Sociedade | 11-05-2006 09:59

Uma capela no quintal

Uma comerciante de Aveiras de Cima ergueu uma capela para pagar uma promessa, mas esqueceu-se de pedir licença e poderá ter que demolir o oratório.Quem circula na Estrada Nacional 366, entre Aveiras de Cima e Alcoentre, no concelho de Azambuja, não pode deixar de reparar na pequena capela que se ergue no quintal de uma moradia à beira da estrada.Por detrás de um portão de ferro, entre as verduras do jardim fronteiro, surge o oratório. Alguns vizinhos da vila de Aveiras de Cima confundem-no com um jazigo. A construção em pedra, com duas cruzes e um sino no topo, foi erguida há um ano e meio sem qualquer licença camarária.Na última quinta-feira a Câmara Municipal de Azambuja enviou técnicos ao local para avaliar a situação. O vereador com o pelouro dos cemitérios, José Manuel Pratas, confirma que não se trata de um jazigo, mas adianta que a construção não é passível de ser legalizada e poderá ter que ser demolida, de acordo com a informação dos serviços de urbanismo.A proprietária que mandou construir a pequena capela não se conforma. As lágrimas correm-lhe pela face enquanto abre o portão que dá acesso ao local de devoção. Dentro da pequena capela surge a imagem de uma santa segurando uma âncora.É Santa Filomena de Peniche, a quem a comerciante deve a cura de um problema grave de saúde que teve há seis anos. Prometeu erguer-lhe uma ermida em sua honra e quis cumprir a promessa.A mulher esteve um ano sem trabalhar no pequeno estabelecimento comercial que tem ao lado da casa. Foi a fé na santa que lhe deu forças para continuar a acreditar que era possível evitar a amputação de uma perna. “Se a promessa foi ouvida tinha que ser cumprida”, sentencia a mulher, que graças à sua fé voltou a andar e a trabalhar.A comerciante não consegue controlar as emoções. Os nervos estão à flor da pele. Não compreende porque é que a população se preocupa com os problemas do alheio. “Paguei a capela com o suor do meu trabalho e ninguém veio cá para me ajudar”, diz a comerciante revoltada, que admite que andava ocupada a cumprir a promessa e não se lembrou que seria necessário pedir licença à autarquia.A imagem de Cristo crucificado e de Santo Expedito preenchem o espaço do altar decorado com flores frescas que a mulher cuida diariamente com devoção. Todos os dias sobe a pequena escadaria em pedra que alcança do oratório. Todos os dias dá graças pela obra da santa. Só não compreende que um acto de fé seja motivo de tanta polémica. “Oxalá ninguém precise da Santa numa hora aflita”, sentencia.

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