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Vive há dez anos numa carrinha na Póvoa de Santa Iria
A carrinha que serve de habitação está estacionada na Praceta Jaime Cortesão há dez anos

Vive há dez anos numa carrinha na Póvoa de Santa Iria

Câmara de Vila Franca não consegue pôr fim ao caso de insalubridade. Homem dorme na parte de trás de uma carrinha sem as mínimas condições de higiene. Moradores queixam-se do lixo, mau cheiro, cenas de sexo, e pedem solução para um problema há muito sinalizado pelos serviços de acção social.

Há dez anos que um homem estacionou a sua carrinha na Praceta Jaime Cortesão, na Póvoa de Santa Iria, e faz dela a sua casa. É ali que come, dorme e passa grande parte dos seus dias. Faz as necessidades nos jardins e sarjetas, situação que incomoda os moradores.
O caso é de saúde pública, mas a Câmara de Vila Franca de Xira assegura a O MIRANTE que nada mais pode fazer, uma vez que o homem “recusa a intervenção dos serviços e não se mostra disponível a alterar o seu modo de vida”. Em articulação com a Segurança Social, explica a autarquia, “têm sido sucessivamente apresentadas propostas de alojamento alternativas”, sempre recusadas pelo individuo.
“Inclusive, em Maio de 2018 a Segurança Social informou o munícipe de vaga de lar, na Misericórdia de Vila Franca de Xira, à qual este não aderiu”, acrescenta a câmara vilafranquense, sublinhando que não pode impor qualquer opção alternativa de alojamento que não seja da vontade da pessoa, salvo em caso de determinação judicial para o efeito.
O MIRANTE deslocou-se, por duas vezes, à praceta onde se encontra a carrinha, para tentar chegar à fala com o indivíduo, mas este não se encontrava no local.

Lixo, mau cheiro e cenas de sexo
Os moradores não se conformam com a situação de miséria que se arrasta há demasiado tempo e defendem que algo mais tem de ser feito para livrar o homem daquele estado de insalubridade, que incomoda quem por ali vive e passa.
Segundo dizem, o cheiro que se faz sentir na praceta em dias de maior calor “é medonho, insuportável”. Para além dos “pombos e ratazanas que se juntam em volta da carrinha quando ele decide despejar no chão a comida que lhe é entregue pelos Companheiros da Noite” [organização que presta apoio a pessoas carenciadas], conta a O MIRANTE uma moradora que vive naquela praceta há 30 anos.
O cenário também é motivo de incómodo para a moradora Susana Macedo, que reside num dos prédios mais próximos da carrinha. “O cheiro que se sente é insuportável. Mas o pior é que o senhor é mal-educado para as pessoas e ainda se masturba de porta aberta”, diz a O MIRANTE. Outra vizinha corrobora a “situação vergonhosa”, acrescentando que já assistiu, mais que uma vez a “cenas de sexo de porta aberta entre ele e uma mulher que viveu algum tempo na carrinha”.
Contactado por O MIRANTE, também Jorge Ribeiro, presidente da Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria, reconhece que o indivíduo “tem comportamentos menos correctos” e que é inegável o “lixo que se acumula à volta da carrinha”. Porém, assegura que o homem “está naquela situação porque quer” e explica: “Já esteve institucionalizado, mas voltou àquela situação, por opção própria. Como não podemos obrigá-lo, resta-nos proporcionar-lhe o mínimo de dignidade humana”, através da rede social da freguesia lhe disponibiliza ajuda, inclusive balneários onde pode fazer a sua higiene diária.
A Câmara de Vila Franca de Xira informa ainda que “eventuais situações de insalubridade relacionadas com a presença deste cidadão no espaço público deverão ser comunicadas pelos moradores ao Departamento de Habitação e Coesão Social da câmara municipal ou à Segurança Social”.

Vive há dez anos numa carrinha na Póvoa de Santa Iria

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