Sociedade | 25-02-2005 10:46

Animal condena tourada em Coruche

A Associação Animal condenou quarta-feira o que classificou como "envolvimento vergonhoso" da Liga Portuguesa Contra o Cancro numa tourada de beneficência a realizar no sábado em Coruche, considerando "inadmissível" que aceite fundos a partir de "uma festa sangrenta".Em declarações à Agência Lusa, a presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Manuela Rilvas, explicou que a tourada "não é organizada pela Liga, mas sim para a Liga", e que não houve "qualquer interesse em ferir alguém".Apesar de reconhecer o "respeitável, importante, louvável e inegável" trabalho da Liga, a Associação Animal considera que "não é menos inegável que nada há de admissível em causar o sofrimento a animais para prevenir e combater o sofrimento das pessoas que sofrem com cancro".Segundo o director executivo da Animal, Miguel Moutinho, a própria American Cancer Society - equivalente norte-americano da Liga Portuguesa - tem directrizes "que desencorajam fortemente qualquer iniciativa de angariação de fundos com base em eventos onde haja crueldade contra animais"."Qualquer quantia (angariada no evento que reverte para a Liga Portuguesa Contra o Cancro) vai estar manchada com o sangue dos touros", acrescentou.A tourada de sábado em Coruche está inserida no projecto da Liga "Um Dia Pela Vida", com o objectivo de angariar fundos e de promover a educação para a prevenção.O projecto foi lançado no dia 16 de Outubro de 2004, em Coruche, o primeiro concelho a receber a iniciativa, e termina no próximo dia 5 de Março naquela vila, apesar de posteriormente seguir para outros concelhos do país.Segundo a coordenadora local do "Um Dia Pela Vida", Rita Teles Branco, inscreveram-se 61 equipas que, "cada uma à sua maneira", tinham de angariar fundos."Uma dessas equipas é a Associação de Forcados Amadores de Coruche, que decidiu obter fundos através da realização da tourada, o que foi aceite pela Liga, até por se tratar de um costume que envolve bastante a comunidade local", disse.A organização da tourada, segundo a coordenadora, é da exclusiva responsabilidade do grupo de forcados, que garantiu as licenças necessárias, a praça, os toureiros e os touros, sem a intervenção da Liga.Em declarações à Lusa, o responsável pela Animal acrescentou que a associação tentou por diversas vezes contactar telefonicamente a Liga, mas esses "contactos nunca foram recebidos ou devolvidos" pela direcção daquela instituição.Miguel Moutinho acrescentou ainda que durante o dia de quinta- feira, os cerca de 5.000 apoiantes da associação animal irão inundar a Liga com telefonemas, e-mail e faxes, para tentarem a anulação da tourada.No entanto, a presidente da Liga disse que já estão vendidos três/quartos dos bilhetes e que sendo a tourada "uma prática enraizada no espírito da comunidade" nunca lhe passou "pela cabeça" que a iniciativa pudesse provocar as reacções dos defensores dos animais.Questionada pela Lusa sobre se vai aceitar os donativos angariados na tourada de Coruche, a responsável da Liga Portuguesa Contra o Cancro respondeu que sim."Provavelmente para a próxima não aceito este tipo de donativos. Apenas pensei no espírito da terra", ressalvou no entanto Manuela Rilvas.

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