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Surto de legionella em VFX foi um tratado de incompetência
Joaquim Ramos foi eleito pelos sócios para mais um mandato como presidente da associação das vítimas do surto de legionella do concelho de Vila Franca de Xira

Surto de legionella em VFX foi um tratado de incompetência

Joaquim Ramos sucede a Nuno Silva como presidente da Associação das Vítimas do Surto de Legionella de Vila Franca de Xira.

O também fundador daquela associação foi eleito pelos sócios a 19 de Junho. Diz que a oferta de dinheiro às vítimas só serve para as silenciar e que, com isso, os arguidos no processo estão a assumir as suas culpas.

Joaquim Ramos, fundador da Associação das Vítimas do Surto de Legionella de Vila Franca de Xira, foi eleito pelos sócios a 19 de Junho para ser novamente o presidente daquela colectividade, sucedendo a Nuno Silva no cargo. Joaquim Ramos regressa depois de vários anos de ausência para impedir que a associação entre num vazio directivo, em especial num momento em que já avançou a acção popular das vítimas contra o Estado.

A maioria das vítimas do surto de legionella, que aconteceu em Vila Franca de Xira em Novembro de 2014, está cansada do arrastar do processo e de nunca ter sido feita justiça.
O dirigente diz que o surto de legionella em Vila Franca de Xira tem sido “um tratado de incompetência” a vários níveis, desde o clínico ao jurídico e onde toda a gente falhou. “Temos doutores e engenheiros a mais em certos serviços do Estado que só lá estão para ganhar dinheiro. Tivemos o surto de Matosinhos em 2020. De 2014 a 2020 não se aprendeu nada? Não houve tempo para melhorar a lei no que toca à legionella?”, questiona.

A associação, que representa sobretudo vítimas que não ficaram incluídas no nexo de causalidade estabelecido pelo Ministério Público, avançou com uma acção popular contra o Estado que deu entrada em Setembro de 2019 no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa. Mas só em Maio deste ano os juízes deram providência à acção, por considerarem que existem fundamentos suficientes para ser julgado.

Mais de três dezenas de vítimas assinaram na última semana a procuração que lhes permite serem representadas pela associação nesse processo. Joaquim Ramos diz que é um momento especial que marca o arranque formal do processo. “Muita gente decidiu regressar ao ver as coisas a avançar novamente. Pessoas que já se estavam lentamente a desligar da associação e a atirar a toalha ao chão”, explica a O MIRANTE, criticando quem aceitou o dinheiro oferecido pelas duas empresas arguidas no processo, a ADP Fertilizantes e a General Electric, agora chamada Suez II.

“Quem tem razão não oferece dinheiro aos queixosos”

“Não baixámos os braços e estamos disponíveis, se necessário, para ir até ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Infelizmente em Portugal o dinheiro compra tudo e a justiça é de tal forma lenta que muitas pessoas acabam por se saturar e ceder. A união faz a força mas o dinheiro compra muita gente. Tive pessoas na associação que ao princípio eram muito reivindicativas e que quando lhes falaram em dinheiro afastaram-se logo”, lamenta Joaquim Ramos.

O presidente da associação considera existirem duas justiças no país: uma para os pobres e outra para os ricos, cujo único objectivo é massacrar os processos com burocracia forçando-os a prescrever. “Se a ADP e a GE entendem não ter culpa em todo o processo porque ofereceram dinheiro às vítimas? Não venham com a treta de que é uma acção de solidariedade para com os cidadãos de Vila Franca de Xira. É pura mentira. Quem tem razão não oferece dinheiro aos queixosos, vai até às últimas consequências. Eles não estão a ser correctos e não são nenhuns santos”, condena.

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