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A paixão de recriar batalhas em miniatura
Paulo Pereira é natural de Alverca, terra onde vive e trabalha e onde se dedica nos tempos livres a criar cenários em miniatura de batalhas históricas das Linhas de Torres

A paixão de recriar batalhas em miniatura

Paulo Alexandre Pereira dedica-se a um passatempo ainda pouco conhecido: a construção de dioramas, réplicas de batalhas históricas ou de paisagens em miniatura. Historicamente precisas, são peças que fascinam miúdos e graúdos e que já estão em vários centros interpretativos do país.

Enquanto muita gente sai do trabalho e vai fazer uma caminhada ou uma corrida para aliviar o stress, Paulo Alexandre Pereira senta-se na sua secretária com uma lupa e pincel na mão e recria cenas a uma escala minúscula que encantam miúdos e graúdos. É o seu escape e uma paixão que o segue desde criança. Foi aprimorando a arte e hoje os seus trabalhos já estão em vários centros interpretativos do país e em casas de particulares. Chamam-se dioramas: um modo de apresentação artística tridimensional, realista, historicamente precisa e que representa cenas da vida real para exposição com fins educacionais ou de entretenimento.

Paulo Pereira, 50 anos, é natural de Alverca, cidade onde reside e trabalha na área da publicidade e marketing. E confessa não se ver a sair de Alverca tão cedo. “Gosto de viver aqui e é uma terra muito simpática onde temos boa qualidade de vida”, declara.

É num dos quartos da casa que partilha com a companheira e as duas filhas que faz a sua magia. Munido de lupa, pincéis minúsculos e dezenas de tintas dá vida a tudo o que se lembra: de rios a montanhas, árvores e pontes, batalhas sangrentas. Tudo a uma escala de 28 milímetros. Em pequeno gostava de construir modelos de aviões, navios e automóveis. Entretanto apaixonou-se pelos dioramas e não mais os largou.

“Toda a gente precisa de um hobbie que nos faça acalmar e no meu caso é isto. Gosto de dar vida a cenários que ajudem as pessoas a perceber a história, o momento de cada batalha, como se fosse uma recriação”, explica a O MIRANTE. Os seus dioramas focam-se sobretudo nas invasões francesas e no papel defensivo das Linhas de Torres.

Paulo Pereira trabalha individualmente mas integra também um grupo de entusiastas da região chamado Model Step, onde além de Paulo Pereira está também um outro amigo de Alverca, Sérgio Tavares, e outros membros das Caldas da Rainha, Almada e Sintra. Juntos já fizeram seis exposições e agora têm uma outra itinerante pronta a percorrer os centros interpretativos das linhas de Torres, de Loures a Torres Vedras. Curiosamente quase todos menos Vila Franca de Xira.

“Estamos por todo o país excepto aqui em Vila Franca de Xira, não sabemos bem porque motivo”, lamenta Paulo Pereira, garantindo que o grupo já pediu por diversas vezes para fazer exposições dos seus trabalhos mas que isso nunca foi facilitado. “Estou sempre disponível para mostrar a minha arte e teríamos muito gosto em mostrar os nossos dioramas à população. Vila Franca de Xira era um ponto chave do controlo do rio Tejo. Havia fortes junto ao rio que já não existem. Há imensas histórias por contar”, afirma, lamentando que o actual centro interpretativo do Forte da Casa não seja tão bom como poderia ser. “É muito fraco. Conheço todos os centros interpretativos das Linhas de Torres e são todos espectaculares. O nosso é o mais pobre de todos, infelizmente”, lamenta.

Um escape mental em tempos de confinamento

Para Paulo Pereira, que esteve profissionalmente parado durante dois meses no confinamento imposto no ano passado, dedicar-se aos dioramas foi o seu escape mental e o momento onde aprofundou a paixão pela arte. Cada peça demora-lhe entre 3 a 6 meses a construir. Cada figura demora oito horas a pintar e fazer uma simples árvore demora mais de dez horas.

“E temos de fazer uma grande pesquisa histórica. As histórias de cada cenário, as diferentes fardas dos regimentos, por exemplo. Um entendido que perceba o que está a ver identifica logo um 16º regimento francês, por exemplo, só pelos punhos e gola vermelhos dos uniformes”, revela. Diz já ter perdido a conta ao dinheiro que gasta a fazer as suas criações. Gosta de estimular a sua criatividade e tudo o que aprendeu foi à sua custa.

A maior peça que fez, em parceria com o Model Step, foi um diorama de cinco metros de comprimento por três de largura, dedicado às Portas de São Francisco em Almeida. “Enquanto a vista me permitir vou continuando a dedicar-me a isto. Gosto do desafio de criar coisas novas, dar a volta às dificuldades e ver nascer estes cenários”, conclui.

A paixão de recriar batalhas em miniatura

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