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Tancos e os roubos das nossas armas

O roubo das armas da Base Militar de Tancos é o espelho do país em que vivemos e dos dirigentes políticos que se esquecem do interior.

O roubo das armas da Base Militar de Tancos fez da Chamusca uma terra de referência no mapa de Portugal. Pelas piores razões. Ainda dura uma das histórias mais tristes das nossas instituições militares e políticas a braços com velhos hábitos e costumes herdados de um regime caduco como era o de Salazar, e depois de um outro, democrata mas nem sempre, que nasceu com o 25 de Abril de 1974.
Tenho a certeza que António Costa ou Marcelo Rebelo de Sousa, só para falar das duas maiores figuras da política nacional, se envergonham desta situação caricata do roubo das armas e do circo que se montou para que, daqui a uns anos, ninguém seja responsabilizado e toda a gente lave as mãos como Pilatos. Mas não nos devemos conformar com a vergonha nacional de termos umas Forças Armadas que custam milhões de euros ao Estado e servem apenas para compor o ramalhete de um regime democrático que tem dificuldade em reformar-se.
Na passada semana publicámos neste jornal uma reportagem que prova à saciedade que estamos entregues à bicharada em termos de polícias e guardas. Não há efectivos da GNR nem da PSP para acudirem a acidentes, para fazerem patrulha à noite, para imporem respeito numa região onde se assaltam bancos e lojas com a facilidade com que se roubam melões nos campos da Lezíria.
O assalto à Caixa Agrícola da Chamusca é um exemplo que não pode ser esquecido. Outros assaltos praticados na mesma data já foram arquivados pelas autoridades por falta de novos elementos e porque o trabalho aperta e há coisas mais importantes para resolver e investigar.
Os bandos que organizam estes assaltos continuam por aí. Um dia destes voltam à carga e fazem nova razia aos estabelecimentos comerciais, liquidando a actividade e empobrecendo o meio já que nada se recupera como antigamente. No interior morre um velho e com ele a memória de um tempo. O mesmo se passa com determinadas actividades comerciais; se os gatunos a levam à falência dificilmente voltam a ser úteis na comunidade onde tinham a sua actividade.
Volto à segurança e à falta de meios das forças policiais que vivem em quartéis miseráveis, têm como principal função a caça à multa, são escassos para um território tão grande, e não servem para aquilo que deveriam servir, acima de tudo, garantir segurança, prevenir e proteger.
Enquanto isso nos quartéis militares vivem muitos milhares de homens à custa do orçamento sem qualquer utilidade para a sociedade. Gente que se prepara todos os dias, em tempo de paz, para defenderem com armas a Pátria portuguesa, que não inclui a defesa das populações e do território no que mais interessa, nomeadamente os fogos, os roubos, os crimes relacionados com a poluição, o vandalismo e o terrorismo nas suas mais diversas facetas.
Na Chamusca, em Abrantes e no Sardoal, em Coruche e em Alcanena não há autoridades policiais que possam defender o território daquilo que também o leva à falência. Entretanto os soldados do exército, e uma boa parte dos efectivos da GNR e da PSP, servem os clubes de futebol e os governantes em geral como se Portugal fosse um Principado e os homens que o governam se sentissem todos da mesma família de sangue. JAE

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