Digitalizado Serafim das Neves
Registo o teu desejo de ver a Carolina Loureiro, na Telescola da RTP Memória, a dar aulas de Educação Física e a Soraia Chaves a ensinar Moral e Religião. Também tenho assistido a umas aulas, mas confesso que não me sinto defraudado com as setoras que tenho visto por lá, algumas das quais, diga-se, foram directamente de escolas aqui do Ribatejo, para o canal do Júlio Isidro.
Posso ter tido sorte com as aulas que escolhi mas não tenho razão de queixa. Nem da dicção, nem do timbre de voz, nem das coreografias, nem da forma de expor a matéria, digamos assim. Tomáramos nós ter tido prófes tão arejadas e desenvoltas quando éramos jovens corrécios.
Quem pensava que o povo telespectador só queria ver assaltos a bombas de gasolina, tiroteios em directo nos bairros sociais, sessões de porrada entre motoqueiros e legendas com mais erros que palavras a passar em rodapé, enganou-se. E o Mário Nogueira, da Fenprofe, que nem pense sequer em marcar uma greve dos professores do #EstudoemCasa só porque não foi seleccionado para dar aulas de sindicalismo, porque a revolta das audiências pode fazer-lhe cair o bigode.
Depois do primeiro-ministro ter anunciado que, no fim-de-semana do Primeiro de Maio voltava a ser proibido sairmos do concelho de residência, o presidente da Câmara da Golegã deve ter mandado dar lustro aos sinais que colocou nas entradas lá da terra, a dizer aos forasteiros que não são bem-vindos.
Na lista de novos sinais de trânsito, publicada há dias em Diário da República, não estão os sinais inventados por José Veiga Maltez, mas é compreensível. Sendo sinais de trânsito camarários só irão ser publicados no Boletim Municipal.
Alguns católicos maledicentes, daqueles a quem o autarca mandou para casa catar os cães, alegam que aqueles sinais são inúteis, uma vez que já são proibidas deslocações dentro ou fora dos concelhos desde que não sejam para ir trabalhar, ir às compras ou ir à farmácia. É de gente que não tem gosto e só critica. O presidente da Câmara da Golegã é um esteta, que não perde uma oportunidade de embelezar a terra. E que bem que ficam, ali à beira da estrada, aqueles sinais amarelos com uma rodinha vermelha à Miró, lá no meio. Ficam ou não ficam?!
Não paro de ler notícias sobre dinheiro e mais dinheiro e mais dinheiro. Anda tudo a comprar máscaras, ventiladores, testes, computadores. É um milagre! É o Governo, são as câmaras municipais...eu sei lá?!! E o povo reclama mais e mais. Todos queremos isenções e mais isenções, descontos, anulações. O primeiro ministro, para incentivar a nossa veia reivindicativa, farta-se de dizer que não vai haver austeridade e já nem fala em milhões mas em biliões que vão chegar de Bruxelas.
Claro que os estraga-prazeres do costume já começaram a dizer que mais de novecentos mil trabalhadores do sector privado passaram a receber apenas dois terços do ordenado por causa do tal lay-off. Mas esses são sempre assim. Não têm emenda, os sacristas. Seja como for, não me preocupo muito. Se depois disto vier a conta para pagar, já sei que basta cantarmos bem alto, mas desta vez em videoconferência: Não pagamos! Não pagamos!
Saudações layófikas
Manuel Serra d’Aire