uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Sandra de Jesus foi de férias, desligou o telemóvel e foi notícia
Sandra de Jesus esteve seis dias incontactável e foi dada como desaparecida

Sandra de Jesus foi de férias, desligou o telemóvel e foi notícia

Sandra de Jesus foi dada como desaparecida pela família que não sabia do seu paradeiro. As autoridades empenharam-se e a população juntou-se aos apelos. Afinal estava de férias e ficou sem telemóvel durante 6 dias. Sandra, 49 anos, conta a O MIRANTE que acabou difamada na praça pública pela vizinhança e na Internet.

Sandra de Jesus nunca pensou que ter ficado incontactável durante uma semana, enquanto estava de férias fora do país, deixasse a sua família desesperada e o concelho de Benavente em polvorosa. Sandra de Jesus, 49 anos, foi dada como desaparecida a 19 de Agosto levando as autoridades e bombeiros a desencadear diligências processuais. A sua casa, nas Areias, foi passada a pente fino, os seus vizinhos interrogados e as suas fotografias difundidas em apelos em órgãos de comunicação e redes sociais.

O telemóvel desligado e o carro estacionado à porta de casa fizeram soar o alarme. Depois de contactar outros familiares que nada sabiam sobre o seu paradeiro, a filha, Tânia Valente, participou o desaparecimento às autoridades e lançou o primeiro apelo na Internet. Enquanto isso Sandra de Jesus desfrutava dos primeiros dias de férias. “O telemóvel ficou sem bateria, tentei marcar o PIN, mas errei três vezes. Foi isto que aconteceu. Nunca pensei que alguém fosse ficar alarmado”, conta.

Segundo a Guarda Nacional Republicana, “não é frequente o reporte de falsos desaparecimentos, verificando-se, no entanto que, em muitos casos, os desaparecidos encontram-se apenas incontactáveis ou alteraram as suas rotinas”. Nos primeiros cinco meses de 2021 o Comando Territorial de Santarém da GNR registou 76 ocorrências de desaparecimentos e apenas 34 em 2020.

No caso de Sandra de Jesus a GNR actuou como se de um desaparecimento involuntário se tratasse. Foram difundidas de “imediato as informações a todas as forças e serviços de segurança” e empenhadas as “valências e meios adequados para a localização do desaparecido”. O caso nunca chegou a transitar para a Polícia Judiciária por não existirem indícios da prática de crime.

“Chegaram ao cúmulo de dizer que eu era traficante de droga”

A O MIRANTE Sandra de Jesus diz sentir-se difamada na praça pública e nega ser o “monstro” criado pela vizinhança e desconhecidos que não se escusaram a comentar o seu suposto desaparecimento. “Chegaram ao cúmulo de dizer que eu era traficante de droga. São acusações muito graves que mancham a imagem de alguém que, como eu, todos os dias dá a cara a dezenas de pessoas ao balcão”, diz a funcionária de uma das pastelarias mais conhecidas de Samora Correia.

Na vizinhança o que mais se ouviu foi que era recorrente Sandra de Jesus “desaparecer sem avisar ninguém e aparecer bronzeada” semanas depois. Nunca o fez, garante, sublinhando que sempre que se ausentou por motivo de férias avisou os familiares mais próximos. A mãe, de 74 anos, foi quem mais sofreu com esta situação. “Passou dias de pânico a achar que me tinha acontecido alguma coisa. É horrível saber que esteve assim”, lamenta.

O pesadelo para os seus familiares e amigos, “os que estavam verdadeiramente preocupados” só terminou a 25 de Agosto, depois de Sandra ter aterrado no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa e ter sido surpreendida com uma fotografia sua nas notícias. “Não queria acreditar, entrei em pânico. Fui o mais depressa que consegui para casa e contactei as autoridades a dizer que estava viva”, recorda.

O que fazer em caso de desaparecimento?

Em caso de suspeita de desaparecimento a GNR aconselha a dar conhecimento da situação o mais rápido possível às autoridades policiais, entregar uma fotografia o mais actualizada possível, descrever a indumentária que o desaparecido utilizava na última vez que foi visto e indicar sinais particulares da pessoa que ajudem a identificar (tatuagens, cicatrizes). É igualmente relevante enumerar os locais que por hábito a pessoa costuma frequentar, revelar patologias conhecidas, comportamentos anormais no caso de existirem e os últimos contactos que tenha feito.

Sandra de Jesus foi de férias, desligou o telemóvel e foi notícia

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido