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População de Vale de Zebrinho e Esteveira  vive sem saneamento básico
António Campos deixa a presidência da União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós, concelho de Abrantes, ao fim de 12 anos e lamenta que em Vale de Zebrinho ainda não existe acesso a saneamento básico

População de Vale de Zebrinho e Esteveira  vive sem saneamento básico

António Campos deixa a presidência da União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós ao fim de 12 anos com a mágoa de não ter cumprido a promessa de dar à população de Vale de Zebrinho e Esteveira acesso a saneamento básico. População queixa-se de pagar muito por um serviço que não usufrui.

António Campos, presidente da União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós, sente orgulho no trabalho que realizou durante os 12 anos que esteve à frente da autarquia, embora confesse sentir mágoa por não ter cumprido algumas promessas. “Lamento que a realidade da freguesia ao nível dos cuidados de saúde ainda seja deficiente e que a população de Vale de Zebrinho e Esteveira continue sem ter acesso a saneamento básico”, afirma a O MIRANTE.

O autarca, que foi militar e esteve em missões em Moçambique e na Bósnia, não compreende as razões para que a aldeia continue sem ter acesso a um serviço indispensável para a qualidade de vida das pessoas. “Só recentemente é que se começou a fazer um estudo sobre a viabilidade do saneamento básico na aldeia. Esta é a parte má da política; em vésperas de eleições prometem muitos apoios, mas depois parece que se esquecem de tudo o que prometeram”, lamenta, acrescentando que só não conseguiu para a freguesia o que não dependia de si.

A promessa de que a aldeia ia ter saneamento básico foi feita pela anterior presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Antunes, que actualmente é ministra da Agricultura. O autarca diz compreender que as pessoas se sintam desiludidas por terminar mais um mandato e continuar tudo na mesma. “É realmente uma mágoa muito grande que levo do meu trabalho como autarca. Vim para a política por amor à camisola e, apesar de nem tudo ter sido um mar de rosas, saio muito satisfeito como o meu desempenho”, confessa.
A União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós é constituída por cinco aldeias, nomeadamente São Facundo, Vale das Mós, Barrada, Vale de Zebrinho e Esteveira. Em Vale de Zebrinho vivem cerca de duas centenas de pessoas, das cerca de 1400 que residem na freguesia. A falta de médicos é outro dos grandes problemas que se vive na união de freguesias e que parece não ter solução à vista.

“Quando cheguei à junta havia médico em São Facundo, Vale de Zebrinho, Barrada e Vale das Mós, embora fizesse parte de outra freguesia. Hoje não há nenhum, as pessoas vão ao Pego, ao Rossio, à Bemposta, a Abrantes e conheço gente que até vai a Rio de Moinhos”, lamenta, sublinhando que a situação é preocupante uma vez que a população é cada vez mais envelhecida e a rede de transportes não é a mais adequada.

PAGAR POR UM SERVIÇO QUE NÃO EXISTE

No café central de Vale de Zebrinho O MIRANTE encontra mais de uma dezena de pessoas em amena cavaqueira. O ambiente não traduz a frustração das cerca de duas centenas de habitantes de uma aldeia que nunca teve acesso a saneamento básico mas que paga como se usufruísse do serviço. “É impossível viver assim, com os esgotos domésticos a correr frequentemente pela via pública. Temos direito apenas a três limpezas por ano, mas eu já tive de chamar a empresa quase uma dezena de vezes”, lamenta uma das residentes, que não quis ser identificada na reportagem.

Há uma opinião comum a todos que é a de ser “triste” ter de pagar elevadas taxas de saneamento quando nunca tiveram esse serviço disponível. “Ao final do ano é muito dinheiro para pessoas que vivem basicamente das reformas. É desgastante viver sem condições de vida quando pagamos para as ter”, lamentam, ao mesmo tempo que afirmam ter esperança de que a situação seja resolvida em breve.

População de Vale de Zebrinho e Esteveira  vive sem saneamento básico

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