Sociedade | 12-02-2005 18:02

Associação quer tutores nas escolas que encaminhem pequenos génios

O presidente de uma associação que se dedica às crianças sobredotadas defendeu hoje a revisão dos currículos escolares e a existência de professores-tutores nas escolas dedicados àqueles alunos, para evitar a sua marginalização.

Falando à Agência Lusa em Albufeira, Algarve, no encerramento do congresso bianual da Associação Nacional para o Estado e Intervenção na Sobredotação (ANEIS), Leandro Almeida sustentou que aquelas medidas assinalariam um esforço do Estado para a integração das crianças com aquelas características, o que por enquanto não acontece.Sublinhando que o número de casos de sobredotados - em Portugal, como no estrangeiro - deve rondar os três a cinco por cento da população escolar (50 a 80 mil alunos numa população escolar de 1,6 milhões), preconizou uma melhor integração, "sem a necessidade de haver escolas ou turmas especiais"."Numa escola com 800 alunos precisaríamos de dois ou três professores-tutores para gerirem a carreira dessas crianças", calculou, apontando o caso da Madeira como um exemplo.Leandro Almeida defendeu uma maior flexibilidade dos currículos escolares, de forma a permitir que um aluno, mesmo sobredotado, mas "melhor a uma disciplina do que a outra, possa assistir às aulas com interesse e sem enfado".Defendeu a propósito uma permissão para uma maior tolerância relativamente à idade mínima permitida para determinado ano escolar, que em Portugal é de dois anos lectivos nos nove de escolaridade obrigatória."Poder-se-ia subir esse limite para três ou quatro anos", preconizou, recusando contudo a inexistência de limites de idade, como acontece nos EUA, pois "uma criança de treze anos não se pode sentir bem numa universidade, rodeada de adultos e não há enquadramento social para isso".A existência de acompanhamento especializado, psicológico e pedagógico, permitiria uma diminuição dos riscos de marginalização por parte dos colegas, disse, observando que muitas vezes esses alunos "fingem" ser menos bons do que são na realidade para não serem marginalizados no seu contexto social."Ser uma criança sobredotada, em Portugal, é ter falta de estímulo, porque os currículos e o ritmo da aprendizagem são dirigidos ao aluno médio, mas é também não ser bem aceite pelos colegas", enfatizou.Defendeu ainda a necessidade de os professores receberem formação específica para lidar com estas situações, criticando que em Portugal, mesmo os docentes ligados ao ensino especial, apenas tenham formação para trabalhar com crianças com dificuldades de aprendizagem.Habitualmente realizado de dois em dois anos, este congresso da ANEIS começou quinta-feira, com a presença de especialistas portugueses, brasileiros e espanhóis e um total de cerca de 250 participantes.A ANEIS é uma associação sem fins lucrativos dedicada ao estudo do fenómeno da sobredotação, que - entre outras actividades - presta serviços gratuitos de consultadoria a escolas e apoio a famílias, organizando também acções de formação.Criada em 1998, tem sede em Braga e delegações em Coimbra, Covilhã, Évora, Faro, Lisboa, Porto, Setúbal, Vale do Sousa e Tâmega.

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