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Ensino à distância: pais preocupados e autarquias procuram soluções
foto DR Tânia Rios Vasques com o telemóvel onde recebe as tarefas para o filho. Na família Monteiro há três crianças em idade escolar e apenas dois computadores

Ensino à distância: pais preocupados e autarquias procuram soluções

Ministério da Educação prepara-se para o regresso à telescola como forma de levar a todos os alunos, mesmo os que não têm Internet, os conteúdos do terceiro período que arrancou a 14 de Abril, mas a solução não tranquiliza os pais.

O primeiro-ministro anunciou a 9 de Abril que, até ao 9º ano, todo o terceiro período prosseguirá com ensino à distância, com avaliação, mas sem provas de aferição nem exames, mantendo-se os apoios às famílias com filhos menores de 12 anos. António Costa referiu que este terceiro período iniciar-se-á, como previsto, a 14 de Abril, sem actividades lectivas presenciais. No ensino básico, do 1º ao 9º ano, todo o terceiro período vai ser com ensino à distância, que será reforçado com o apoio de emissão televisiva de conteúdos pedagógicos “que complementarão, sem substituir, o trabalho que os professores vêm mantendo com os seus alunos”. O primeiro-ministro adiantou que, para haver um alcance o mais universal possível, as emissões diárias serão transmitidas, a partir do dia 20, no canal RTP Memória.
O encerramento das escolas, a 16 de Março, por causa da pandemia da Covid 19, trouxe novas rotinas para pais e filhos e o estudo em casa, para quem não tem um computador e Internet, rapidamente se tornou numa dor de cabeça. E gerou-se uma onda de indignação por parte dos encarregados de educação. O MIRANTE falou com dois deles.
Francisco Monteiro, residente em Amiais de Baixo, concelho de Santarém, revelava não ter as condições necessárias para que os três filhos de onze, nove e sete anos pudessem ter aulas à distância durante o terceiro período. No Natal passado a família foi vítima de um incêndio que os deixou com pouco mais do que a roupa que traziam vestida. Foram realojados e, com a solidariedade de terceiros conseguiram roupa, calçado, mobiliário, bens alimentares e o bem mais precioso nesta altura: dois computadores. Ainda assim é difícil conciliar dois computadores para três crianças. Nem Francisco, nem a família, estão preparados para as aulas à distância. “Além da falta de material também nos faltam conhecimentos para podermos ajudar os miúdos”, confessava.
Em Santarém, a cabeleireira Tânia Rios Vasques, com um filho de oito anos a frequentar o terceiro ano do primeiro ciclo do ensino básico, admitiu que não sabe o que fazer. “Não tenho computador nem impressora em casa e já foi muito difícil cumprir as tarefas enviadas pelo professor até ao final do segundo período”, contou a O MIRANTE.

Câmaras tentam suprir dificuldades
Sensíveis a estes argumentos, várias autarquias da região organizaram-se para dar resposta aos mais carenciados de forma a não deixar ninguém para trás. A Câmara de Santarém adquiriu 300 “Escola Remota Packs” para distribuir pelos quatro agrupamentos de escolas do concelho visando assegurar a continuidade da actividade lectiva aos alunos do 1º ciclo mais carenciados. O pack é composto por um portátil táctil (PC/tablet) e um router 4G com 30GB/mês de Internet para três meses. A quantidade de equipamentos adquiridos foi calculada com base no número de alunos com Escalão A no concelho.
Em Ourém, onde existem 330 alunos sem computador e 250 sem acesso à Internet, a autarquia está a trabalhar para resolver o problema tendo já adquirido cerca de três centenas de computadores, alguns deles com a ajuda da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. No que diz respeito aos alunos sem acesso à Internet, Luís Albuquerque, presidente do município, espera que o Governo encontre uma solução. Caso isso não se verifique a autarquia irá distribuir dispositivos de Internet portáteis.

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