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Comprou casa no campo mas não tem telecomunicações
António Silva comprou casa em Malhada Alta mas só consegue telefonar junto a um poste de electricidade ao lado do café da aldeia do concelho de Coruche

Comprou casa no campo mas não tem telecomunicações

Em Malhada Alta a rede de comunicações móveis é deficiente e quem quiser telefonar tem que ir para junto de um poste de electricidade perto do café da aldeia. António Silva queixa-se da sua operadora, por não investir em zonas pouco populosas.

Depois de há 14 anos ter perdido uma filha criança e de há dois anos a esposa ter tido um AVC (acidente vascular cerebral), António Ribeiro e Silva decidiu mudar de vida. A morar no Montijo, vendeu a casa em Lisboa que os pais lhe deixaram de herança, e procurou uma casa no campo. Há cerca de um mês comprou uma moradia em Malhada Alta, concelho de Coruche, pensando que ia poder usufruir da qualidade de vida da zona mas enganou-se redondamente: o serviço de telecomunicações na aldeia, essencial nos dias de hoje, está muito abaixo do desejável.

Quem quiser fazer um telefonema tem que se deslocar ao único café da aldeia e fazer a chamada junto a um poste de electricidade para ter rede. A alternativa é ir para perto da ETAR da localidade, a cerca de 500 metros de distância do café. O MIRANTE comprovou a situação porque sempre que tentou telefonar para António Silva dava sinal de desligado. E quando se consegue estabelecer comunicação a chamada tem imensos cortes. António Silva sente-se “ultrajado” e “violentado” por não ter acesso aos serviços mais básicos como as telecomunicações.

O reformado, de 72 anos, reclamou junto da Anacom (Autoridade Nacional das Comunicações) que esclareceu não ter competências para resolver conflitos individuais entre utilizadores e operadores. A Anacom recomendou que recorra aos tribunais para resolver o problema.

Resposta mais caricata foi a da NOS, operadora da qual é cliente há vários anos. Explicaram que existe uma anomalia na zona de Malhada Alta e que não existe uma data para terem o problema resolvido. “Disseram-me que, se eu quiser, rescindem contrato comigo sem qualquer encargo financeiro. A operadora sabe que este é um local com pouca população, a maioria idosa, e por isso não investe aqui”, critica, lamentando que a população não se queixe da situação.

António Silva tem a sua vida em suspenso e garante que a esposa não vai viver para Malhada Alta enquanto o assunto não estiver resolvido, porque está numa cadeira de rodas e precisa de apoio permanente. “Não posso correr o risco de trazê-la para cá e não poder telefonar para os bombeiros, por exemplo, caso ela necessite”, acrescenta.

O reformado não desiste e vai agora tentar perceber qual é a qualidade da operadora Meo, a única que parece ter melhor cobertura de rede móvel e de internet. “É triste estarmos dependentes das vontades das operadoras. Querem que as pessoas vão viver para o interior, onde existe qualidade de vida, mas não temos acesso a serviços tão básicos como as telecomunicações”, considera.

Câmara de Coruche já manifestou descontentamento

Contactado por O MIRANTE o presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, afirma que já mostrou o seu descontentamento junto da ANACOM. “A entidade reguladora das comunicações devia obrigar as operadoras a investirem o seu serviço no interior. O problema é que só se preocupam com os grandes centros urbanos porque é lá que têm mais clientes. Este deveria ser um serviço obrigatório e reforçado em todo o país”, critica o autarca.

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