Carvalho, 43 anos, é presidente do clube há seis anos e vai candidatar-se em Maio a mais um mandato. Só para se ter uma ideia, desde que é presidente o clube passou de 80 jogadores para 150, em vários escalões desde os petizes aos iniciados. O que move o clube é a formação de jovens enquanto pessoas, mas com uma grande preparação futebolística, por isso assume-se cada vez mais como uma escola à escala profissional. Não tem futebol sénior por opção, nem quer ter. Durante estes anos o clube já venceu vários campeonatos distritais e montou um torneio que é referência nacional. Nesta entrevista, Vasco Carvalho explica o que é que move o Footkart.

Como é que um clube que nem sequer tinha espaço próprio chega a uma referência do futebol jovem regional?

Tem sido feito um trabalho contínuo. O Footkart nasce em 2005 para colmatar uma ausência que havia em Almeirim e foi crescendo. Havia pouca formação de qualidade, por inoperância de outros clubes, que nos últimos anos têm crescido. Nas alturas certas fomos fazendo as apostas planeadas e ponderadas e fomos conquistando o nosso lugar. Nos últimos anos deixámos de ter uma abrangência local para passarmos a ter uma abrangência distrital. Metade dos jogadores que temos são de fora do concelho de Almeirim.

O futebol de formação pode ser sustentável e de que forma?

Mais de cinquenta por cento do orçamento do clube vai para pagar aos treinadores. Tudo o resto que gira à volta do Footkart é em regime de voluntariado. O protocolo que temos com a Câmara de Almeirim não chega a cobrir metade do nosso orçamento.

Onde vão buscar receitas para além dos subsídios camarários?

O restante é suportado pelos pais e conseguimos algumas receitas de torneios que organizamos, como é o caso do Torneio Internacional Professor José Peseiro, com o objectivo de termos o maior torneio gratuito em Portugal. As equipas vêm ao torneio sem termos que suportar as despesas das deslocações e estadias.

O Footkart assume-se como um dos maiores clubes regionais de formação?

Claramente! Arrisco a dizer que actualmente no futebol 7 somos a formação do distrito de Santarém.

Nunca pensaram ter escalão sénior, até para garantir referências e continuidade dos jogadores jovens?

Começámos há três anos com os iniciados, escalão que tinha sido interrompido. O nosso objectivo era chegar ao nacional, que acaba por ser a referência para os jogadores. Estamos em primeiro lugar e se tudo correr bem vamos para o nacional, o que será um feito histórico porque nunca estivemos no nacional. É um reflexo da formação que tem sido feita no clube. Quase todos os jogadores que fazem parte da equipa começaram a formação no clube.

Como é que se trabalha para ganhar?

Isso implica um conjunto de situações, sobretudo com o que está por trás, com a organização e dinâmica do Footkart. Fazemos preparações específicas para os torneios e trabalhamos para que nada falte aos treinadores e jogadores, nomeadamente com a observação de jogos, com a recuperação dos jogadores. Pormenores que são habituais nas equipas de alta competição e que nós privilegiamos. Em muitos aspectos funcionamos como um clube profissional.

Os pais dos jogadores podem ajudar ou serem um factor de instabilidade. Como é o relacionamento com eles?

O Footkart só existe porque tem os pais como suporte. Não vale a pena ter clubes de formação sem termos os pais por perto. A melhor forma de lidarmos com as situações é sermos francos com eles e responsabilizando-os pelo objectivo do clube, que é alcançar o melhor resultado em todas as competições. O mais proveitoso para as equipas e para os jogadores é envolver os pais na dinâmica do clube.

Não sofre pressão dos pais para que os filhos joguem mais?

Isso faz parte… Mas em seis anos aprendemos a lidar com as situações e dialogamos com os pais dos atletas durante a semana, passando a mensagem que o mais importante não é o individualismo mas o grupo.

A iniciativa da câmara de penalizar os clubes em que os adeptos, ou os pais, tenham comportamentos anti-desportivos, veio ajudar a manter o futebol de formação em paz?

Em Almeirim nunca tivemos situações muito complicadas, mas em outros campos, noutras localidades, já houve problemas. Não é uma situação frequente, mas a iniciativa é importante para passar a imagem que no desporto as coisas têm de correr bem dentro do campo e fora dele.

Em termos de resultados o vosso objectivo é formar desportistas bons cidadãos ou fazer bons jogadores para serem vedetas do futebol?

O nosso objectivo é formar jovens, mas a ganhar. Essa é a diferença. Assumimos que somos competitivos. A nossa escola está focada em atingir o melhor resultado possível. Nos últimos seis anos alcançámos oito vitórias nos campeonatos distritais, ganhámos quatro vezes a Copa do Guadiana, onde estão vários clubes espanhóis, o que nos traz grande prestígio.

Como é que tiveram a ideia de fazer este torneio Professor José Peseiro, que já é uma referência nacional?

O torneio já se realiza há treze anos. José Peseiro era professor em Almeirim e havia a ideia de se criar um torneio de futebol jovem que fosse uma referência no país e juntou-se o útil ao agradável numa altura em que o professor começou a sua ascensão como treinador internacional.

Qual é a relação com os outros clubes do concelho de Almeirim?

Por norma damo-nos bem com todos os clubes. Às vezes o sentimento não é reciproco, mas estamos cá para colaborar, para fazer parte das soluções e não dos problemas. Às vezes algumas pessoas não colaboram como seria a nossa expectactiva, mas entendemos que os clubes são mais importantes que as pessoas.

Como é que conseguem montar um torneio internacional com mais de meio milhar de atletas e treinadores?

Com um conjunto de voluntários, cerca de cinquenta ou sessenta, que tornam possível o sucesso de uma iniciativa desta dimensão. Para isso é preciso manter essas pessoas junto de nós ao longo da época, criando uma dinâmica de família na qual as pessoas se sentem envolvidas. Começamos a trabalhar no torneio cinco meses antes.

O Footkart está estabilizado ou ainda há muito a fazer?

Quem está no Footkart não consegue estar parado e todos os dias há ideias novas. Há preparativos, há ideias por concretizar, mas tudo se fará a seu tempo. Há um conjunto de pessoas que quase vive para o clube. Apesar dos sacrifícios pessoais, o tempo que tiramos à família, este trabalho é gratificante porque acabamos por ter um retorno afectivo por parte dos jogadores.

Perspectivas para o futuro do Footkart?

Para já julgamos que vamos ter a melhor edição de sempre do torneio, que pela primeira vez tem quatro equipas estrangeiras que nos procuraram pela qualidade da iniciativa. Quanto ao clube, este vai continuar a evoluir, a melhorar, porque os resultados o demonstram, porque a procura dos pais, que querem por os filhos no Footkart, é cada vez maior.

Torneio com 48 equipas e seiscentos jogadores

O XIII Torneio Internacional Prof. José Peseiro vai disputar-se com 48 equipas nacionais e internacionais e cerca de 600 jogadores de escalões jovens. O torneio de futebol, organizado pelo Footkart, decorre nos dias 25, 27 e 28 de Abril e 1 de Maio. A competição tem o dobro dos atletas participantes de há oito anos, o que demonstra bem a dinâmica e importância desta festa do futebol.
De entre as equipas portuguesas presentes, além do clube anfitrião, o Footkart, destaque para o Benfica, o Sporting, Nacional da Madeira e o Portimonense. A nível internacional vão estar no torneio o Club Deportivo Hergar Camelot Helmântica (Salamanca - Espanha), Agrupacion Deportiva Nuevo Versalles-Loranca (Madrid - Espanha), C.D. Internacional de Móstoles (Madrid - Espanha), Amsterdamsche Football Club (Holanda).
No dia 1 de Maio realiza-se, à semelhança do ano passado, um torneio no escalão de Sub11 (jogadores nascidos em 2008) em futebol 7.
Na apresentação do torneio, o presidente da Câmara de Almeirim, Pedro Ribeiro, referiu-se à organização do evento como sendo profissionalizada, “com gente que sabe o que tem de fazer”. O autarca destacou que “é importante criar condições para que os jovens possam jogar, mas sobretudo para que possam divertir-se e possam ter prazer em jogar”.

Footkart é uma escola de futebol que trabalha como um clube profissional

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