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Morte na passagem de nível do Peso: motorista atribui culpas à infraestruturas de Portugal
Vítor Serra, o motorista do camião que ficou preso na passagem de nível do Peso, perto de Santarém, em 2016, começou a ser julgado

Morte na passagem de nível do Peso: motorista atribui culpas à infraestruturas de Portugal

Acidente na passagem de nível nos arredores de Santarém, em 2016, quando um camião ficou entalado na linha férrea, começou a ser julgado.

Acidente na passagem de nível nos arredores de Santarém, em 2016, quando um camião ficou entalado na linha férrea, começou a ser julgado. Condutor do pesado, acusado de homicídio por negligência de um amigo que seguia no camião, diz que nunca se vai sentir culpado pela tragédia. Entidade que gere a ferrovia nunca implementou melhorias no local e após um segundo acidente mortal encerrou a travessia.

O motorista do pesado abalroado por um comboio na passagem de nível do Peso, periferia de Santarém, em 2016, não se sente responsável pelo acidente em que morreu o seu ajudante. Vítor Serra optou por não prestar declarações na primeira sessão do julgamento, mas leu uma declaração escrita na qual disse que a responsabilidade da situação é das entidades responsáveis pela ferrovia, lembrando que já tinham ocorrido vários acidentes no local.

O arguido, acusado de homicídio negligente pela morte de Carlos Moita, que seguia no camião que transportava uma máquina, salientou que nunca se vai sentir culpado pela tragédia e que foi ele que perdeu um amigo e um companheiro de muitas viagens. Vítor Serra, 69 anos, responde também por atentado à segurança de transporte por ar, água ou caminho-de-ferro e por ofensa à integridade física negligente.

A passagem de nível só foi encerrada passados quatro anos quando ocorreu um acidente no dia 22 de Abril de 2020 em circunstâncias idênticas e no qual morreu outra pessoa. Nos dois casos os pesados de mercadorias não conseguiram atravessar a passagem de nível devido a uma curva acentuada que não permite aos camiões fazerem a manobra para saírem da linha de caminho-de-ferro. A Infraestruturas de Portugal não assume a perigosidade da travessia e empurra as responsabilidades para a Câmara de Santarém, dizendo que a passagem de nível “não necessita de obras” e que o que está em causa é o estreitamento da via e a existência de um talude. A responsável pela ferrovia diz que a autarquia é que tem de tornar a estrada “compatível com veículos rodoviários longos”.

No dia 8 de Novembro de 2016 Vítor Serra tentou atravessar a Linha do Norte com um semi-reboque que transportava uma retroescavadora. O camião ficou atravessado na linha e quando o tentava retirar da linha surgiu no sentido Lisboa-Tomar um comboio regional que embateu no reboque, arrastando-o e projectando a máquina no chão. A composição acabou por descarrilar uns metros mais à frente. O ajudante do motorista tinha saído do veículo e acabou por ser atingido pelo embate, morrendo no local. Nove passageiros do comboio sofreram ferimentos, sem gravidade.

A Infraestruturas de Portugal não seguiu as recomendações do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes, no relatório do acidente, e a solução foi fechar a passagem, o que se mantém. Os investigadores sugeriram aumentar a temporização entre o aviso de chegada de um comboio e o momento em que as barreiras se fecham; a colocação de um guarda de passagem de nível para reforço da segurança e existência de um botão de alarme que faz parar os comboios sempre que houver obstáculos na via-férrea.

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