Sociedade | 02-12-2004 10:46

Bebé nasce na ponte Salgueiro Maia

O pequeno Pedro Miguel vai ter uma curiosa história para contar quando daqui a uns anos lhe perguntarem onde nasceu. No bilhete de identidade não se sabe ainda o que constará, mas a verdade é que a criança veio ao mundo no dia 23 de Novembro em cima da Ponte Salgueiro Maia, perto de Santarém. Eram cerca de 21h30, quando a mãe, Maria Virgínia Faiante, natural de Salvaterra de Magos, começou com muitas contracções e chamou uma ambulância para ser levada para a maternidade do Hospital Distrital de Santarém. No entanto, não conseguiu aguentar até ao local e a ambulância teve mesmo de parar a escassos quilómetros para que fosse executado o parto no seu interior. O parteiro foi o sub-chefe José Narciso, dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos. Apesar de ser bombeiro há 22 anos, esta foi a primeira vez que tal lhe aconteceu. No entanto, correu tudo bem. Nesta difícil tarefa para pessoas inexperientes, José Narciso teve a preciosa ajuda do motorista, António Pires. Segundo ele, ao aperceber-se que a mãe estava a ter contracções de dois em dois minutos, mandou parar a ambulância, pois percebeu que não conseguiam chegar a tempo ao hospital. Depois de ter sido executado o parto e de ter cortado o cordão umbilical restou-lhe chamar o veículo médico de emergência e reabilitação (VMER) de Santarém para que o médico e o enfermeiro confirmassem se tudo tinha corrido bem. A boa notícia acabou por surgir de imediato. Tudo foi feito como previsto. José Narciso diz que “isto foi o concretizar das aprendizagens que tenho assimilado ao logo dos últimos anos”. O pai da criança, Alfredo Ferreira, só soube o que realmente tinha acontecido quando chegou ao hospital. Conta que a primeira frase que ouviu foi: “Parabéns, já tem um filho que nasceu em cima da ponte Salgueiro Maia”. Emocionado, Alfredo Ferreira disse a O MIRANTE que esperava que tudo lhe pudesse acontecer na vida, “agora ter um filho a nascer em cima da ponte é que nunca esperei”. Além disso, o nome da ponte tem também um grande significado para ele. “Não podemos esquecer que Salgueiro Maia foi um capitão de Abril”, referiu.Com vista para o Tejo, o pequeno Pedro Miguel nasceu antes do tempo. Tinha 36 semanas e pesava quase três quilos. Apesar de toda a situação, Maria Virgínia Faiante e o filho permaneceram no hospital apenas 48 horas. Logo que chegou a Salvaterra de Magos, a primeira coisa que fez foi dirigir-se ao quartel dos bombeiros para agradecer aos dois bombeiros, já considerados “uns heróis.”A situação marcou de tal forma Maria Faiante, que um dia gostava que o filho fosse bombeiro. Aliás, o filho mais velho já parece inclinado para essa actividade. Apesar de ainda muito novo, sempre que ouve a sirene de uma ambulância pede à mãe para ir espreitar à rua. “Os bombeiros são nossos amigos, e servir a causa humanitária é muito bom”, disse Maria Faiante.Embora não sejam muito vulgares acontecimentos desta natureza, existem muitos partos que são feitos dentro das ambulâncias. Desde que há memória, só os bombeiros de Salvaterra de Magos já executaram quatro. O último tinha sido há seis meses e foi feito por dois jovens bombeiros, há pouco tempo na corporação.José António Galricho, um ex-bombeiro de Salvaterra de Magos, primo do pequeno Pedro Miguel, diz que há 25 anos a sua filha também nasceu dentro de uma ambulância de Salvaterra. Na altura, como estava de serviço, foi ele próprio que ficou responsável pelo parto. “Foi o dia mais bonito da minha vida. Apesar de nessa altura as ambulâncias não estarem equipadas com o conhecido kit de partos, tudo correu bem”, referiu.

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