uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“Comecei a trabalhar aos nove anos porque tinha que ajudar a minha mãe”
Joaquim Sousa gosta de ser pontual e se houver alguma falha é ele mesmo que liga aos clientes

“Comecei a trabalhar aos nove anos porque tinha que ajudar a minha mãe”

Joaquim Sousa, 72 anos, administrador da empresa Joviquadro, Tomar. Joaquim Sousa foi viver para Tomar com nove anos depois de perder o pai. Era o mais novo de três irmãos e lamenta não ter tido oportunidade de conhecer bem o progenitor. A vida não foi fácil e começou a trabalhar cedo em várias empresas até que chegou à área do vidro. Aos 45 anos arriscou e criou a sua própria empresa, a Joviquadro. Levanta-se muito cedo e faz a barba todos os dias. Entra na empresa às sete da manhã.

O meu pai morreu quando eu tinha nove anos e isso marcou-me muito. A minha mãe ficou viúva muito nova e com três filhos para criar. Não foi fácil. Nasci em Figueiró dos Vinhos (distrito de Leiria) e viemos viver para Tomar depois da morte dele. A esta distância tenho pena de não ter tido oportunidade de conhecer bem o meu pai.
Depois de fazer o exame da quarta classe fui trabalhar. A nossa situação era difícil e tínhamos que ajudar em casa. O meu primeiro emprego foi a dar serventia aos pedreiros que construíram o quartel de Tomar. Ganhava nove escudos por dia. Depois trabalhei numa empresa de camionagem e nunca mais parei.
Com 14 anos fui trabalhar para os “Espelhos do Nabão”. Comecei de baixo e cheguei a sócio com uma quota de 20 por cento. Trinta e cinco anos mais tarde a empresa começou a ter problemas e decidi arriscar por conta própria. Foi assim que me aventurei na criação da Joviquadro.
A melhor maneira de cativar os clientes é com a qualidade do nosso serviço. Sou pontual e gosto que também o sejam comigo. Faço questão de entregar as encomendas atempadamente. Isso é extremamente importante e demonstra respeito pelos clientes. Se houver uma falha sou eu que ligo ao cliente a explicar o que se passou. Há que dar a cara e justificar os erros.
Tentei adaptar-me à informática mas não consegui e nem tenho computador. Tinha receio que pudesse prejudicar a empresa fazendo alguma coisa errada no computador. Prefiro o papel. Claro que tenho a minha filha, Paula, que é o meu braço-direito. Eu dou-lhe as indicações e depois ela encaminha as coisas para os computadores.
Tenho telemóvel e Facebook porque não envolve a mesma responsabilidade. Além disso é mais fácil de manusear. Criei uma conta na rede social Facebook mas não tenho fotografia porque não gosto de me expor. Mas gosto de ir dando uma vista de olhos e encontrar amigos.
Fiz parte de uma banda musical nos anos 70 chamada “Os Gémeos de Porto de Lage”. Ganhávamos 50 escudos por actuação. Eu era o vocalista e ainda hoje, em festas ou encontros com os amigos me pedem para cantar.
Não falho um jogo do União de Tomar. Joguei futebol neste clube aos 13 anos. Era defesa esquerdo mas nunca pensei ser jogador profissional de futebol. Eram outros tempos e dava uns toques na bola só por diversão. O Sporting Clube de Portugal é uma paixão de criança mas fui poucas vezes ao estádio. Prefiro ver os jogos em casa, na televisão porque estou mais sossegado.
Gosto de comer e faço sacrifícios para não exagerar. Quem compra toda a carne e peixe lá para casa sou eu. Quando iniciei a actividade da minha empresa tinha sempre em casa um tacho com carne cortada e outro com postas de bacalhau sempre desfiadas. Em vez de levar os clientes para os restaurantes levava-os lá a casa e fazia um petisco. Na altura também fazia vinho. Uma média de mil litros por ano.
Continuo a fazer petiscos aos fins-de-semana mas só para a família. Apesar de estarmos juntos na empresa, todos os dias o almoço é em minha casa com a família.
Já gostei mais de viajar. Para fora do país viajei sempre em trabalho. Barcelona (Espanha) e Frankfurt (Alemanha) foram as cidades que mais me encantaram. Há mais de 20 anos que aproveito as férias para descansar na praia da Consolação, perto de Peniche. Gosto de aproveitar os momentos livres para descansar, ler uns livros e ver televisão.
Não consigo sair de casa sem desfazer a barba. É a primeira coisa que faço assim que me levanto. Desde os 13 anos que a faço e mesmo quando estive doente com uma ciática, apesar das dores todas, levantei-me sempre para desfazer a barba. É mais forte que eu e nunca deixei crescer a barba.

“Comecei a trabalhar aos nove anos porque tinha que ajudar a minha mãe”

Mais Notícias

    A carregar...