Sociedade | 17-03-2006 09:28

A voz do além

“Por favor, salvem-me”. A voz sai sussurrada mas é como um grito de desespero. A força de Filipa Mendes está a chegar ao limite e é por isso que pôs a vergonha de lado e decidiu lançar um último apelo, com o apoio da família.O tormento da jovem de 16 anos começou há sensivelmente um ano. Estava numa sala de aula quando, sem nada o fazer prever, entrou em pânico e ganhou uma força descomunal. “Havia mais de dez pessoas a tentar segurar-me, colegas, contínuos e professores e não conseguiram acalmar a minha violência”.Foi levada para o hospital de Tomar, cidade onde habita, fez um sem número de exames que nada acusaram. Acabou por ficar internada durante três dias. E foi na primeira noite que passou sozinha no quarto que se fez luz.“Acordei de repente às quatro da manhã, olhei para o lado e sentado no cadeirão estava algo que eu nunca tinha visto”. Pensou estar a viver um pesadelo. Fechou os olhos e voltou a abri-los, mas a coisa continuava lá, sentada.A partir desse momento Filipa nunca mais foi a mesma. Começou a sentir a presença do vulto mesmo antes de o ver. E a ouvi-lo. Não há nenhum padrão definido. O vulto, diz, “aparece quando quer e lhe apetece”. E quando isso acontece, Filipa transforma-se. Torna-se violenta, a face ganha espasmos, o corpo tem vida própria. E o pior é quando da sua boca sai uma voz totalmente desconhecida, grossa e masculina.Filipa sabe que há muita gente que não acredita no que diz ver. “As pessoas são cépticas por natureza”, afirma quem num ano ganhou uma maturidade de adulto. Não acreditam mas também não conseguem explicar o fenómeno que transforma a jovem e que a tem obrigado muitas vezes a ir parar às urgências do hospital, referem os avós e uma tia que sempre a têm acompanhado. A mãe, viúva e invisual, pouco pode fazer, além de lhe dar força anímica.Fez exames ao cérebro, consultou um psiquiatra. Que lhe diagnosticou um trauma de infância. Filipa não corrobora dessa tese. Afirma ter tido uma infância normal, feliz e que até ao ano passado era uma jovem equilibrada. “Não posso fazer as pessoas ver o que vejo e ouvir o que ouço. Só peço que acreditem em mim”, refere enquanto vai entrelaçando as mãos trementes.A jovem ganhou coragem para contar publicamente a sua situação e lançar um apelo nas páginas do jornal: “Por favor, salvem-me!”.Mais informações na edição semanal

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